Carles Puigdemont, principal nome do movimento independentista da Catalunha, é detido na fronteira com a Dinamarca pela polícia alemã, quando tentava atravessar o país de carro até a Bélgica.
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A polícia alemã deteve na manhã deste domingo (25/03) o ex-chefe de governo da Catalunha Carles Puigdemont, foragido da Justiça espanhola, quando ele tentava atravessar de carro a fronteira a partir da Dinamarca.
O líder do movimento separatista catalão foi detido pela polícia numa autoestrada no estado de Schleswig-Holstein. Ele havia partido da Finlândia e tentava atravessar a Alemanha por terra até a fronteira com a Bélgica.
O motivo da prisão é uma ordem europeia emitida pela Justiça espanhola contra Puigdemont. Ele é processado em seu país pelos crimes de rebelião e malversação de fundos públicos em relação ao processo de independência iniciado na Catalunha em 2017.
Segundo a agência de notícias alemã DPA, Puigdemont foi levado para uma penitenciária em Neumünster. Autoridades analisam quanto tempo o catalão pode permanecer detido.
O vice-procurador-geral de Schleswig-Holstein, Ralph Döpper, afirmou que um tribunal alemão deve decidir somente na segunda-feira se Puigdemont permanecerá sob custódia da polícia enquanto aguarda o resultado do processo de extradição. Antes disso, ele será ouvido em audiência. Se retornar à Espanha, ele pode enfrentar até 25 anos de prisão.
Segundo o jornal alemão Kieler Nachrichten, o político catalão estaria considerando a possibilidade de solicitar asilo político na Alemanha. Segundo um porta-voz do governo de Schleswig-Holstein, as chances de Puigdemont ter o pedido reconhecido são mínimas.
Puigdemont deixou a Espanha para um autoexílio na Bélgica no ano passado, pouco depois de o Parlamento catalão fazer uma declaração simbólica de independência da Espanha.
Desde a última quinta-feira, estava na Finlândia, onde se encontraria com parlamentares. Mas, diante da possível prisão pelas autoridades finlandesas, que agiam com um mandado internacional emitido pela Espanha, ele decidiu voltar à Bélgica.
Na sexta, o juiz espanhol Pablo Llarena, da Suprema Corte, determinou que 25 políticos separatistas, incluindo Puigdemont, enfrentariam julgamentos por rebelião, malversação de fundos e sedição.
Autoridades espanholas, ouvidas em condição de anonimato, afirmaram que a agência de inteligência da Espanha cooperou com a polícia alemã para a detenção de Puigdemont.
Após a detenção, o partido alemão A Esquerda exigiu a libertação imediata do político catalão, alegando que o delito rebelião, pelo qual ele é acusado na Espanha, não é previsto no Direito europeu.
"A Espanha é o único Estado da União Europeia que possui esse crime pré-democrático. Esse processo penal é motivado politicamente", afirmou o porta-voz da bancada da legenda no Parlamento alemão, Andrej Hunko.
O líder da bancada do Partido Liberal Democrático (FDP), Alexander Graf Lambsdorff, cobrou uma posição do governo alemão. "Juridicamente a detenção de Puigdemont não é contestável, mas politicamente ela gera muitos problemas", afirmou ao jornal alemão Augsburger Allgemeinen.
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Breve história da Catalunha
Desejo de independência da Espanha é acalentado pelos catalães há muito tempo. Ao longo dos séculos, região experimentou vários graus de autonomia e repressão.
Foto: picture-alliance/dpa/AP/F. Seco
Antiguidade rica
A Catalunha foi habitada por fenícios, etruscos e gregos, que estiveram nas áreas costeiras de Rosas e Ampúrias (acima). Depois vieram os romanos, que construíram mais assentamentos e infraestrutura. A Catalunha foi uma parte do Império Romano até ser conquistada pelos visigodos, no século 5.
Foto: Caos30
Condados e independência
A Catalunha foi conquistada pelos árabes no ano 711. O rei franco Carlos Magno interrompeu o avanço deles em Tours, no rio Loire, e em 759 o norte da Catalunha se tornou novamente cristão. Em 1137, os condados que compunham a Catalunha iniciaram uma aliança com a Coroa de Aragão.
