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De olho nos latinos

4 de agosto de 2010

O país reformulou a política elaborada há 15 anos: neste ínterim, a América Latina cresceu em importância internacional e ficou mais atraente economicamente. A Alemanha também quer se beneficiar desse bom momento.

Alemanha investe em relações com a região

A Alemanha vai adotar novas diretrizes para estreitar a relação com a América Latina. O assunto merece tanta atenção que Guido Westerwelle, ministro de Relações Exteriores e chanceler federal interino, convocou nesta quarta-feira (04/08) uma coletiva de imprensa para apresentar a nova estratégia.

O governo quer reforçar a cooperação econômica com os 33 países da região. O crescimento e a necessidade de infraestrutura das nações da América Latina são os principais fatores que motivam a nova política alemã, "considerando o peso econômico e político cada vez maior de Brasil e México".

As diretrizes adotadas até então eram baseadas num conceito político elaborado em 1995. E, nesses últimos 15 anos, os países latino-americanos ganharam mais importância internacional – e também passaram a ser mais prestigiados por outras potências.

Segundo revelou Guido Westerwelle, o documento de 64 páginas apresentado instrui o país a se "engajar ativamente" para construir parcerias mais fortes e, desta maneira, fazer frente a outras potências industriais – inclusive a China – na disputa por oportunidades econômicas na América Latina.

Sob o Salar de Uyuni, na Bolivia, está a maior reserva de lítio do mundoFoto: AP

Efeito esperado

Para a economia alemã, a América Latina não é apenas uma base de produção importante, mas também um "mercado em crescimento estável", destacou Westerwelle. Para o ministro, que visitou a região em março, o desenvolvimento da América do Sul "é uma história de êxitos". "Temos que ser inteligentes o bastante e participar disso, isso é do interesse de ambos os lados."

As oportunidades de negócio que surgirão no Brasil, principalmente, devido à Copa de 2014 e as Olimpíadas de 2016, já levam a Alemanha a se empenhar mais na relação com o país.

As empresas alemãs veem grande potencial em áreas como construção de rodovias, linhas férreas, portos, aeroportos, e centros de logística, conforme destaca o novo conceito. Haveria, também, espaço a ser explorado nos setores de energia renovável, mineração, técnicas ambientais e saúde, salienta o documento apresentado pelo chefe da diplomacia alemã.

Exploração de aço no Rio de Janeiro: área de interesse alemãoFoto: ThyssenKrupp

Interesses nos recursos

Outro ponto de interesse para os alemães é o patrimônio natural da América Latina: a região tem reservas de matérias-prima como ferro, cobre, estanho e lítio. No que diz respeito ao abastecimento de petróleo e gás natural, os países latino-americanos também devem ocupar futuramente postos de maior destaque no mercado internacional.

Para não enfatizar somente o campo econômico, as novas diretrizes alemãs para a América Latina também preveem um estreitamento das trocas culturais, científicas e profissionais. De fato, Brasil e Alemanha celebram até meados de 2011 o Ano Internacional da Ciência Inovação e reforçam os trabalhos de cooperação.

No entanto, Westerwelle também pontuou o problema mais preocupante da região, segundo a visão alemã: a criminalidade como consequência do tráfico de drogas.

NP/dpa/rts
Revisão: Roselaine Wandscheer

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