Alemanha declara Espanha como área de risco de covid-19
9 de julho de 2021
Aumento acentuado de infecções nos últimos dias e preocupação com a variante delta ameaçam temporada turística no país. França também adverte cidadãos a não viajarem aos países da Península Ibérica.
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A Alemanha declarou todo o território da Espanha como área de risco de infecção pelo coronavírus, informou nesta sexta-feira (09/07) o Ministério alemão do Exterior.
A decisão foi tomada após as infecções em solo espanhol mais do que dobrarem no período de uma semana, enquanto a variante delta do coronavírus, mais contagiosa, se espalha com rapidez entre os adultos não vacinados.
A medida, que inclui destinos turísticos populares como Palma de Mallorca, nas ilhas Baleares, e as ilhas Canárias, será válida a partir deste domingo.
Na prática, isso significa que os viajantes que chegarem à Alemanha vindos da Espanha terão de apresentar testes de covid-19 com resultados negativos para evitar uma quarentena de dez dias. Os testes devem ser apresentados antes do embarque nos voos rumo à Alemanha.
Entretanto, um novo aumento nos índices de infecção na Espanha poderá levar à obrigatoriedade da quarentena para pacientes não vacinados, o que gera incertezas no setor de turismo pouco antes do pico das férias de verão no hemisfério norte, quando os alemães viajam em grande número para destinos ensolarados à beira do mar.
Autoridades das ilhas Canárias e da região mediterrânea de Valência pediram ao governo federal o restabelecimento de toques de recolher para conter o aumento acentuado de infecções entre jovens não vacinados, o que ameaça arruinar a estação turística na região. Mas a ministra da Saúde da Espanha, Carolina Darias, disse que essas medidas estão fora de questão.
Desde a remoção do estado de emergência no país em maio, as autoridades regionais assumiram a responsabilidade sobre o combate à doença, mas necessitam de autorização da Justiça para impor medidas como lockdown, proibição de viagens ou toques de recolher.
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Equilíbrio precário entre abertura e controle da doença
A Espanha, país altamente dependente do turismo, tenta manter um equilíbrio entre abrir sua economia de modo a atrair turistas e ter as infecções sob controle, para não afugentar potenciais viajantes.
A ministra espanhola do Turismo, Reyes Maroto, disse nesta sexta-feira que o país é um destino seguro. Ela citou os avanços no programa de vacinação e o controle do número de pacientes hospitalizados.
Sua fala veio em resposta à decisão alemã de colocar a Espanha na lista de países de risco e após a fala do ministro francês de Assuntos Europeus, Clément Beaune, que pediu aos franceses que evitem viagens para a Espanha e Portugal nas férias de verão.
O Ministério alemão do Exterior incluiu ainda o Chipre na relação de países de alta incidência de covid-19, o que significa que viajantes dessas regiões devem ser submetidos a quarentena após chegar em solo alemão. A quarentena pode ser reduzida se os viajantes apresentarem um resultado negativo para a covid-19 cinco dias após a data de entrada no país.
rc/ek (Reuters, AP)
As variantes do novo coronavírus
Para evitar a estigmatização e a discriminação dos países onde as variantes do Sars-Cov-2 foram detectadas pela primeira vez, a OMS padronizou seus nomes conforme letras do alfabeto grego.
Foto: Sascha Steinach/ZB/picture alliance
Várias denominações para uma cepa
A Organização Mundial da Saúde (OMS) definiu que as novas variantes do coronavírus passam a ser chamadas por letras do alfabeto grego e não devem mais ser identificadas pelo local onde foram detectadas pela primeira vez. Cientistas criticavam ainda que estavam sendo usados vários nomes para a cepa descoberta na África do Sul, como B.1.351, 501Y.V2 e 20H/501Y.V2.
Foto: Christian Ohde/CHROMORANGE/picture alliance
Nomes científicos continuam válidos
A OMS pediu que os países e a imprensa passem a adotar a nova nomenclatura das variantes e evitem associar novas cepas aos locais de origem. A organização acrescentou, porém, que as novas denominações não substituem os nomes científicos, que devem continuar sendo usados em trabalhos acadêmicos.
