Desligamento ocorre nesta sexta-feira e faz parte do plano do governo alemão de eliminar a energia nuclear do país até 2022. Greenpeace celebrou o fato projetando frase em uma das usinas.
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A Alemanha vai desativar na noite desta sexta-feira (31/12) mais três usinas nucleares, como parte do plano para eliminar a energia nuclear no país até 2022.
As usinas de Brokdorf, no estado de Schleswig-Holstein, e Grohnde, na Baixa Saxônia, devem parar de funcionar perto da meia-noite. A de Gundremmingen, na Baviera, deve encerrar a operação às 22h.
No entanto, a demolição legalmente prevista levará muitos anos para ser concluída.
Para celebrar o feito, na noite de quinta-feira, a organização não governamental Greenpeace projetou a frase "Por uma Europa sem energia nuclear" na torre de resfriamento da usina de Grohnde.
"A eletricidade vinda do vento e do sol já é significativamente mais barata do que a nuclear, e é mais segura. Para que a expansão das energias renováveis progrida com rapidez suficiente, a Comissão [da União Europeia] não deve classificar as energias perigosas e sujas, como a nuclear e o gás, como sustentáveis", enfatizou o Greenpeace.
"Satisfação e Alegria"
Na cúpula do reator da usina Brokdorf, foi projetado "Fim! Finalmente!".
"Estamos aliviados que o pior cenário de um colapso central como o de Chernobyl e Fukushima não ocorreu aqui", declarou a Organização Antinuclear, responsável pelo ato.
Por mais de três décadas, centenas de milhares de pessoas se manifestaram contra a construção e operação da usina de Brokdorf.
"Isso nos enche de satisfação e alegria. O esforço valeu a pena", anunciou a organização.
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Fase final da eliminação do nuclear
Em 2022, apenas três usinas nucleares seguirão em funcionamento na Alemanha: uma na Baviera, uma em Baden-Württemberg e uma na Baixa Saxônia. No fim do próximo ano, elas também serão desligadas. No entanto, duas usinas que produzem combustível e outros elementos para exportação continuarão operando.
Em 2011, o governo alemão anunciou a eliminação progressiva da energia nuclear no país, após o devastador acidente com o reator em Fukushima, no Japão.
Recentemente, no entanto, o número de pessoas favoráveis à energia nuclear voltou a crescer porque, ao contrário da produção de eletricidade a partir do carvão, por exemplo, ela produz muito menos dióxido de carbono, prejudicial ao clima.
As três usinas nucleares desativadas estavam entre as seis ainda em operação na Alemanha. Juntas, elas responderam por cerca de 12% da produção de energia elétrica no país em 2021, segundo dados preliminares do governo. Energias renováveis responderam por cerca de 41% da produção, com o carvão gerando pouco menos de 28%, e o gás natural, 15%.
A Alemanha tem como objetivo fazer com que fontes renováveis respondam por 80% da demanda energética até 2030, através da expansão da infraestrutura eólica e solar.
O novo governo, que pretende intensificar os esforços para proteção climática, apoiou o abandono gradual da energia nuclear no acordo de coalizão.
Outros países
Enquanto a Alemanha está eliminando todas as suas usinas nucleares, outros países como França, Reino Unido, Estados Unidos, Índia, Rússia e China continuam dependendo desse tipo de energia.
Globalmente, cerca de 440 reatores nucleares ainda estão em operação, fornecendo cerca de 10% da energia mundial. Cerca de 50 reatores nucleares estavam em construção este ano, 18 deles na China. Mais 300 usinas nucleares estão atualmente em fase de planejamento.
As emissões da energia nuclear são significativamente mais baixas do que as do carvão, petróleo e gás natural. Ainda assim, em comparação com a energia eólica e solar, os custos da tecnologia são muito mais altos e a construção de usinas nucleares leva muito mais tempo.
le (DPA, AP, Reuters, ots)
Os últimos habitantes de Chernobyl
Os arredores da cidade ucraniana continuam inabitáveis 32 anos depois do acidente nuclear. Mas algumas pessoas já voltaram para suas casas. O cotidiano delas foi fotografado por Alina Rudya.
