Medida bane sacolas disponibilizadas no caixa a partir de 2022 mas não inclui bolsas reutilizáveis e sacos das seções de frutas e verduras. Oposição critica proposta como inócua para proteção ambiental.
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O Parlamento alemão (Bundestag) aprovou nesta quinta-feira (26/11) a proibição de sacolas plásticas em lojas e supermercados a partir de 2022 da Alemanha.
Sacolas plásticas leves, do tipo que os clientes costumam pegar no caixa, devem ser banidas após um período de transição que foi estendido de seis para 12 meses a pedido da indústria.
Bolsas reutilizáveis particularmente estáveis e os sacos de plástico finos encontrados em setores de frutas e verduras estão excluídos da proibição.
"A sacola de plástico é o símbolo do desperdício de recursos", disse a ministra alemã do Meio Ambiente, Svenja Schulze, que apresentou a proposta. "Boas alternativas são cestas de compras, bolsas de pano laváveis para frutas e verduras e caixas reutilizáveis na bancada de carnes e frios."
"Gota no oceano"
Para a organização ambientalista WWF, porém, a proibição é apenas um gesto simbólico. As sacolas plásticas respondem por apenas 1% do consumo de plástico da Alemanha.
Para partidos da oposição, como A Esquerda e o Partido Verde, os planos não são suficientemente ambiciosos.
A porta-voz para política ambiental da bancada parlamentar verde, Bettina Hoffmann, disse que a medida é apenas uma gota no oceano. "Infelizmente, esta minilei não vai impedir a tendência de embalagens descartáveis", lamentou,
Já os populistas de direita Alternativa para a Alemanha (AfD) e os membros do Partido Liberal (FDP) classificam a medida como uma intervenção injustificada no mercado sem benefícios demonstráveis para o meio ambiente.
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Leis severas na África
A Alemanha até agora vinha rejeitando proibições. Uma diretiva da UE aprovada em 2015 obriga os Estados-membros a consumir apenas 40 sacolas plásticas por pessoa por ano até 2025. Em 2016, o governo alemão e a associação comercial alemã assinaram um acordo voluntário: muitos fornecedores dispensaram totalmente as sacolas plásticas, enquanto outros introduziram uma obrigação de pagamento. De acordo com a Sociedade para Pesquisa do Mercado de Embalagens, o consumo per capita no país caiu de 68 sacas por pessoa em 2015 para 24 sacas em 2018.
A África mostrou que medidas legais podem funcionar nesta área. Mais de 25 países africanos introduziram proibições nacionais. Em Ruanda, por exemplo, as sacolas plásticas foram completamente proibidas já em 2008. Quem for pego usando uma, pode ter que pagar multa. Os sacos de plástico pegos na alfândega são imediatamente confiscados. Empresários que usam sacolas plásticas ilegalmente também podem ser condenados a meses de prisão. A capital de Ruanda, Kigali, já é considerada a cidade mais limpa de todo o continente.
Atualmente, o Quênia tem a lei contra sacolas plásticas mais severas da África. Quem for pego vendendo sacolas plásticas pode ter que pagar multas de até 40 mil dólares (R$ 215 mil) e ser condenado a até quatro anos de prisão. Mesmo quem usar sacola plástica pode ser multado em até 35 mil dólares (R$ 188 mil).
MD/dpa/kna
Lixo plástico, um desafio para o planeta
Praias antes paradisíacas repletas de garrafas, animais engasgados com dejetos, pessoas recolhendo o material em aterros. Uso desenfreado do derivado do petróleo deixa rastro preocupante no meio ambiente.
Foto: Daniel Müller/Greenpeace
A era do plástico
Leve, durável, flexível e muito popular. O mundo produziu 8,3 bilhões de toneladas de plástico desde o início da produção em massa, nos anos 50. Como o material não é facilmente biodegradável, muito do que foi produzido acaba em aterros como este, nos arredores de Nairóbi. Catadores de lixo caçam plásticos recicláveis para ganhar a vida. Mas muito também acaba no oceano.
Foto: Reuters/T. Mukoya
Rios de lixo
Cerca de 90% do plástico entra nos habitats marinhos através de apenas dez rios: o Yangtzé, o Indo, o Amarelo, o Hai, o Nilo, o Ganges, o Pearl River, o Amur, o Níger e o Mekong. Esses rios atravessam áreas altamente povoadas, com falta de infraestrutura adequada para o descarte de resíduos. Aqui, um pescador nas Filipinas retira uma armadilha para peixes e caranguejos de águas poluídas.
Foto: picture-alliance/Pacific Press/G. B. Dantes
Começo de vida plastificado
Alguns animais encontram uma utilidade para resíduos de plástico. Este cisne fez seu ninho no lixo em um lago de Copenhague que é popular entre os turistas. Seus filhotes saíram dos ovos rodeados de dejetos, o que não é um bom início de vida. Mas para outros animais, as consequências são muito piores.
Foto: picture-alliance/Ritzau Scanpix
Consequências fatais
Embora o plástico seja altamente durável e possa ser usado para produtos com longa vida útil, como móveis e tubulações, cerca de 50% da produção são destinados a produtos descartáveis, incluindo talheres e anéis usados em pacotes de seis unidades de latas de bebidas, que acabam no meio ambiente. Animais correm o risco de se enredar neles e morrer, como ocorreu com este pinguim.
Foto: picture-alliance/Photoshot/Balance
Confundido com comida
Este filhote de albatroz foi encontrado morto em Sand Island, no Havaí, com vários pedaços de plástico no estômago. Um levantamento realizado em 34 espécies de aves no norte da Europa, Rússia, Islândia, Escandinávia e Groenlândia, apontou que 74% delas ingeriram plástico. Comer o material pode levar a danos nos órgãos e bloqueios no intestino.
Mesmo os animais maiores sofrem os efeitos do consumo de plástico. Esta baleia foi encontrada na Tailândia. Durante a tentativa de salvamento, o animal vomitou cinco sacos plásticos e morreu. Na autópsia, os veterinários encontraram 80 sacolas de compras e outros dejetos plásticos que entupiam o estômago da baleia, de modo que ela não conseguia mais digerir alimentos nutritivos.
Foto: Reuters
Dejetos invisíveis
Grandes pedaços de plástico na superfície do oceano, como é registrado aqui, na costa havaiana, chamam atenção. Mas poucos sabem que trilhões de minúsculas partículas com menos de 5 milímetros de diâmetro também flutuam nos mares. Essas partículas acabam na cadeia alimentar. O plâncton marinho, que é uma fonte importante de alimento para peixes e outros animais marinhos, já foi filmado comendo-as.
Foto: picture-alliance/AP Photo/NOAA Pacific Islands Fisheries Science Center
Fim à vista?
Medidas para tentar reduzir o plástico descartável já foram tomadas em alguns países africanos, como proibições de sacolas plásticas, e a União Europeia planeja proibir produtos plásticos descartáveis. Mas se as tendências atuais forem mantidas, cientistas acreditam que haverá 12 bilhões de toneladas de plástico no planeta até 2050.