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Alemanha debate elevar imposto da carne para proteger clima

8 de agosto de 2019

Para desestimular consumo da proteína animal, verdes e social-democratas propõem elevar tributação de 7% para 19%. Setor pecuário é um dos grandes emissores de gases que causam aquecimento global.

Bife de porco
Em 2019, 29,4 milhões de porcos, vacas, ovelhas, cabras e cavalos foram abatidos na AlemanhaFoto: picture-alliance/dpa/F. Gabbert

Políticos alemães do Partido Social Democrata (SPD) e do Partido Verde propuseram nesta quarta-feira (07/08) aumentar o imposto sobre a carne para proteger o clima e melhorar o bem-estar dos animais confinados.

A proposta prevê que o Imposto sobre o Valor Agregado (IVA) da carne passe dos atuais 7%, taxa reduzida cobrada na maioria dos alimentos no país, para 19%. A carne mais cara poderia, em teoria, reduzir o consumo deste produto, uma vez que alguns deixariam de comprar a proteína animal para economizar.

"Eu sou a favor do fim da redução do IVA para a carne para gerar um maior bem-estar animal", afirmou Friedrich Ostendorf, porta-voz da política agrícola dos verdes. A proposta foi pleiteada por outros integrantes da legenda.

Alguns membros do partido argumentaram que, segundo pesquisas, o setor pecuário é responsável por cerca de 14,5% das emissões globais de gases de efeito estufa. Ao produzirem metano e outros gases, os animais impulsionam as mudanças climáticas. O volume dessas emissões é comparável aos gerados por carros, aviões, navios e outros transportes.

Na primeira metade de 2019, os abatedouros na Alemanha mataram 29,4 milhões de porcos, vacas, ovelhas, cabras e cavalos, afirmou o Escritório Federal de Estatísticas.

Os legisladores propuseram ainda usar os fundos adicionais arrecadados com o aumento do imposto para melhorar o bem-estar dos animais confinado no país, em um momento em que a indústria da carne está sob crescente crítica pela forma como trata os animais.

O porta-voz para a Agricultura da União Democrata Cristã (CDU), Albert Stegemann, disse estar aberto aos planos. "Tal imposto pode ser uma proposta construtiva. Porém, as receitas fiscais adicionais devem ser usadas para ajudar os criadores de gado a se reestruturar", afirmou Stegemann, membro do partido da chanceler federal, Angela Merkel.

Já a ministra da Agricultura, Julia Klöckner, afirmou que as propostas mostraram a importância de apoiar os pecuaristas em meio ao declínio do consumo de carne, mas que não era necessário aumentar o IVA sobre a carne para isso. Ela sublinhou que os agricultores não devem sofrer as consequências dos esforços do governo.

Apesar do apoio de políticos do Partido Verde, o líder da legenda, Robert Habeck, não respaldou a medida por considerá-la pouco ambiciosa. Habeck sugeriu uma reforma completa do sistema de IVA para lidar com as preocupações ambientais.

O consumo de carne passou por um crescente escrutínio durante a última década, com as dietas sem carne, como o vegetarianismo e o veganismo, ganhando força em todo o mundo.

Cientistas afirmam que a indústria da carne é uma das maiores emissoras de CO2, um dos principais causadores do aquecimento global. Muitos pedem medidas ousadas voltadas a diminuir o consumo da proteína animal para combater as mudanças climáticas.

Partidos de oposição, incluindo as legendas A Esquerda e o populista de direita Alternativa para a Alemanha (AfD), rejeitaram a proposta.

FC/dpa/epd/rtr

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