Alemanha define cronograma para abandonar energia a carvão
16 de janeiro de 2020
Últimas usinas deverão ser fechadas em 2038. Estados carboníferos e empresas operadoras das centrais elétricas a carvão serão indenizados em bilhões de euros, o que é criticado pela oposição alemã.
Pelo acordo, a Alemanha fechará suas últimas usinas em 2038, como já havia sido anunciado há um ano, e o governo destinará, nos próximos 15 anos, 4,35 bilhões de euros para a indenização das operadoras das centrais elétricas.
A primeira usina deverá ser fechada já este ano, seguida de mais três em 2021 e mais quatro em 2022. O cronograma prevê o fechamento de 30 usinas a carvão no país.
Além disso, os quatro estados carboníferos – Renânia do Norte-Vestfália, Saxônia-Anhalt, Saxônia e Brandemburgo – receberão uma ajuda financeira de 40 bilhões de euros até 2038 como compensação pelo fim da exploração carbonífera.
A oposição criticou as indenizações às empresas, consideradas excessivas, e afirmou que consumidores e contribuintes pagarão a conta do abandono do carvão para que acionistas não sejam prejudicados. "Dinheiro de impostos não existe para agradar empresas", afirmou o líder da bancada do A Esquerda, Dietmar Bartsch.
O acordo prevê também o fim das licenças de exploração na floresta milenar de Hambach (Oeste), ameaçada pelo avanço de uma mina de linhito e que se converteu num símbolo da luta dos ambientalistas contra o carvão na Alemanha.
Em 2026 e 2029 será feito um balanço parcial do fechamento das usinas movidas a carvão, com o objetivo de avaliar se será possível adiantar a data final de 2038 para 2035.
O acordo foi acertado numa reunião de seis horas entre a chanceler federal, Angela Merkel, os ministros das Finanças, da Economia e do Meio Ambiente e os governadores dos quatro estados afetados.
O cronograma acertado será agora submetido às operadoras das centrais elétricas e depois vai virar projeto de lei, ainda este mês.
O acordo não muda os planos de instalar uma nova usina elétrica a carvão de hulha, Datteln 4, na Renânia do Norte-Vestfália, em funcionamento ainda em 2020. Ambientalistas haviam criticado que a usina comece a operar justamente quando o país debate o fim da energia a carvão e em meio à crise climática mundial.
O abandono do carvão, uma fonte de energia barata, mas altamente poluente, ficou mais complicado na Alemanha depois da decisão de abandonar a energia nuclear, anunciada em 2011 e prevista para ocorrer até 2022.
O carvão foi um elemento fundamental para o desenvolvimento industrial alemão e ajudou o país a se tornar a maior economia da União Europeia. A Alemanha ainda gera um terço de sua eletricidade em centrais elétricas que usam a hulha e o linhito.
A ministra do Meio Ambiente, Svenja Schulz, destacou que a Alemanha é a primeira nação a abandonar a energia nuclear e o carvão, o que ela chamou de um "importante sinal" para os demais países.
Três quartos dos gases estufa são produzidos pela combustão de carvão, petróleo e gás natural; o resto, pela agricultura e desmatamento. Como se podem evitar gases poluentes? Veja dez dicas que qualquer um pode seguir.
Foto: picture-alliance/dpa
Usar menos carvão, petróleo e gás
A maioria dos gases estufa provém das usinas de energia, indústria e transportes. O aquecimento de edifícios é responsável por 6% das emissões globais de gases poluentes. Quem utiliza a energia de forma eficiente e economiza carvão, petróleo e gás também protege o clima.
Foto: picture-alliance/dpa
Produzir a própria energia limpa
Hoje, energia não só vem de usinas termelétricas a carvão, óleo combustível e gás natural. Há alternativas, que atualmente são até mesmo mais econômicas. É possível produzir a própria energia e, muitas vezes, mais do que se consome. Os telhados oferecem bastante espaço para painéis solares, uma tecnologia que já está estabelecida.
Foto: Mobisol
Apoiar boas ideias
Cada vez mais municípios, empresas e cooperativas investem em fontes energéticas renováveis e vendem energia limpa. Este parque solar está situado em Saerbeck, município alemão de 7,2 mil habitantes que produz mais energia do que consome. Na foto, a visita de uma delegação americana à cidade.
Foto: Gemeinde Saerbeck/Ulrich Gunka
Não apoiar empresas poluentes
Um número cada vez maior de cidadãos, companhias de seguro, universidades e cidades evita aplicar seu dinheiro em companhias de combustíveis fósseis. Na Alemanha, Münster é a primeira cidade a aderir ao chamado movimento de desinvestimento. Em nível mundial, essa iniciativa abrange dezenas de cidades. Esse movimento global é dinâmico – todos podem participar.
Foto: 350.org/Linda Choritz
Andar de bicicleta, ônibus e trem
Bicicletas, ônibus e trem economizam bastante CO2. Em comparação com o carro, um ônibus é cinco vezes mais ecológico, e um trem elétrico, até 15 vezes mais. Em Amsterdã, a maior parte da população usa a bicicleta. Por meio de largas ciclovias, a prefeitura da cidade garante o bom funcionamento desse sistema.
Foto: DW/G. Rueter
Melhor não voar
Viajar de avião é extremamente prejudicial ao clima. Os fatos demonstram o dilema: para atender às metas climáticas, cada habitante do planeta deveria produzir, em média, no máximo 5,9 toneladas de CO2 anualmente. No entanto, uma viagem de ida e volta entre Berlim e Nova York ocasiona, por passageiro, já 6,5 toneladas de CO2.
Foto: Getty Images/AFP/P. Huguen
Comer menos carne
Para o clima, também a agricultura é um problema. No plantio do arroz ou nos estômagos de bois, vacas, cabras e ovelhas é produzido o gás metano, que é muito prejudicial ao clima. A criação de gado e o aumento mundial de consumo de carne são críticos também devido à crescente demanda de soja para ração animal. Esse cultivo ocasiona o desmatamento de florestas tropicais.
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Comprar alimentos orgânicos
O óxido nitroso é particularmente prejudicial ao clima. Sua contribuição para o efeito estufa global gira em torno de 6%. Ele é produzido em usinas de energia e motores, mas principalmente também através do uso de fertilizantes artificiais no agronegócio. Esse tipo de fertilizante é proibido na agricultura ecológica e, por isso, emite-se menos óxido nitroso, o que ajuda a proteger o clima.
Foto: imago/R. Lueger
Sustentabilidade na construção e no consumo
Na produção de aço e cimento emite-se muito CO2, em contrapartida, ele é retirado da atmosfera no processo de crescimento das plantas. A escolha consciente de materiais de construção ajuda o clima. O mesmo vale para o consumo em geral. Para uma massagem, não se precisa de combustível fóssil, mas para copos plásticos, que todo dia acabam no lixo, necessita-se uma grande quantidade dele.
Foto: Oliver Ristau
Assumir responsabilidades
Como evitar gases estufa, para que, em todo mundo, as crianças e os filhos que elas virão a ter possam viver bem sem uma catástrofe do clima? Esses estudantes estão fascinados com a energia mais limpa e veem uma chance para o seu futuro. Todos podem ajudar para que isso possa acontecer.