Time de Hansi Flick perde para o Japão em jogo de estreia na Copa do Mundo de 2022. Comparações com a Rússia há quatro anos são inevitáveis.
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Primeiro a Fifa, depois o Japão. A Copa do Mundo de 2022 continua a se desdobrar de forma dramática para a Alemanha.
Dois dias depois que o órgão regulador do futebol ameaçou multar a seleção alemã e as de outras nações que usassem a braçadeira One Love, a Alemanha sofreu um revés esportivo ao perder um jogo que era em grande parte dado como ganho.
A situação ficou ainda pior depois que a Espanha, seu próximo adversário na fase de grupos, venceu a estreia por 7 a 0 contra a Costa Rica. Agora, a própria Copa do Mundo está em risco para a Alemanha.
Antes mesmo do pontapé inicial na partida contra o Japão, a Alemanha deu sua última cartada no imbróglio em andamento com a FIFA: para a foto de grupo, os jogadores alemães posaram com a mão sobre a boca, num claro sinal de protesto. Pouco depois, a federação alemã divulgou um comunicado dizendo: "Negar-nos a braçadeira é o mesmo que nos negar a voz".
Durante o jogo, o capitão Manuel Neuer optou por usar a braçadeira "Sem Discriminação", autorizada pela FIFA, mas debaixo da manga da camisa — brincando posteriormente que o motivo de ela estar lá era porque o fabricante não era bom.
Defesa desintegrada
Fora do campo, a Alemanha deixou a sua posição evidente — e o mesmo vale para sua performance em campo durante os primeiros 70 minutos de partida.
Confortável por mais de uma hora e à frente no placar graças ao pênalti cobrado com frieza por Ilkay Gündogan, a Alemanha precisava de apenas mais um gol para garantir os três pontos. Mas, apesar dos esforços de Serge Gnabry, Jamal Musiala, Jonas Hofmann e Gündogan, isso jamais aconteceu, expondo uma já conhecida falta de firmeza no ataque.
A incapacidade da Alemanha de usar Niclas Füllkrug, que saiu do banco de reservas nos últimos 10 minutos, foi um lembrete de quanto tempo se passou desde que a seleção alemã jogou com um camisa 9 adequado. A equipe de Hansi Flick pagou o preço pela leniência no ataque, com uma equipe japonesa eficaz expondo rapidamente suas fraquezas na defesa.
Em 17 partidas sob o comando de Flick, a Alemanha jogou com 12 composições defensivas diferentes. Em cada um dos últimos quatro jogos, o lateral-direito foi diferente. Deficiências na defesa são um problema há bastante tempo, mas a sensação é de que as escolhas e substituições de Flick não estão ajudando.
O zagueiro Nico Schlotterbeck, surpresa entre os titulares, deixou o caminho livre para Ritsu Doan marcar o gol de empate e também para Takuma Asano virar o jogo aos 83 minutos.
David Raum, um dos pilares da esquerda sob o comando de Flick, foi instável o tempo todo, e Niklas Süle jogou como um zagueiro fora de posição, abrindo as portas para o segundo gol do Japão ao jogar inexplicavelmente com Asano em vez de contra ele. Os três aguentaram mais do que aproveitaram a tarde em Al-Rayyan e, ao fazer isso, pareceram diluir os esforços do geralmente forte zagueiro Antonio Rüdiger.
"Aquele segundo gol — ninguém sofreu um gol mais fácil na Copa do Mundo", disse Gündogan à emissora ARD depois do jogo.
"Faltou a convicção de segurar a bola na defesa e se colocar à disposição… Quase ficou a impressão de que nem todos queriam a bola.”
"Não consigo entender por que não mantivemos a performance do primeiro tempo", acrescentou o goleiro Neuer. "Estes são princípios básicos que todos que jogam pela Alemanha neste nível devem ter e, como Illy [Ilkay], não consigo entender."
Leon Goretzka se mostrou particularmente abatido depois do jogo, enquanto Joshua Kimmich mal conseguia conter sua raiva. O volante do Bayern de Munique lamentou que a Alemanha tenha mantido o campo aberto. "Tínhamos que aniquilar o adversário.”
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Memórias dolorosas da Copa da Rússia
Agora, rumo ao segundo jogo sob imensa pressão e sabendo que uma derrota provavelmente a deixará fora da segunda Copa do Mundo consecutiva na fase de grupos, as comparações com a Copa de 2018 na Rússia são inevitáveis.
"Este é um cenário de horror para nós", admitiu o atacante Thomas Müller. "É semelhante a 2018."
Os problemas são semelhantes, mas o bom desempenho do primeiro tempo continua sendo motivo de otimismo. A Alemanha não foi tão obtusa ou exposta quanto contra o México em Moscou. Além disso, houve muitos sinais positivos de Gündogan e companhia, e particularmente de Musiala, no qual a Alemanha realmente tem um dos jogadores mais promissores do mundo.
Mas o resultado foi o mesmo e isso deixa a Alemanha em apuros. A Copa do Mundo no Catar continua sendo um desafio para a Alemanha em várias frentes.
