Alemanha cogita tornar serviço militar novamente obrigatório
23 de agosto de 2016
Proposta faria parte de plano de Ministério do Interior para defesa civil. Obrigatoriedade de serviço militar foi suspensa no país há cinco anos, e sua retomada divide membro do governo.
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O Ministério do Interior alemão cogita tornar novamente obrigatório o serviço militar no país, que foi suspenso há cinco anos. A medida faz parte de um conjunto de propostas para a defesa civil, revelado pela agência de notícias alemã DPA nesta terça-feira (23/08).
Depois de 55 anos, o serviço militar obrigatório foi suspenso na Alemanha em julho de 2011. Na época, o governo alemão considerou que não havia razões de segurança ou militar para justificar a obrigatoriedade. No entanto, ele ainda faz parte da Constituição alemã e pode ser facilmente reintroduzido pelo governo.
Mas nem todos os ministérios são a favor da proposta. No final de junho, a própria ministra da Defesa, Ursula von der Leyen, afirmou que, apesar das tensões com a Rússia e o "Estado Islâmico" (EI), não havia motivo para restabelecer o serviço militar obrigatório.
O social-democrata Hans-Peter Bartels, comissário encarregado da relação entre Parlamento e Forças Armadas, descartou nesta terça-feira a medida. "Não há planos de reativar o serviço militar obrigatório. Isso não está na pauta", acrescentou.
Bartels ressaltou que, no novo conceito de defesa civil, essa opção só é possível caso as circunstâncias piorem drasticamente. "O serviço militar obrigatório só é concebível em uma situação de perigo grave e permanente, como na Guerra Fria", disse.
Com capítulos polêmicos, como o que insta os alemães a estocarem comida, o novo conceito de defesa civil teve trechos vazados para a imprensa e deve ser apresentado oficialmente nesta quarta-feira. As propostas incluem também aspectos da logística de infraestrutura. Caso o serviço militar se torne novamente obrigatório, mais acomodações serão necessárias. Para isso, o plano prevê a construção de alojamentos para abrigar os novos soldados.
CN/dpa/kna
Forças Armadas alemãs em luta contra a tecnologia
A Bundeswehr enfrenta quase diariamente problemas com equipamentos antiquados e defeituosos. Quando a técnica é o inimigo, tanques e navios se recusam a funcionar, aviões e helicópteros ficam em terra.
Foto: AFP/Getty Images
Defeitos de fabricação
O Eurofighter é o caça mais moderno da Bundeswehr. Devido a um defeito de fabricação, as horas de voo da aeronave de 16 metros de comprimento se reduziram das garantidas 3 mil para apenas 1.500 por ano. Ainda assim, o Ministério da Defesa afirma que a utilização do Eurofighter "prossegue assegurada".
Foto: picture-alliance/dpa
Modelos antiquados e ultrapassados
Os caças alemães Tornado estão há 40 anos em operação. Das 89 aeronaves que as Forças Armadas alemãs possuem, apenas 38 estão em funcionamento. A situação dos aviões de transporte Transall C-160 é semelhante: apenas 25 das 57 aeronaves desenvolvidas nos anos 1960 estão utilizáveis. A troca pelo seu sucessor, o Airbus A400M, foi adiada.
Foto: picture-alliance/dpa/Udo Zander
Helicópteros defeituosos
A frota de helicópteros da Bundeswehr também acusa lacunas dramáticas. Apenas dez dos 31 modernos modelos de combate Tiger estão operacionais, e dos 22 helicópteros Sea Lynx da Marinha, somente quatro ainda funcionam. Os veículos de transporte NH90 e CH53 apresentam números semelhantes.
Foto: picture-alliance/dpa/Carsten Rehder
Tanques estacionados
Dos 189 tanques de transporte do tipo Boxer, 70 estão disponíveis para treinamento ou operações. Em caso de emergência, a Bundeswehr só pode empregar cerca da metade de seus 406 veículos blindados Marder, que já somam muitos anos em serviço. Eles foram introduzidos em 1971.
Foto: Johannes Eisele/AFP/Getty Images
Panes no mar
Em dezembro de 2001, a Bundeswehr optou pela compra de cinco corvetas K130, programadas para entrarem em operação em 2007. Entretanto, falhas nas transmissões, no condicionamento de ar e no software dos navios de guerra ocasionaram longos atrasos. Mesmo após entrarem em serviço, apenas dois das embarcações estavam imediatamente operacionais.
Foto: picture-alliance/dpa
Consequências para a ministra?
Os diversos problemas técnicos são a primeira grande crise do mandato de Ursula von der Leyen, que assumiu o Ministério da Defesa em 2013. Porém a culpa pelos cortes nas verbas para aquisição de peças sobressalentes cabe a seus antecessores. Embora contando com o apoio da premiê Angela Merkel, a ministra fala de uma "fase de turbulência" no tocante às aeronaves e em "apertos" devido aos reparos.