Alemanha deve receber 1,5 milhão de refugiados em 2015
5 de outubro de 2015
Citando prognóstico confidencial de autoridades, jornal "Bild" afirma que número de migrantes deve superar expectativa inicial de 800 mil até o fim do ano. Merkel diz que país está apto a lidar com fluxo migratório.
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Em torno de 1,5 milhão de refugiados deverá chegar à Alemanha em 2015, afirmou o jornal alemão Bild nesta segunda-feira (05/10), com base num "prognóstico interno" confidencial de autoridades. O número supera as expectativas iniciais do governo alemão, que previu a chegada de 800 mil migrantes neste ano.
Segundo o diário, as autoridades alemãs esperam dificuldades após os requerentes que tiverem o asilo concedido solicitarem reunião familiar. "Em razão das estruturas familiares nos países do Oriente Médio", cada refugiado da região poderá trazer ao país, em média, entre quatro e oito familiares, afirma a previsão do jornal.
O Bild afirma ainda que, nos três últimos meses do ano, a pressão migratória deve aumentar, com a expectativa entre 6 mil e 10 mil "travessias ilegais de fronteira" por dia. A publicação não forneceu maiores detalhes sobre as previsões internas citadas na reportagem. Um porta-voz do Ministério do Interior em Berlim afirmou não poder confirmar os números citados pelo jornal.
Neste domingo, o secretário do Interior do estado de Mecklemburgo-Pomerânia Ocidental, Lorenz Caffier, afirmou em entrevista ao jornal Welt am Sonntag que a Alemanha deve esperar entre 1,2 e 1,5 milhão de migrantes em 2015. Ele observou que muitos estados alemães já estão "no limite" de suas capacidades.
O ministro alemão do Interior, Thomas de Maizière, disse recentemente que é muito difícil determinar o número exato de refugiados em solo alemão, devido às incertezas geradas por uma "quantidade significativa" de migrantes que não se registram devidamente, ou que, apesar de fazê-lo, se deslocam para outras regiões da Alemanha.
Merkel: país está apto a lidar com a crise
A chanceler federal alemã, Angela Merkel, afirmou na noite deste domingo que, apesar da "enorme tarefa" imposta pela atual crise migratória, a Alemanha está apta a lidar com o grande fluxo de refugiados que chegam ao país.
Em entrevista à radio Deutschlandfunk, Merkel reiterou que os procedimentos de asilo devem ser acelerados e ressaltou a importância de proteger as fronteiras. Ela enfatizou que é necessário lidar com os motivos que levam as pessoas a deixar seus países de origem e assegurou que os refugiados serão distribuídos pelo continente de uma forma justa.
A chanceler criticou as cercas erguidas por alguns países em suas fronteiras, afirmando que esta é uma medida "despropositada", uma vez que apenas leva os migrantes a buscar outras rotas para tentar chegar à Europa. "Não acho que as cercas ajudem. Já vimos isso na Hungria", apontou.
Merkel afirmou que não haverá mudanças nas leis básicas de asilo da Alemanha e assegurou que o país irá continuar a agir de acordo com a Convenção de Genebra, estabelecida em 1951.
Ao mesmo tempo, oministro alemão das Finanças, Wolfgang Schäuble, afirmou em entrevista à emissora ZDF neste domingo que a Europa precisa restringir o número de pessoas que chegam ao continente em busca de refúgio. "Precisamos limitar o fluxo para a Europa", disse. "Em nível nacional, não temos mais capacidade de lidar com essa tarefa."
Schäuble afirmou que a União Europeia deve agir rapidamente, "acima de tudo, em cooperação com a Turquia". A emissora pública ARD e o jornal Frankfurter Allgemeine Sonntagszeitung divulgaram neste domingo que a Comissão Europeia e o governo turco tentam chegar a um acordo para a criação de seis novos campos de refugiados, com capacidade para até dois milhões de pessoas, além de promover o reforço da vigilância nos limites do país com a Grécia.
RC/dpa/afp/rtr
Como alemães ajudam refugiados
Ataques a abrigos de migrantes tornaram-se rotineiros na Alemanha. Mas essa é apenas uma parcela da realidade do país, onde milhares de voluntários e iniciativas auxiliam os que nele buscam refúgio.
Foto: picture-alliance/dpa/P. Endig
Desafio das boas-vindas
Usando a hashtag #WelcomeChallenge no Facebook e no Youtube, voluntários alemães promovem a ajuda a refugiados. Quem auxilia os migrantes de alguma maneira posta uma imagem com a hashtag. A chef alemã Sarah Wiener foi convidada a ajudar e, sorridente, levou 150 porções de sopa orgânica com pão a um abrigo em Berlim.
