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Alemanha detém centenas em atos irregulares de negacionistas

18 de abril de 2021

Pessoas contrárias às medidas de combate à covid-19 desafiam veto da Justiça e protestam em cidades do país. Em Stuttgart, polícia registrou mil violações do uso obrigatório de máscaras, e 700 foram levados à delegacia.

Pessoas reunidas em manifestação em Stuttgart
Manifestação em Stuttgart havia sido proibida pela Justiça, mas vários ignoraram o vetoFoto: Silas Stein/dpa/picture alliance

Apesar de tribunais alemães terem proibido manifestações de negacionistas da pandemia nas cidades de Dresden e Stuttgart, várias pessoas desafiaram o veto e saíram às ruas neste fim de semana nessas e em outras regiões, resultando em centenas de detenções.

Em Stuttgart, no sudoeste da Alemanha, pelo menos 700 pessoas foram detidas, fichadas e depois liberadas, segundo autoridades policiais locais. A polícia da cidade disse ainda ter registrado mais de 1.000 violações do uso obrigatório de máscaras para evitar a propagação do coronavírus. Dois policiais ficaram feridos devido à resistência dos manifestantes, informou um comunicado da corporação.

Os protestos foram organizados pelo movimento Querdenken ("pensamento lateral"), que se opõe às atuais medidas restritivas contra o coronavírus na Alemanha. Em dezembro passado, Berlim colocou uma parcela do movimento sob vigilância, depois que o grupo foi considerado como "infiltrado por extremistas".

"É enlouquecedor e constrangedor que, durante tempos como este, em que deveríamos estar exercendo preocupação mútua e cuidado uns com os outros, centenas de policiais sejam necessários para manter os padrões básicos de distanciamento social e comportamento", afirmou Thomas Strobl, secretário do Interior do estado de Baden-Württemberg, do qual Stuttgart é capital.

Embora Stuttgart tenha registrado o maior número de ocorrências, a polícia também foi chamada em cidades como Berlim, Dresden, Kempten, Mainz, Parchim e Wiesbaden.

Em Dresden, 2.000 policiais foram deslocados no sábado (16/04) para garantir que duas manifestações de negacionistas não fossem realizadas, conforme decisão proferida por um tribunal do estado da Saxônia. Além do protesto do movimento Querdenken, também foi banido um ato de partidários do partido de extrema direita Alternativa para a Alemanha (AfD).

Apesar da proibição, centenas se reuniram no fim do dia para protestar contra as medidas antipandemia, que os manifestantes dizem violar as liberdades individuais.

Duas pessoas foram detidas em Dresden, localizada no leste do país, e investigações foram abertas sobre as ações de vários outros presentes. Também houve relatos de que uma pessoa de 57 anos bateu em um jornalista com uma mochila durante o ato. As autoridades consideram lançar uma acusação de agressão contra o manifestante.

No sábado, o Tribunal Superior Administrativo da Saxônia justificou o veto à manifestação em Dresden com o perigo gerado pela aglomeração tanto para participantes como para transeuntes, especialmente por causa da taxa de infecção local acima da média e da disseminação de variantes de vírus mais infecciosas.

Além disso, o tribunal disse que limitar o número de participantes não seria uma medida eficaz e que os organizadores não teriam como garantir distanciamento social e outras medidas de segurança.

Berlim e outras cidades

Em Berlim, a polícia prendeu no sábado 69 pessoas por violações das regras antipandemia durante uma manifestação de cerca de 500 pessoas contrárias ao lockdown. Segundo a polícia, outros manifestantes tentaram libertar os detidos, e os oficiais tiveram que usar força física em meio ao tumulto.

Além disso, um homem em uma cadeira de rodas se recusou a usar máscara ou se distanciar da multidão, e os policiais acabaram carregando-o para longe junto à cadeira de rodas.

Quase 900 agentes da polícia foram deslocados para a manifestação na capital alemã, e 24 ações judiciais preliminares foram abertas contra pessoas que violaram as regras.

Em Mainz, no oeste, a polícia dispersou pessoas que participavam de uma marcha contra as medidas sanitárias de contenção à covid-19. As autoridades disseram que registraram 108 incidentes nos quais tomaram informações pessoais das pessoas, enquanto 55 inquéritos foram lançados.

Já na cidade de Parchim, no norte da Alemanha, três pessoas foram presas após serem acusadas de jogar garrafas em policiais durante um protesto.

A Alemanha enfrenta uma terceira onda de coronavírus e está registrando um número maior de infecções diárias do que nos meses anteriores.

Neste domingo, as autoridades de saúde registraram 19.185 novas infecções e 67 mortes, enquanto a taxa de novos casos por 100 mil habitantes no período de sete dias aumentou para 162,3 – muito acima dos 100 que o governo federal busca implantar como limite para a adoção de medidas de restrição mais duras, incluindo um toque de recolher noturno.

ek (DPA, EPD, DW)