Foto: Reuters/D. Balibouse
Variante alfa
A variante B.1.1.7 foi detectada em setembro de 2020 no Reino Unido e se espalhou pelo mundo. Segundo um estudo publicado em março na "Nature", há evidências de que a variante alfa seja 61% mais mortal do que o vírus original. Entre homens com mais de 85 anos, o risco de morte aumenta de 17% para 25%. Para mulheres da mesma faixa etária, de 13% para 19%, nos 28 dias posteriores à infecção.
Foto: Christian Ohde/imago images
Variante beta
Pesquisadores identificaram a variante B.1.351 em dezembro de 2020 na África do Sul. A cepa atinge pacientes mais jovens e é associada a casos mais graves da doença. Os cientistas sequenciaram centenas de amostras de todo o país desde o início da pandemia e observaram uma mudança no panorama epidemiológico, "principalmente com pacientes mais jovens, que desenvolvem formas graves da doença".
Foto: Christian Ohde/imago images
Variante gama
A variante P.1 foi detectada pela primeira vez em 10 de janeiro de 2021 pelo Japão em passageiros vindos de Manaus. Originária do Amazonas, ela se espalhou pelo Brasil e outros países vizinhos. A cepa possui 17 mutações, três das quais estão na proteína spike. São provavelmente essas últimas que fazem com que o vírus possa penetrar mais facilmente nas células para então se multiplicar.
Foto: Christian Ohde/imago images
Variante delta
A variante B.1.617, detectada em outubro de 2020 na Índia, causa sintomas diferentes dos provocados por outras cepas, é significativamente mais contagiosa e aparentemente aumenta o risco de hospitalização, segundo sugeriram estudos. "O vírus se adapta de forma inteligente. Muitos doentes recebem resultados negativos nos testes, mas desenvolvem sintomas graves", explicou um médico de Nova Déli.
Foto: Christian Ohde/imago images
Variante ômicron
A nova variante B.1.1.529, batizada de ômicron pela Organização Mundial da Saúde, foi descoberta em 11 de novembro de 2021 em Botsuana, que faz fronteira com a África do Sul, onde a cepa também foi encontrada. A ômicron contém 32 mutações na chamada proteína "spike" (S), número considerado extremamente alto. Cientistas avaliam que essa variante se dissemina mais rapidamente do que as anteriores.
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A busca pela padronização
O novo padrão foi escolhido após "uma ampla consulta e revisão de muitos sistemas de nomenclatura", afirma a OMS. O processo durou meses e entre as sugestões de padronização estavam nomes de deuses gregos, de religiões, de plantas ou simplesmente VOC1, VOC2, e assim por diante.
Foto: Ohde/Bildagentur-online/picture alliance
Nomes e apelidos polêmicos
Desde o início da pandemia, os nomes utilizados para descrever o Sars-Cov-2 têm provocado polêmica. O ex-presidente americano Donald Trump costumava chamar o novo coronavírus de "vírus da China", como forma de tentar culpar o país asiático pela pandemia. O vírus foi detectado pela primeira vez na cidade chinesa de Wuhan.
Foto: picture-alliance/AA/A. Hosbas
Novas cepas podem ser mais perigosas
Mutações em vírus são comuns, mas a maioria delas não afeta a capacidade de transmissão ou de causar manifestações graves de doenças. No entanto, algumas mutações, como as presentes nas variantes do coronavírus originárias do Reino Unido, da África do Sul e do Brasil, podem torná-lo mais contagioso.
Foto: DesignIt/Zoonar/picture alliance
Associação ao local de origem
Historicamente, vírus novos costumam ganhar nomes associados ao local de descoberta, como o ebola, que leva o nome de um rio congolês. No entanto, esse padrão pode ser impreciso, como é o caso da gripe espanhola de 1918. As origens desse vírus são desconhecidas, mas acredita-se que os primeiros casos tenham surgido no estado do Kansas, nos Estados Unidos.
Foto: picture-alliance/National Museum of Health and Medicine