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Economia sob cautela

14 de outubro de 2010

As perspectivas são boas, mas otimismo demasiado pode ser perigoso. Institutos econômicos preveem continuidade da conjuntura na Alemanha, mas não garantem por quanto tempo.

Comércio exterior deixou de ser motor da economia alemãFoto: AP

A economia alemã continua se recuperando. Há muito, o comércio exterior já não representa mais a locomotiva de crescimento; pela primeira vez, o que passou a definir o ritmo da conjuntura foi a demanda interna. Isso foi o que constataram os principais institutos de pesquisa econômica da Alemanha em seu parecer regularmente divulgado no último trimestre do ano.

Os economistas elevaram nitidamente seus prognósticos. Para 2010, espera-se um crescimento de 3,5% do Produto Interno Bruto (PIB); a previsão para 2011 é de 2%.

Kai Carstensen, do instituto Ifo, avalia que os próximos anos serão bons, mas adverte – a partir da perspectiva de hoje – que a conjuntura dificilmente se sustentará a longo prazo, considerando-se os riscos de instabilidade da economia mundial.

Representantes dos principais institutos econômicos alemães apresentaram suas projeçõesFoto: picture alliance/dpa

A partir dessa previsão de crescimento, os institutos econômicos deduzem que o número de desempregados na Alemanha deverá cair de 3,2 milhões este ano para 2,9 milhões em 2011. Se isso vier a acontecer, seria a primeira vez desde 1992 que o número de desempregados cairia para menos de 3 milhões. Com isso, a taxa de desemprego de 7,7% prevista para este ano diminuiria para 7% no próximo.

Em 2010, o déficit orçamentário do Estado deverá somar 3,8% do PIB, enquanto a previsão para o próximo ano deverá cair para 2,7%.

Ameaça ao crescimento

Apesar do otimismo em relação à conjuntura, os institutos também advertem sobre notáveis riscos para o crescimento da economia. O perigo de que os EUA voltem a entrar em recessão, por exemplo, não seria de se subestimar, alertam.

Na China, os mercados imobiliários cresceram acima da medida, de modo que uma drástica correção possivelmente esteja por vir. Além disso, as dívidas e a crise de credibilidade de alguns países da zona do euro ainda estão longe de estarem superadas.

É por isso que os institutos econômicos aconselham o governo alemão a manter seu empenho de consolidação da economia. Por um lado, não se pode prever se as medidas já acertadas pelo governo chegarão a ser realmente implementadas. E, mesmo que sejam, ainda resta um rombo de 8 bilhões de euros nas finanças públicas, criticam os economistas.

A médio prazo, também seria necessário manter a política de estabilização econômica, advertem os institutos de economia. Em seu parecer, eles apontam sobretudo os encargos orçamentários que automaticamente crescerão por causa do envelhecimento da população e do aumento do número de aposentados.

Europa deve se manter atenta

Além disso, os institutos advertem que o endividamento subiu drasticamente em decorrência da crise econômica. Segundo a previsão, essa tendência deverá se acentuar no futuro. O limite de 60% do PIB imposto pela União Europeia já foi ultrapassado há muito. Hoje, a cota é de 75%, uma marca que poderá prejudicar o crescimento da economia alemã.

Quanto à política econômica europeia, os institutos alemães criticaram a forma como a UE lida com as crises financeiras da Grécia e de outros países-membros. Segundo Carstensen, seria importante criar a possibilidade jurídica a um Estado de abrir insolvência.

A chanceler federal alemã, Angela Merkel, considerou satisfatórios os prognósticos dos principais institutos econômicos da Alemanha. Ela destacou as boas perspectivas para o mercado de trabalho como um fator fundamental. Importante também seria, segundo ela, a recomendação de prosseguir a política de estabilização na União Europeia.

Para Merkel, isso reforça a necessidade de "defender medidas abrangentes no sentido de reformar os tratados na Europa, a fim de que o pacto de estabilidade e de crescimento econômico possa ser implementado".

SL/dapd/dpa
Revisão: Roselaine Wandscheer

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