Foto: DW/A. Rudya
O otimismo de Baba Gania
Baba (mulher, senhora) Gania (e) tem 86 anos. Há dez, ela é viúva e, há 25, cuida da irmã Sonya, portadora de deficiência mental. "Não tenho medo da radiação. Cozinho os cogumelos até sair tudo", explica. A fotógrafa ucraniana Alina Rudya a visitou várias vezes: "É a pessoa mais calorosa e gentil que eu conheço", diz.
Foto: DW/A. Rudya
Casas vazias, indício de fuga apressada
Gania e a irmã vivem em Kupuvate, um vilarejo na área restrita que foi delimitada num raio de 30 km ao redor das ruínas da usina nuclear de Chernobyl. Depois da explosão do reator, em abril de 1986, 350 mil pessoas precisaram deixar a região. A maioria das casas em Kupuvate ficou vazia. Gania usa essa casa nas proximidades para guardar o seu caixão e o da irmã.
Foto: DW/A. Rudya
A volta dos mortos
"Na verdade, o cemitério de Kupuvate se parece com qualquer outro cemitério dos vilarejos da Ucrânia", conta Alina Rudya. "Muitas pessoas hoje enterradas aqui tiveram de abandonar a região depois da catástrofe e passaram a vida fora da área de radiação nuclear. Eles só voltaram depois de morrer", relata.
Foto: DW/A. Rudya
O último desejo de Baba Marusia
Os poucos que ficaram cuidam dos restos mortais dos familiares – como Baba Marusia, que veio até o túmulo da mãe. A filha vive em Kiev com o marido e duas crianças. "Fico feliz de ter ficado aqui", diz Baba Marusia. "Aqui é minha casa. Quero ser enterrada aqui." E acrescenta: "Mas do lado da minha mãe, não do meu marido."
Foto: DW/A. Rudya
Samosely: voltando para ficar
"Samosely" é como são chamados os habitantes que voltaram e vivem ilegalmente dentro da área de exclusão de Chernobyl. Galyna Ivanivna é um deles. "Minha vida passou como um raio. Tenho 82 anos e parece que nunca vivi. Quando era mais jovem, sonhava em viajar pelo mundo inteiro. Mas eu nunca consegui ir além de Kiev", recorda.
Foto: DW/A. Rudya
Vivendo no próprio mundo
Ivan Ivanovich e sua mulher também fazem parte das poucas centenas de habitantes que mudaram de volta para a área contaminada por radiação nuclear nos anos 1980. Entre os turistas que visitam a região, Ivan se tornou uma espécie de celebridade. "Ele conhece inúmeras histórias que oscilam entre verdade e imaginação", explica Alina Rudya.
Foto: DW/A. Rudya
Testemunhas mudas do passado
Uma semana antes do aniversário de 32 anos da catástrofe de Chernobyl, no dia 26 de abril, Alina Rudya foi à vila de Opachichi. Segundo ela, apenas uma mulher idosa ainda vive aqui – os outros habitantes já morreram. Suas casas vazias ficam abertas como testemunho mudo, mas eloquente, do ocorrido, através de fotos, calendários, cartas, toalhas bordadas e móveis.
Foto: DW/A. Rudya
Despedida a prestação
Marusia observa o marido, Ivan, dormindo. Ele teve um AVC recentemente e sofre de demência. "Às vezes, ele acorda à noite e sai procurando o seu trator. Trabalhou com o veículo por 42 anos." Ela diz que o desejo de morrer está vindo lentamente para ela. "Não quero ser um fardo para meus filhos e netos", afirma.
Foto: DW/A. Rudya
Prevenidos para a morte
Antes de ficar doente, Ivan, marido de Marusia, ainda construiu dois caixões para estar preparado para a própria morte e a morte da mulher. Os caixões ficam num galpão, diretamente ao lado da bicicleta velha. "O de baixo é meu, e o de cima é o do meu marido", explica Marusia.
Foto: DW/A. Rudya
Os últimos "samosely"
Apenas poucos samosely ainda vivem na zona de exclusão. Alina Rudya, que também nasceu perto de Chernobyl, os visitou várias vezes e fez retratos de alguns para um projeto fotográfico de longo prazo que ela quer publicar em livro. "Visitar os vilarejos abandonados está ficando cada vez mais triste. Toda vez que eu venho, alguém morreu, porque quase todos têm mais de 70 anos", explica.