Foto: picture-alliance/dpa/G. Fischer
Um time de refugiados
Henning Eich, jogador do time de futebol Lok Postdam, congratula os jogadores do Welcome United 03, a primeira equipe alemã formada somente por refugiados. Logo no primeiro jogo do campeonato, em Postdam, o Welcome United 03 venceu o Lok Potsdam por 3 a 2. "O futebol une", afirma Manja Thieme, responsável pela equipe com 40 integrantes.
Foto: picture-alliance/dpa/O. Mehlis
Alemão no cotidiano
Em Thannhausen, na Baviera, o voluntário Karl Landherr dá aulas de alemão a requerentes de asilo. Junto com alguns colegas, o professor aposentado também criou um livro de alemão que oferece uma espécie de "estratégia de sobrevivência" para os refugiados recém-chegados ao país, segundo Landherr. O livro dá dicas práticas para o dia a dia e ficou conhecido em toda a Alemanha.
Foto: picture-alliance/dpa/S. Puchner
Festa de boas-vindas
Refugiados e apoiadores dançaram juntos numa festa de boas-vindas, organizada pela aliança Dresden Nazifrei (Dresden livre dos nazistas). Os 600 requerentes de asilo de Heidenau – alojados numa antiga loja de materiais de construção e protegidos atrás de cercas altas – já nem pensam em deixar seus alojamentos por medo da extrema direita.
Foto: picture-alliance/dpa/S. Willnow
Bicicletas para refugiados
Na foto, Tobias Fleiter enche o pneu da bicicleta de um refugiado do Togo. Fleiter é um dos integrantes do projeto Bicicletas Sem Fronteiras, que contava somente com dois voluntários quando começou. Hoje, 15 voluntários formam o time, que já consertou mais de 200 bicicletas em Karlsruhe, emprestando-as a refugiados.
Foto: picture-alliance/dpa/U. Deck
Escola vira abrigo
Em Berlim, os centros de refugiados estão lotados. Recentemente, três novos abrigos foram abertos, sendo um deles a escola Teske, em Schöneberg, que estava vazia há tempos. Até 200 pessoas podem ser acomodadas no local, onde contam com o apoio de assistentes sociais. Muitos voluntários também ajudam por ali, organizando as roupas, por exemplo.
Foto: picture-alliance/dpa/B. von Jutrczenka
Bem-vindos à ilha de Sylt
Joachim Leber (no centro) auxilia esta família da Síria. Ele é membro da associação Integrationshilfe na ilha de Sylt, na qual cerca de 120 refugiados recebem assistência. A maioria deles vem do Afeganistão, da Somália e da Síria. Voluntários procuram ajudá-los com a língua alemã e motivação pessoal. "A Alemanha também foi ajudada após a Segunda Guerra", diz Leber.
Foto: picture-alliance/dpa/B. Marks
Resgate no Mediterrâneo
Em lanchas, soldados alemães resgatam refugiados no Mediterrâneo e os levam para seus navios. Desde o começo de maio deste ano, as tripulações alemãs salvaram cerca de 7,5 mil pessoas. Entre elas estava Rahmar Ali (no centro), de vestido roxo. A mulher de 33 anos, grávida, é natural da Somália e estava em fuga sozinha há cinco meses.
Foto: picture-alliance/dpa/Bundeswehr/T. Petersen
Primeiro bebê refugiado
Sophia nasceu com 49 centímetros e três quilos. Ela é o primeiro bebê que veio ao mundo num navio da Bundeswehr (Forças Armadas da Alemanha). Foi um nascimento assistido por médicos no último segundo e uma grande alegria para a mãe, Rahmar Ali, da Somália. "Especialmente nesses momentos você sente que está fazendo algo com sentido", diz um soldado que esteve presente no nascimento da criança.
Foto: Reuters/Bundeswehr/PAO Mittelmeer
Caminho seguro
Como eu vou de trem do ponto A ao B? O que significam os sinais? Onde eu posso obter um bilhete de trem? Em Halle, refugiados da Síria aprendem tudo isso na estação central da cidade. Na foto, uma policial mostra que, por motivos de segurança, é preciso ficar atrás da faixa branca quando um trem passa pela plataforma.
Foto: picture-alliance/dpa/H. Schmidt
Primeiro clube de natação
Na cidade de Schwäbisch Gmünd, refugiados podem aprender a nadar. Ludwig Majohr (de boné) dá as aulas de natação. Ele é um dos oito aposentados voluntários no clube de natação, recém-fundado. O objetivo principal é a integração, segundo Gmünd. "Na natação, as pessoas se ajudam", completa o voluntário Roland Wendel. "Não perguntamos as nacionalidades."
Foto: picture-alliance/dpa/S. Puchner
Mais café, menos ódio
Em Halle, o partido ultradireitista NPD pretendia protestar recentemente contra um planejado centro para requerentes de asilo. A cidade respondeu com um convite para um café da manhã aberto, em prol da tolerância. Mais de 1.200 pessoas compareceram, compartilhando pãezinhos e bolos com os refugiados. Um belo gesto de boas-vindas.