As estrelas da Copa no Catar
A DW selecionou algumas das maiores estrelas que irão jogar na Copa do Mundo de Futebol de 2022 no Catar. O Mundial pode ser o último para vários dos maiores nomes do futebol, enquanto outros ainda têm muito a provar.
Foto: Owen Humphreys/empics/picture alliance
Lionel Messi (Argentina)
Lionel Messi declarou que esta será sua última Copa do Mundo. Aos 35 anos, o relógio está correndo, mas Messi mostrou que tem tanta fome de glória quanto quando tinha 20 anos. Ele levou a Argentina ao título da Copa América em 2021 e espera brilhar também no Catar. O troféu da Copa do Mundo seria um merecido presente de despedida.
Foto: Frank Augstein/AP/picture alliance
Cristiano Ronaldo (Portugal)
Em baixa no Manchester United, Cristiano Ronaldo, agora com 37 anos, continua sendo um homem-chave para sua seleção. No entanto, um troféu falta na estante de títulos da estrela do futebol português: a Copa do Mundo. Ele sabe que no Catar será sua última tentativa para coroar uma carreira que lhe trouxe quatro Bolas de Ouro e todos os troféus a nível de clubes.
Foto: Patricia de Melo Moreira/AFP
Neymar (Brasil)
Neymar, 30 anos, lidera uma das equipes mais em forma para esta Copa do Mundo. Em seu terceiro Mundial, é grande a pressão para ele finalmente conquistar o título, como muitas das maiores estrelas do Brasil fizeram no passado. Sua equipe está cheia de jogadores talentosos e a sua liderança e criatividade serão importantes no Catar.
Foto: Andre Penner/AP Photo/picture alliance
Kylian Mbappe (França)
Com 23 anos, Kylian Mbappé defende o título de sua seleção no Catar, após marcar quatro gols em sua estreia na Rússia em 2018. No entanto, suas aventuras na seleção não foram tão gratificantes desde aquela vitória em Moscou. Ele não conseguiu marcar um pênalti decisivo nas oitavas de final da Euro 2020, quando a França foi eliminada pela Suíça. Ele espera que no Catar seu desempenho seja melhor.
Foto: Justin Setterfield/REUTERS
Harry Kane (Inglaterra)
Um dos atacantes mais badalados do mundo, a presença de Harry Kane na seleção inglesa aumenta a expectativa do tão esperado título. A Inglaterra acabou em quarto lugar em 2018, por isso, chegar à final seria desta vez um progresso para a equipe que perdeu a final do Campeonato Europeu para a Itália nos pênaltis em Wembley em 2021. A seleção da Inglaterra aguarda pelo título há 56 longos anos.
Foto: Hannah Mckay/REUTERS
Sadio Mané (Senegal)
A estrela do Bayern de Munique vai ao Catar, apesar de ter contraído uma lesão no clube. O jogador de 30 anos teve um ótimo ano, levando seu país ao primeiro título africano e se classificando para a Copa, convertendo pênaltis decisivos ao longo do caminho. O Senegal, que disputa sua terceira Copa do Mundo, é um dos times a serem observados, e o sucesso pode depender da forma física de Mané.
Foto: Celso Bayo/ZUMA/picture alliance
Robert Lewandowski (Polônia)
Na última Copa, Lewandowski tentou arrastar a Polônia, mas sua equipe saiu cedo do torneio. Desta vez, mais velho e experiente, ele espera que o time supere a fase de grupos, onde enfrentarão Argentina, México e Arábia Saudita. É provável que esta seja a última Copa para o jogador de 34 anos, que foi muito bem sucedido em clubes, principalmente durante seu tempo no Bayern de Munique.
Foto: Adam Nurkiewicz/Getty Images
Son Heung-Min (Coreia do Sul)
Amplamente considerado o melhor jogador asiático na Copa do Catar, Son espera que a Coreia do Sul tenha sucesso em seu continente. A última vez em que o Mundial foi na Ásia, a Coreia do Sul chegou às semifinais em casa em 2002. Son, que dividiu a chuteira de ouro da Premier League na última temporada com 23 gols pelo Tottenham Hotspur, pode levar sua equipe a grandes feitos no Catar.
Foto: Lee Jin-man/AP Photo/picture alliance
Kevin de Bruyne (Bélgica)
O meio-campista do Manchester City lidera a geração de ouro da Bélgica. O time perdeu nas semifinais na Rússia em 2018 e espera uma melhor posição este ano. Aos 31 anos, De Bruyne é o maestro desta talentosa equipe que ainda não conseguiu deixar sua marca quando realmente importa. Esta pode ser a última oportunidade para consertar isso.
Foto: Stuart Franklin/Getty Images
Virgil van Dijk (Holanda)
Os holandeses retornam à Copa do Mundo após não terem se classificado para o Mundial na Rússia em 2018. O zagueiro de 31 anos é a maior estrela e capitão dos "laranjas", com a missão de comandar a equipe em direção ao grande êxito no Catar. Mesmo que a Holanda não se pareça mais com a equipe que chegou à final da Copa do Mundo de 2010, Van Dijk será a peça-chave do time na Copa do Catar.