Alemanha e EUA fecham acordo sobre o gasoduto Nord Stream 2
22 de julho de 2021
Americanos e alemães concordam em atuar para ajudar a Ucrânia em troca do encerramento de tensões em relação ao projeto. Gasoduto submarino deve dobrar envio direto de energia da Rússia para a Alemanha.
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Os Estados Unidos e a Alemanha chegaram a um acordo sobre o controverso gasoduto submarino Nord Stream 2, de acordo com um comunicado conjunto divulgado nesta quarta-feira (21/07).
Os dois países concordaram em apoiar a Ucrânia e sancionar Moscou se os russos voltarem a usar suprimentos de gás como mecanismo de pressão para obter influência geopolítica sobre a Ucrânia e outros países do leste europeu.
O acordo busca resolver uma disputa antiga sobre o gasoduto submerso que se estende por mais de mil quilômetros no fundo do mar Báltico, cuja construção está 98% completa, e que prevê dobrar o fornecimento de gás da Rússia diretamente para a Alemanha, sem passar por países que mantêm relações com Moscou.
Os EUA sempre se opuseram à construção do gasoduto e chegaram a impor sanções a empresas que atuaram na obra. Os americanos temiam que a perda de receitas de trânsito do gás russo sobre as nações que ficam na rota dos velhos gasodutos de superfície, como a Ucrânia, e o crescente poder que os russos podem ter de trancar esses dutos sem afetar seus compradores alemães.
Agora, sob o governo Joe Biden, os EUA tentam se reaproximar da Alemanha.
"Os EUA e a Alemanha estão unidos em sua determinação de responsabilizar a Rússia por quaisquer agressões e atividade danosas por meio da imposição de custos via sanções e outros instrumentos", diz o comunicado.
"Se a Rússia tentar usar energia como arma ou cometer mais atos agressivos contra a Ucrânia, a Alemanha agirá em nível nacional e pressionará por medidas eficazes em nível europeu, incluindo sanções, para limitar a capacidade de exportação russa para a Europa no setor de energia , incluindo gás ou em outros setores economicamente relevantes", aponta o documento, em uma referência indireta a uma crise que eclodiu em 2009, quando Moscou usou seu poder de pressão como fornecedor de energia contra a Ucrânia, chegando a cortar o fornecimento de gás ao país sob a alegação que o país não estava pagando suas dívidas pelo produto.
O acordo foi anunciado poucos dias depois da última visita oficial da chanceler federal Angela Merkel a Washington. Ela deve deixar o poder depois das eleições federais setembro. As autoridades dos dois países já haviam falado sobre as chances de um acordo durante a visita de Merkel e durante o giro de Joe Biden pela Europa em junho.
O ministro das Relações Exteriores da Alemanha, Heiko Maas, classificou o acordo "construtivo". "Estou aliviado por termos encontrado uma solução construtiva com os EUA em [relação ao] Nord Stream 2. Apoiaremos a Ucrânia na construção de um setor de energia verde e trabalharemos para garantir o trânsito de gás pela Ucrânia na próxima década", tuitou Maas logo após a publicação do comunicado conjunto
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Alemanha mediará negociações entre Ucrânia e Rússia
Como parte do acordo, a Alemanha concordou em fazer investimentos na Ucrânia e em atuar para que Moscou e Kiev prorroguem um acordo de trânsito de gás.
"A Alemanha se compromete a utilizar todo o poder disponível para facilitar uma prorrogação de até 10 anos para o acordo de trânsito de gás entre a Ucrânia e a Rússia, incluindo a nomeação de um enviado especial para apoiar essas negociações", diz o comunicado.
Além disso, a Alemanha e os Estados Unidos concordaram em investir US$ 1 bilhão em um "Fundo Verde" para fomentar uma infraestrutura de tecnologia verde da Ucrânia, abrangendo energias renováveis e indústrias relacionadas, com o objetivo de melhorar a independência energética da Ucrânia.
"A Alemanha fará uma doação inicial ao fundo de pelo menos US$ 175 milhões e trabalhará para incluir seus compromissos nos próximos anos orçamentários", afirma o acordo.
O acordo representa uma mudança de postura para os EUA, que há muito se opõem ao gasoduto. Em maio, em um gesto de reaproximação em relação à Alemanha, o governo dos Estados Unidos aliviaram as sanções contra a empresa registrada na Suíça que está por trás do projeto, a Nord Stream AG, e seu CEO devem ser extintas como parte do acordo.
Joe Biden vai se encontrar com o presidente ucraniano
A Ucrânia e a Polônia também se opõem à construção do Nord Stream 2, temendo que ela comprometa a segurança energética europeia e leve à perda de receitas de países de trânsito do gás russo.
