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Alemanha convoca diplomata russo após ataque hacker

3 de maio de 2024

Partido social-democrata, do chanceler Olaf Scholz, teria sido alvo de ação patrocinada pelo serviço de inteligência militar do Kremlin. República Tcheca diz também ter sido alvo de ciberataques.

Uma mulher branca falando diante de um microfone em um púlpito
A ministra alemã do Exterior, Annalena Baerbock, prometeu que o governo responderia ao "comportamento agressivo da Rússia"Foto: Sina Schuldt/dpa/picture alliance

Após acusar nesta sexta-feira (03/05) o serviço de inteligência militar da Rússia, o GRU, de estar por trás de um ciberataque de 2023 que visou os sociais-democratas do SPD, partido do chanceler federal Olaf Scholz, a Alemanha anunciou a convocação do encarregado de negócios da embaixada russa para prestar explicações sobre o episódio.

"Convocamos o encarregado de negócios da embaixada da Rússia", declarou um porta-voz do Ministério do Exterior à imprensa, acrescentando que o governo alemão "usará todo o espectro de medidas para dissuadir e responder ao comportamento agressivo da Rússia no ciberespaço".

Em junho do ano passado, o SPD revelou que contas de e-mail de seus funcionários haviam sido alvo de cibercriminosos. Segundo a ministra alemã do Exterior, Annalena Baerbock, uma investigação recente do governo atribuiu "claramente" o ataque a um grupo "controlado pelo serviço de inteligência militar russo": o APT28, também conhecido como Fancy Bear, que estaria por trás de dezenas de outros ciberataques ao redor do mundo e teria visado também empresas alemãs do setor bélico e aeroespacial.

A República Tcheca disse que suas instituições também foram alvo do grupo. O Ministério das Relações Exteriores tcheco afirmou na sexta-feira crer que o grupo tenha se aproveitado de uma vulnerabilidade no programa de e-mails da Microsoft, o Outlook.

Segundo autoridades alemãs, o APT28 atua ao menos desde 2004 a nível global, principalmente na área de ciberespionagem. O grupo, "um dos mais ativos e perigosos do mundo", teria encabeçado no passado campanhas digitais de propaganda e desinformação. Também é responsabilizado por um ataque em 2015 ao Bundestag, a câmara baixa do Parlamento alemão, e ao partido democrata americano em 2016.

Como a Alemanha reagiu

A Alemanha, que integra a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e tem provido apoio militar à Ucrânia desde a invasão russa, tem observado um aumento de casos suspeitos de espionagem.

"Foi um ataque cibernético à Alemanha patrocinado pelo Estado russo", declarou Baerbock durante viagem à Austrália. "Isso é absolutamente intolerável e inaceitável. E terá consequências."

A ministra alemã, porém, não detalhou quais poderiam ser essas consequências.

Já a ministra do Interior da Alemanha, Nancy Faeser, prometeu que a Alemanha responderá ao ato junto com a União Europeia e a Otan. "Os ciberataques russos são uma ameaça à nossa democracia. Estamos combatendo essa ameaça resolutamente", disse em comunicado. "Sob nenhuma circunstância permitiremos ser intimidados pelo regime russo."

O comunicado do Ministério do Interior menciona ainda que havia algumas evidências de que o ciberataque russo também comprometeu os servidores de algumas empresas alemãs.

A embaixada russa nega que Moscou tenha desempenhado um papel no ataque de 2023 contra o SPD e afirma que seu encarregado rejeita categoricamente as acusações "infundadas e incipientes" contra o Estado russo.

Reações a nível internacional

A União Europeia condenou o que chamou de "campanha cibernética maliciosa" contra a Alemanha e a República Tcheca. O bloco alertou que usará um "amplo espectro" de ferramentas em sua resposta a Moscou.

A Otan manifestou em um comunicado solidariedade aos dois países. Gesto semelhante partiu do governo australiano. Já os Estados Unidos pediram a Moscou que "pare com essa atividade maliciosa e cumpra seus compromissos e obrigações internacionais".

ra/md (AFP, Reuters, ots)