Governo federal alemão eleva em 140 milhões de euros sua participação em projetos humanitários para fugitivos das crises de Iraque e Síria. Verba deve fluir principalmente para programas das Nações Unidas.
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O governo federal alemão aumentou sua ajuda para refugiados das crises no Iraque e na Síria em 140 milhões de euros. A verba se destina em especial a projetos da Organização das Nações Unidas.
Com este "pacote de inverno" a intenção é assegurar mais do que a "sobrevivência dos refugiados em curto prazo", explicou o ministro do Desenvolvimento da Alemanha, Gerd Müller, em entrevista publicada nesta quinta-feira (24/12) por jornais alemães. O dinheiro visa oferecer "uma perspectiva local" para os refugiados no Iraque, Líbano, Jordânia e Turquia.
Os recursos financiarão programas de ajuda humanitária e educacionais, assim como projetos de infraestrutura e de emprego nos países que estão acolhendo refugiados. Em sua maioria, são projetos da ONU. "O dramático subfinanciamento de programas vitais das Nações Unidas coloca as regiões em conflito sob crescente pressão", explicou Müller. "Sobretudo crianças e jovens não dispõem atualmente de serviços básicos."
Ênfase nas estruturas locais
De acordo com o ministro alemão, a maior parte da quantia, cerca de 45 milhões de euros, será destinada ao Iraque. Um terço desse montante irá para o desenvolvimento econômico das áreas recentemente libertadas do controle do grupo extremista "Estado Islâmico" (EI), em torno de Tikrit e Sinjar. As medidas podem resultar em empregos para até 10 mil pessoas.
Com 15 milhões de euros, a Ação Agrária Alemã (Welthungerhilfe) deve assumir o cuidado à saúde de crianças refugiadas e adequar as escolas em campos de refugiados para o inverno. Os 10 milhões de euros restantes se destinam ao Programa Alimentar Mundial, que fornecerá pacotes de alimentos para 800 mil refugiados.
No Líbano, Turquia e Jordânia, o financiamento deve promover projetos de ensino e educação. Segundo Gerd Müller, esses projetos serão gerenciados pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e organizações locais. Além disso, o Programa Alimentar Mundial receberá recursos para dar continuidade a sua ajuda alimentar no Líbano.
Enquanto isso, a Bundeswehr (Forças Armadas alemãs) comunicou que uma embarcação militar alemã resgatou 212 pessoas de dois botes infláveis no Mar Mediterrâneo. Durante missão de resgate e combate a contrabandistas, o navio militar avistou as embarcações a cerca de 50 quilômetros da costa da Líbia. Elas foram enquadradas como obstáculos náuticos e afundadas.
A Marinha alemã está envolvida com dois navios militares na missão europeia apelidada "Operação Sophia", em homenagem a um bebê somaliano que nasceu numa embarcação alemã durante a primeira fase da missão. Segundo dados próprios, a Bundeswehr resgatou mais de 9.750 pessoas desde maio deste ano.
PV/dpa/kna/afp
2015, o ano dos refugiados
Nunca tantas pessoas estiveram em fuga como em 2015. Muitos delas seguiram para a Europa, com o objetivo de chegar à Alemanha ou à Suécia. Confira uma restrospectiva fotográfica do "ano dos refugiados".
Foto: Reuters/O. Teofilovski
Chegada à União Europeia
Esses jovens sírios superaram uma etapa perigosa da sua viagem: eles conseguiram chegar à Grécia e, assim, à União Europeia. O objetivo final, porém, ainda não foi alcançado: eles querem continuar a jornada para o norte, em direção a outros países-membros do bloco. Em 2015, a maioria dos refugiados seguiu para a Alemanha e para a Suécia.
Foto: Reuters/Y. Behrakis
Perigosa travessia do Mediterrâneo
O caminho que eles deixam para trás é extremamente perigoso. Vários barcos com refugiados, nem sempre aptos à navegação, já viraram durante a travessia do Mar Mediterrâneo. Estas crianças sírias e seu pai tiveram sorte: eles foram resgatados por pescadores gregos na costa da ilha de Lesbos, na Grécia.
Foto: Reuters/Y. Behrakis
A imagem que comoveu o mundo
Aylan Kurdi, de 3 anos, não sobreviveu à fuga. No início de setembro, ele se afogou no Mar Egeu, juntamente com o irmão e a mãe, ao tentar chegar à ilha grega de Kos. A foto do menino sírio, morto na praia de Bodrum, espalhou-se rapidamente pela mídia e chocou pessoas de todo o mundo.