Foto: picture-alliance/Prisma Archiv
Guerra e perda de território
No século 13, as instituições de autoadministração catalã foram criadas sob o nome Generalitat de Catalunya. Depois da unificação da Coroa de Aragão com a de Castela, em 1476, Aragão pôde manter suas instituições autônomas. No entanto, a revolta catalã – de 1640 a 1659 – fez com que partes da Catalunha fossem cedidas à atual França.
Foto: picture-alliance/Prisma Archivo
Lembrando a derrota
No final da Guerra da Sucessão, Barcelona foi tomada, em 11 de setembro de 1714, pelo rei espanhol Felipe 5°, as instâncias catalãs foram dissolvidas e a autoadministração chegou ao fim. Todos os anos, em 11 de setembro, os catalães fazem uma grande comemoração para lembrar o fim do seu direito à autonomia.
Foto: Getty Images/AFP/L. Gene
República passageira
Após a abdicação do rei Amadeo 1°, da Espanha, a primeira república espanhola foi declarada em fevereiro de 1873. Ela durou apenas um ano. Os partidários da república estavam divididos, com um grupo apoiando uma república centralizada e outros, um sistema federal. A foto mostra Francisco Pi y Maragall, um partidário do federalismo e um dos cinco presidentes da república de curta duração.
Foto: picture-alliance/Prisma Archivo
Tentativa fracassada
A Catalunha tentou estabelecer um novo Estado dentro da república espanhola, mas isso apenas exacerbou as diferenças entre os republicanos e os enfraqueceu. Em 1874, a monarquia e a Casa de Bourbon, liderada pelo rei Afonso 12 (foto), retomaram o poder.
Foto: picture-alliance/Quagga Illustrations
Direitos de autonomia
Entre 1923 e 1930, o general Primo de Rivera liderou uma ditadura – com o apoio da monarquia, do Exército e da Igreja. A Catalunha se tornou um centro de oposição e resistência. Após o fim do regime, o político Francesc Macia (foto) conseguiu impor direitos importantes de autonomia para a Catalunha.
Fim da liberdade
Na Segunda República Espanhola, os legisladores catalães trabalharam no Estatuto de Autonomia da Catalunha, aprovado pelo Parlamento espanhol em 1932. Francesc Macia foi eleito presidente da Generalitat de Catalunha pelo Parlamento catalão. No entanto, a vitória de Franco no fim da Guerra Civil Espanhola (1936 a 1939) acabou com tudo isso.
Foto: picture-alliance/AP Photo
Opressão
O ditador Francisco Franco governou com mão de ferro. Partidos políticos foram proibidos, e a língua e a cultura catalãs, reprimidas.
Foto: picture alliance/AP Photo
Novo estatuto de autonomia
Após as primeiras eleições parlamentares que se seguiram ao fim da ditadura de Franco, a Generalitat da Catalunha foi provisoriamente restaurada. Sob a Constituição democrática espanhola de 1978, a Catalunha recebeu um novo estatuto de autonomia, apenas um ano depois.
O novo estatuto de autonomia reconheceu a autonomia da Catalunha e a importância da língua catalã. Em comparação com o estatuto de 1932, ele apresentou avanços nos campos da cultura e educação, mas restrições no âmbito da Justiça. A foto é de Jordi Pujol, que foi por longo tempo chefe de governo da Catalunha depois da ditadura.
Foto: Jose Gayarre
Anseio por independência
O desejo por independência da Espanha se tornou mais forte nos últimos anos. Em 2006, a Catalunha recebeu um novo estatuto, que ampliou ainda mais os poderes do governo catalão. No entanto, eles são perdidos após uma queixa levada pelo conservador Partido Popular ao Tribunal Constitucional espanhol.
Foto: Reuters/A.Gea
Primeiro referendo
Um referendo sobre a independência estava previsto para 9 de novembro de 2014. A primeira questão era "você quer que a Catalunha se torne um Estado?" No caso de uma resposta afirmativa, a segunda pergunta era "você quer que esse Estado seja independente?" No entanto, o Tribunal Constitucional suspendeu a votação.
Foto: Reuters/G. Nacarino
Luta de titãs
Desde janeiro de 2016, Carles Puigdemont é o presidente do governo catalão. Ele deu continuidade ao curso separatista de seu antecessor, Artur Mas, e convocou um novo referendo para 1° de outubro de 2017. O primeiro-ministro espanhol, Mariano Rajoy, disse que a consulta é inconstitucional.