Vinte e seis homens, incluindo sete com antecedentes criminais, chega a Cabul, mas um deles é levado de volta para a Alemanha por problemas de saúde.
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Um avião com 26 afegãos deportados da Alemanha aterrissou nesta terça-feira (24/01) em Cabul. Essa foi a segunda deportação de um grupo de requerentes de refúgio pelas autoridades alemãs.
A saída do aeroporto internacional de Frankfurt ocorreu de forma tranquila. Todos os deportados são homens e sete deles tinham passagem pela polícia. Segundo as autoridades afegãs, um dos deportados chegou doente a Cabul. O governo alemão comunicou que ele será levado de volta para a Alemanha.
Os deportados foram acompanhados por 79 policiais, um tradutor, médicos e três representantes de uma comissão contra a tortura.
Ao contrário dos requerentes de refúgio que retornam aos seus países por decisão própria, os afegãos deportados não receberam os 700 euros de ajuda de custo oferecidos pelo governo alemão.
Antes da decolagem, cerca de 250 pessoas participaram de uma manifestação no aeroporto. O ato foi convocado pelas organizações não governamentais Afghan Refugees Movement e Pro Asyl.
"Protestamos contra expulsões para um país como o Afeganistão", afirmou Sarmina Stuman, da Afghan Refugees Movement. O secretário-geral da Pro Asyl, Günter Burkhardt, chamou de "roleta-russa" a situação à qual os deportados são expostos.
O ministro do Interior da Alemanha, Thomas de Maizière, havia anunciado depois da primeira deportação (um grupo de 34 afegãos em meados de dezembro), que outras ações semelhantes iriam ocorrer regularmente em coordenação com os governos estaduais.
Em entrevista à emissora pública WDR, nesta segunda-feira, o ministro defendeu a expulsão dos afegãos que tiveram o direito de permanência negado e qualificou a medida de correta e responsável.
Por outro lado, ele reconheceu a importância do relatório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur), segundo o qual a segurança no Afeganistão voltou a piorar de maneira considerável desde abril de 2016 e que afirma que não é possível distinguir as zonas seguras das inseguras porque a situação está em transformação.
Mesmo assim, ressaltou que o governo alemão é quem deve se responsabilizar pessoalmente pelas considerações em matéria de política externa e acrescentou que, nesse sentido, a percepção do governo é de que as expulsões são responsáveis.
PV/efe/dpa
Dez refugiados famosos
Músicos, atores, políticos, cientistas dos quatro cantos do mundo: em comum, o destino de refugiado. Todos deixaram seus países natais, por um período breve ou o resto da vida, para se salvar da guerra e perseguição.
Foto: akg-images/picture alliance
Touro Sentado (1831-1890)
O chefe sioux Tatanka Iyotake, "Touro Sentado", um dos mais célebres nativos dos Estados Unidos, viveu quatro anos como refugiado. Em 1877, cerca de um ano após a batalha de Little Bighorn, liderada pelo general Custer, ele fugiu com seus guerreiros para o Canadá. Após voltar aos EUA, o líder indígena foi preso e colocado numa reserva. Ele morreu baleado durante uma nova tentativa de prisão.
Foto: Imago/StockTrek Images
Albert Einstein (1879-1955)
Autor da teoria da relatividade e Nobel da Física, o judeu alemão Albert Einstein visitava os EUA quando Adolf Hitler assumiu o poder, em 1933. Manter-se longe da Alemanha sob regime nazista não foi decisão fácil. Einstein dizia se considerar um "privilegiado pela sorte", por poder viver em Princeton, mas também "quase envergonhado de viver em tamanha paz, enquanto todo o resto luta e sofre".
Foto: Imago/United Archives International
Béla Bartók (1881-1945)
Apesar de não ser judeu, o compositor, pianista e musicólogo Béla Bartók se opunha à ascensão do nazismo e à perseguição antissemita, e em 1940 emigrou para os EUA. "Minha principal ideia, que me domina inteiramente, é a irmandade dos homens, acima e além de todos os conflitos", disse certa vez. No entanto, sua carreira musical gorou no exílio, e ele acabou por morrer pobre e esquecido.
Foto: Getty Images
Marlene Dietrich (1901-1992)
A atriz e cantora alemã Marlene Dietrich já era uma estrela nos Estados Unidos quando adquiriu a nacionalidade americana, em 1939, voltando definitivamente as costas para a Alemanha nazista. Refugiada célebre, ela se manifestava contra Hitler e cantou para os soldados americanos durante a Segunda Guerra. Embora com seus filmes banidos na terra natal, ela dizia: "Eu nasci alemã e sempre serei."
Foto: picture-alliance/dpa
George Weidenfeld (1919-2016)
Nascido em Viena, o editor judeu George Weidenfeld emigrou após a anexação da Áustria pelos nazistas. Em Londres, ele cofundou uma casa editora e se tornou barão. Além de se engajar pela causa israelense, estabeleceu um fundo para ajudar os cristãos que fogem do "Estado Islâmico". "Não posso salvar o mundo [...] mas tenho uma dívida a saldar", disse certa vez.
Foto: picture-alliance/dpa/N.Bachmann
Henry Kissinger (*1923)
Natural da Baviera, Henry Kissinger teve papel central na configuração da política externa dos EUA. Contudo, antes de se tornar autoridade em relações internacionais e professor em Harvard, o 56º secretário de Estado americano tivera que fugir da perseguição nazista em 1938. Já nonagenário, ele revelaria que a Alemanha "nunca deixou de ser parte" de sua vida.
Foto: picture-alliance/AP Photo/M. Schiefelbein
Miriam Makeba (1932-2008)
A cantora sul-africana Miriam Makeba era opositora ferrenha do regime do apartheid. Em 1960, durante turnê nos EUA, o governo de seu país lhe cancelou o passaporte. Três anos mais tarde ela foi proibida de entrar na África do Sul, a qual ela só reveria após décadas de exílio nos EUA e Guiné. "Mama Africa" morreu durante um show na Itália, em apoio à luta do autor Roberto Saviano contra a máfia.
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Milos Forman (1932-2018)
Apesar de já ser um cineasta respeitado, Milos Forman voltou as costas à Tchecoslováquia em 1968, após a Primavera de Praga, indo estabelecer-se nos Estados Unidos. Em sua produção do outro lado da Cortina de Ferro dois Oscars de melhor filme se destacam: o drama psiquiátrico "Um estranho no ninho" (1975) e "Amadeus" (1984), sobre Mozart.
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Madeleine Albright (1937-2022)
A primeira secretária de Estado americana, Madeleine Albright, nasceu na atual República Tcheca. Sua família fugiu para os EUA em 1948, quando os comunistas assumiram o poder. A partir de seu envolvimento intenso na política e depois de ser embaixadora americana na ONU, ela assumiu a chefia da diplomacia de 1997 a 2001, durante o segundo mandato de Bill Clinton.
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Isabel Allende (*1942)
O presidente Salvador Allende se suicidou após o golpe de Estado no Chile em 1973. A filha de um primo dele, Isabel, que o chamava de "tio", fugiu para a Venezuela após receber ameaças de morte. Mais tarde emigrou para os EUA e se estabeleceu como autora. Entre seus romances, que contam entre os clássicos do realismo mágico, destacam-se "A casa dos espíritos" e "Eva Luna".