Alemanha critica política de refugiados da União Europeia
18 de agosto de 2015
Ministro alemão Gerd Müller afirma que Comissão Europeia precisa acionar "modo de emergência" e exige um comissário europeu para refugiados.
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O ministro da Cooperação Econômica e Desenvolvimento da Alemanha, Gerd Müller, criticou nesta terça-feira (18/08) a política de refugiados da União Europeia (UE) com palavras excepcionalmente duras. "Se fosse um desastre natural, a UE já teria reagido há muito tempo", disse Müller ao jornal alemão Passauer Neue Presse.
Para o ministro, a Comissão Europeia deveria "deixar imediatamente o modo férias e acionar o modo de emergência". Ele também acusou Bruxelas de enfrentar a crise de refugiados com medidas totalmente insuficientes.
"Nós precisamos urgentemente de um comissário europeu para refugiados", disse Müller. Além disso, o ministro alemão pleiteou um programa de ajuda emergencial para os países vizinhos da Síria. Ao menos 10 bilhões de euros deveriam ser disponibilizados dos fundos econômicos da UE.
Para interromper o crescente contrabando de migrantes, Müller sugeriu a criação de uma missão liderada pelas Nações Unidas e União Africana (UA). "Os líderes africano devem ser lembrados de suas obrigações de deter o êxodo de seus países", afirmou o ministro.
Também nesta terça-feira, o jornal alemão Handelsblatt, citando fontes do governo, afirmou que a Alemanha espera que entre 650 e 750 mil pessoas solicitem asilo no país em 2015. A atual previsão do Departamento Federal para Migração e Refugiados é de que o país receba até 450 mil pedidos de asilo em 2015.
PV/dpa/afp/rtr/ots/ap
De onde vêm os refugiados africanos?
Em 2015 mais de 200 mil pessoas entraram ilegalmente na Europa cruzando o mar Mediterrâneo. Listamos os principais países de origem dos refugiados africanos e os motivos pelos quais eles eles deixam seus lares.
Foto: AFP/Getty Images/C. Lomodong
1° Eritreia
Segundo a ONU, pelo menos 357 mil pessoas – 5% da população – fugiram da Eritreia em 2014. O país, considerado a "Coreia do Norte da África", enfrenta péssimas condições econômicas e humanitárias como pobreza, tortura e prisões arbitrárias. A maioria dos refugiados são jovens que querem fugir do Exército. O serviço militar oficial dura 18 meses, mas na prática é prorrogado indefinidamente.
Foto: Reuters/B. Ratner
2° Somália
A Somália é considerada um "estado falido", sem um governo central há 20 anos. Segundo o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), 14% da população – mais de um milhão de pessoas – vive no exílio. Dentro do país a população vive aterrorizada pelo grupo extremista islâmico Al Shabaab. Cerca de 7mil refugiados cruzaram o Mediterrâneo só no primeiro semestre de 2015.
Foto: Getty Images/AFP/M. Abdiwahab
3° Nigéria
Os ataques do grupo terrorista Boko Haram contra a população do norte da Nigéria têm provocado uma catástrofe humanitária. Além disso, segundo a Anistia Internacional, a situação na Líbia também obriga os nigerianos que haviam encontrado emprego e proteção no país a fugir mais uma vez. Cerca de 8 mil nigerianos chegaram à Itália no primeiro semestre de 2015.
Foto: Reuters/A. Sotunde
4° Gâmbia
Com apenas 1,8 milhão de habitantes, Gâmbia é um dos menores países da África. Ainda assim, 4 mil pessoas pediram asilo na Europa só no primeiro semestre de 2015. A situação se assemelha à da Eritreia: há mais de 20 anos o governo impõe um regime de opressão. Mais da metade dos gambianos vive abaixo da linha de pobreza, e cerca de 60% da população é analfabeta.
Foto: STR/AFP/Getty Images
5° Sudão
O governo Sudão está em uma longa guerra contra grupos rebeldes. Só na província de Darfur mais de 300 mil pessoas já morreram. Os ataques contra a população civil e as perseguições às minorias étnicas obrigam os sudaneses a fugir. O país também acolhe refugiados de outras regiões: cerca de 167 mil pessoas da Eritrea, Etiópia, Chade e Congo se unem aos milhões de deslocados internos do Sudão.