Alemanha doará 2,3 bi de euros a vítimas da guerra síria
4 de fevereiro de 2016
Comunidade internacional se reúne em Londres na tentativa de arrecadar 8,1 bilhões de euros para fundo destinado a ajuda humanitária no Oriente Médio.
Anúncio
A chanceler federal alemã, Angela Merkel, comprometeu-se a doar 2,3 bilhões de euros até 2018 para a assistência de vítimas do conflito na Síria, dos quais 1,1 bilhão de euros somente em 2016.
"Nossas palavras serão seguidas de atos", afirmou a chefe de Estado nesta quinta-feira (04/02), na abertura de uma conferência internacional de doadores em Londres. "Espero que este seja um bom dia para as pessoas que passam por tal sofrimento."
De acordo com o governo alemão, o montante será destinado principalmente ao Programa Alimentar Mundial, da Organização das Nações Unidas (ONU), e a um programa de trabalho para os migrantes das regiões em conflito.
"Queremos garantir que nunca chegaremos a uma situação de ter que reduzir a comida dos refugiados. Por isso nos concentramos nos programas humanitários e, em particular, no Programa Alimentar Mundial", ressaltou Merkel.
Tendo como anfitriões a Alemanha, Reino Unido, Noruega, Kuwait e a própria ONU, a conferência em Londres reúne representantes de cerca de 70 países. A expectativa é arrecadar 8,1 bilhões de euros, destinados à ajuda humanitária no Oriente Médio.
O primeiro-ministro do Reino Unido, David Cameron, prometeu o equivalente a 1,5 bilhão de euros até 2020, acrescentando ser preciso mais dinheiro para resolver essa crise, "e é preciso agora".
"Mas a conferência de hoje é mais do que apenas juntar dinheiro. Usar essa arrecadação para gerar estabilidade, empregos e educação pode ter um efeito transformador na região, além de criar um modelo de ajuda humanitária para o futuro", declarou Cameron durante a conferência.
Somando-se aos alemães e britânicos, a Noruega também prometeu doar à causa 252 milhões de euros, ainda em 2016. "As necessidades humanitárias são enormes", frisou Borge Brende, o ministro das Relações Exteriores do país.
Estima-se que, desde 2011, o conflito na Síria tenha causado mais de 260 mil mortes e colocado 13,5 milhões de pessoas em situação de vulnerabilidade ou as forçado a deslocar-se dentro do país. Cerca de 4,6 milhões procuraram refúgio em países vizinhos, enquanto centenas de milhares apelaram para a Europa.
EK/afp/dpa/lusa/rtr
2015, o ano dos refugiados
Nunca tantas pessoas estiveram em fuga como em 2015. Muitos delas seguiram para a Europa, com o objetivo de chegar à Alemanha ou à Suécia. Confira uma restrospectiva fotográfica do "ano dos refugiados".
Foto: Reuters/O. Teofilovski
Chegada à União Europeia
Esses jovens sírios superaram uma etapa perigosa da sua viagem: eles conseguiram chegar à Grécia e, assim, à União Europeia. O objetivo final, porém, ainda não foi alcançado: eles querem continuar a jornada para o norte, em direção a outros países-membros do bloco. Em 2015, a maioria dos refugiados seguiu para a Alemanha e para a Suécia.
Foto: Reuters/Y. Behrakis
Perigosa travessia do Mediterrâneo
O caminho que eles deixam para trás é extremamente perigoso. Vários barcos com refugiados, nem sempre aptos à navegação, já viraram durante a travessia do Mar Mediterrâneo. Estas crianças sírias e seu pai tiveram sorte: eles foram resgatados por pescadores gregos na costa da ilha de Lesbos, na Grécia.
Foto: Reuters/Y. Behrakis
A imagem que comoveu o mundo
Aylan Kurdi, de 3 anos, não sobreviveu à fuga. No início de setembro, ele se afogou no Mar Egeu, juntamente com o irmão e a mãe, ao tentar chegar à ilha grega de Kos. A foto do menino sírio, morto na praia de Bodrum, espalhou-se rapidamente pela mídia e chocou pessoas de todo o mundo.