Foto: Reuters/Stringer
Onde as diferenças são visíveis
A ilha grega de Kos, a menos de 5 quilômetros de distância da Turquia continental, é o destino de muitos refugiados. As praias geralmente cheias de turistas servem de ponto de desembarque, como no caso deste grupo de refugiados paquistaneses que chegou à costa da Grécia com um bote de borracha.
Foto: Reuters/Y. Behrakis
Em meio ao caos
Porém, muitos refugiados não conseguem simplesmente seguir viagem quando chegam a Kos. Eles somente podem seguir para o continente após serem registrados. Durante o verão europeu, a situação se agravou quando as autoridades fizeram com que os refugiados esperassem pelo registro num estádio, sob o sol escaldante e sem água.
Foto: Reuters/Y. Behrakis
Um navio para refugiados
Por causa da condições precárias, tumultos eram frequentes na ilha de Kos. Para acalmar a situação, o governo grego fretou um navio, que permaneceu ancorado e foi transformado em alojamento temporário para até 2.500 pessoas e em centro de registro de migrantes.
Foto: Reuters/A. Konstantinidis
"Dilema europeu"
Mais ao norte, na fronteira da Grécia com a Macedônia, policiais não permitiam mais a passagem de pessoas, entre elas crianças aos prantos, separadas de seus pais. Esta foto tirada pelo fotógrafo Georgi Licovski no local, e que mostra o desespero de duas crianças, foi premiada pelo Unicef como a imagem do ano, já que mostra "o dilema e a responsabilidade da Europa".
Foto: picture-alliance/dpa/G. Licovski
Sem conexões para refugiados
No final do verão europeu, Budapeste se transformou em símbolo do fracasso das autoridades e da xenofobia. Milhares de refugiados estavam acampados nas proximidades de uma estação de trem da capital húngara, pois o governo do país os proibira de seguir viagem. Muitos decidiram seguir a pé em direção à Alemanha.
Foto: picture-alliance/dpa/B. Roessler
Fronteiras abertas
Uma decisão na noite de 5 de setembro abriu caminho para os refugiados: a chanceler federal alemã, Angela Merkel, e o chanceler austríaco, Werner Faymann, decidiram simplesmente liberar a continuação da viagem por parte dos migrantes. Como consequência, vários trens especiais e ônibus seguiram para Viena e Munique.
Foto: picture alliance/landov/A. Zavallis
Boas vindas em Munique
No primeiro final de semana de setembro, cerca de 20 mil refugiados chegaram a Munique. Na estação central de trem da capital da Baviera, inúmeros voluntários se reuniram para receber os refugiados com aplausos e lhes fornecer comida e roupas.
Foto: Getty Images/AFP/P. Stollarz
Selfie com a chanceler
Enquanto a chanceler federal Angela Merkel era aplaudida por refugiados e defensores de sua política de asilo, muitos alemães se voltavam contra a política migratória. "Se tivermos de pedir desculpas por mostrar uma face acolhedora em situações de emergência, então este não é mais o meu país", respondeu a chanceler. A frase "Nós vamos conseguir" se tornou o mantra de Merkel.
Foto: Reuters/F. Bensch
Histórias na bagagem
No final de setembro, a polícia federal alemã divulgou uma imagem comovente: o presente que uma menina refugiada deu a um policial da cidade alemã de Passau. O desenho mostra o horror que vários migrantes vivenciaram e o quão felizes eles estavam por, finalmente, estarem em um local seguro.
Foto: picture-alliance/dpa/Bundespolizei
O drama continua
Até o final de outubro, mais de 750 mil refugiados haviam chegado à Alemanha. Mas o fluxo não parava. Sobrecarregados, os países da chamada Rota dos Bálcãs decidiram fechar suas fronteiras. Apenas sírios, afegãos e iraquianos estavam autorizados a passar. Em protesto, migrantes de outros países chegaram a costurar seus lábios.
Foto: picture-alliance/dpa/G. Licovski
Sem fim à vista
"Ajude-nos, Alemanha" está escrito em cartazes de manifestantes na fronteira com a Macedônia. Na Europa, o inverno se aproxima, e milhares de pessoas, entre elas crianças, estão presas nas fronteiras. Enquanto isso, até mesmo a Suécia retomou o controle temporário de fronteiras. Em 2016, o fluxo de refugiados deverá continuar.