Foto: Reuters/Stringer
Onde as diferenças são visíveis
A ilha grega de Kos, a menos de 5 quilômetros de distância da Turquia continental, é o destino de muitos refugiados. As praias geralmente cheias de turistas servem de ponto de desembarque, como no caso deste grupo de refugiados paquistaneses que chegou à costa da Grécia com um bote de borracha.
Foto: Reuters/Y. Behrakis
Em meio ao caos
Porém, muitos refugiados não conseguem simplesmente seguir viagem quando chegam a Kos. Eles somente podem seguir para o continente após serem registrados. Durante o verão europeu, a situação se agravou quando as autoridades fizeram com que os refugiados esperassem pelo registro num estádio, sob o sol escaldante e sem água.
Foto: Reuters/Y. Behrakis
Um navio para refugiados
Por causa da condições precárias, tumultos eram frequentes na ilha de Kos. Para acalmar a situação, o governo grego fretou um navio, que permaneceu ancorado e foi transformado em alojamento temporário para até 2.500 pessoas e em centro de registro de migrantes.
Foto: Reuters/A. Konstantinidis
"Dilema europeu"
Mais ao norte, na fronteira da Grécia com a Macedônia, policiais não permitiam mais a passagem de pessoas, entre elas crianças aos prantos, separadas de seus pais. Esta foto tirada pelo fotógrafo Georgi Licovski no local, e que mostra o desespero de duas crianças, foi premiada pelo Unicef como a imagem do ano, já que mostra "o dilema e a responsabilidade da Europa".
Foto: picture-alliance/dpa/G. Licovski
Sem conexões para refugiados
No final do verão europeu, Budapeste se transformou em símbolo do fracasso das autoridades e da xenofobia. Milhares de refugiados estavam acampados nas proximidades de uma estação de trem da capital húngara, pois o governo do país os proibira de seguir viagem. Muitos decidiram seguir a pé em direção à Alemanha.
Foto: picture-alliance/dpa/B. Roessler
Fronteiras abertas
Uma decisão na noite de 5 de setembro abriu caminho para os refugiados: a chanceler federal alemã, Angela Merkel, e o chanceler austríaco, Werner Faymann, decidiram simplesmente liberar a continuação da viagem por parte dos migrantes. Como consequência, vários trens especiais e ônibus seguiram para Viena e Munique.
Foto: picture alliance/landov/A. Zavallis
Boas vindas em Munique
No primeiro final de semana de setembro, cerca de 20 mil refugiados chegaram a Munique. Na estação central de trem da capital da Baviera, inúmeros voluntários se reuniram para receber os refugiados com aplausos e lhes fornecer comida e roupas.
Foto: Getty Images/AFP/P. Stollarz
Selfie com a chanceler
Enquanto a chanceler federal Angela Merkel era aplaudida por refugiados e defensores de sua política de asilo, muitos alemães se voltavam contra a política migratória. "Se tivermos de pedir desculpas por mostrar uma face acolhedora em situações de emergência, então este não é mais o meu país", respondeu a chanceler. A frase "Nós vamos conseguir" se tornou o mantra de Merkel.
Foto: Reuters/F. Bensch
Histórias na bagagem
No final de setembro, a polícia federal alemã divulgou uma imagem comovente: o presente que uma menina refugiada deu a um policial da cidade alemã de Passau. O desenho mostra o horror que vários migrantes vivenciaram e o quão felizes eles estavam por, finalmente, estarem em um local seguro.
Foto: picture-alliance/dpa/Bundespolizei
O drama continua
Até o final de outubro, mais de 750 mil refugiados haviam chegado à Alemanha. Mas o fluxo não parava. Sobrecarregados, os países da chamada Rota dos Bálcãs decidiram fechar suas fronteiras. Apenas sírios, afegãos e iraquianos estavam autorizados a passar. Em protesto, migrantes de outros países chegaram a costurar seus lábios.
Foto: picture-alliance/dpa/G. Licovski
Sem fim à vista
"Ajude-nos, Alemanha" está escrito em cartazes de manifestantes na fronteira com a Macedônia. Na Europa, o inverno se aproxima, e milhares de pessoas, entre elas crianças, estão presas nas fronteiras. Enquanto isso, até mesmo a Suécia retomou o controle temporário de fronteiras. Em 2016, o fluxo de refugiados deverá continuar.