O Departamento de Estado negou relatos de que a Ucrânia tenha sido advertida a criticar o acordo, apontando que um de seus conselheiros está completando uma visita a Kiev e Varsóvia nesta semana para informar as autoridades dos dois países sobre o acordo.
A Casa Branca também anunciou na quarta-feira que o presidente Joe Biden vai receber o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky na Casa Branca em 31 de agosto.
"A visita irá reafirmar o apoio inabalável dos Estados Unidos à soberania e integridade territorial da Ucrânia em face da agressão em curso da Rússia no Donbass e na Crimeia, nossa estreita cooperação em segurança energética e nosso apoio aos esforços do presidente Zelenskyy para combater a corrupção e implementar um agenda de reforma baseada em nossos valores democráticos em comum", disse a Casa Branca em comunicado.
Merkel e Putin discutem sobre gasoduto
A chanceler Angela Merkel falou ao telefone com Vladimir Putin sobre o Nord Stream 2 antes do anúncio do acordo, informou o governo alemão nesta quarta-feira.
A vice-porta-voz do governo alemão, Ulrike Demmer, disse que Merkel falou sobre a implementação dos acordos de Minsk para a resolução pacífica do conflito no leste da Ucrânia.
Uma gasoduto controverso
O Nord Stream 2 começou a ser construído em 2011. No início de 2020, antes da pandemia de coronavírus, a previsão era que o projeto fosse concluído até o início de 2021. Crucialmente, o projeto foi iniciado quando a Rússia ainda era membro do G8 (agora novamente G7) e antes da anexação da Crimeia e do conflito na Ucrânia.
Berlim é uma das principais promotoras e financiadoras do projeto, que prevê dobrar a capacidade de importação de gás russo pela nação europeia sem a necessidade de que o combustível passe por nações que mantêm relações tensas com Moscou, como a Ucrânia e a Polônia.
O projeto é na verdade uma ampliação da capacidade do sistema Nord Stream 1, que funciona desde 2011, e que liga a cidade russa Ust-Luga a Greifswald, no leste alemão. As obras do Nord Stream 2, lideradas pela estatal russa Gazprom, são avaliadas em 10,5 bilhões de dólares.
O projeto tem diversos críticos. Os EUA vinham se opondo firmemente à ampliação do gasoduto, argumentando que ele vai aumentar a dependência europeia em relação à Rússia e enfraquecer nações aliadas no leste da Europa, que dependem das taxas de trânsito sobre gás russo que passa por dutos instalados em seus territórios.
Há temor ainda de que com a ampliação da rede submersa Moscou tenha mais espaço para eventualmente pressionar mais facilmente nações que ficam na rota dos velhos gasodutos de superfície, podendo trancar os dutos sem que isso afete seu principal comprador, a Alemanha.
No entanto, críticos da posição dos EUA apontam que a real intenção de Washington é vender mais gás natural liquefeito americano para os europeus.
O Nord Stream 2, que deve ter 1.200 quilômetros de extensão, se tornou ainda mais estratégico para a Alemanha após Berlim estabelecer um abandono gradual da energia nuclear no país e estabelecer metas para a redução de emissões de CO2 e consumo de carvão. O gás natural produz 50% menos dióxido de carbono do que o carvão.
Em 2017, Berlim comprou um recorde de 53 bilhões de metros cúbicos de gás natural russo, cerca de 40% de seu consumo total. O sistema Nord Stream 2 é projetado para transportar até 55 bilhões de metros cúbicos do combustível por ano.
jps (dw, ots)
O mês de julho em imagens
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Foto: Carl de Souza/AFP
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França torna obrigatório passe sanitário para eventos
A França passou a exigir a apresentação de um passe sanitário a todos aqueles que desejem acessar cinemas, teatros, museus e qualquer evento cultural ou esportivo, que reúna mais de 50 pessoas. O documento traz um código QR que informa se a pessoa está completamente vacinada contra a covid-19, se teve a doença nos últimos seis meses ou se tem um teste negativo para o coronavírus. (21/07)
Foto: Bertrand Guay/AFP/Getty Images
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Tribunal dos EUA sentencia invasor do Capitólio
Um tribunal dos Estados Unidos emitiu nesta segunda-feira (19/07) a primeira sentença de prisão contra um invasor do Capitólio. Paul Allard Hodgkins, de 38 anos, foi sentenciado a oito meses de prisão, após se declarar culpado de participação no ataque.
Ele foi uma das centenas de apoiadores do ex-presidente Trump que em 6 de janeiro invadiram a sede do Congresso americano. (19/07)
Foto: Roberto Schmidt/AFP/Getty Images
Merkel visita área devastada por enchentes
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Foto: Christof Stache/AFP/dpa/picture alliance
Primeiro caso de covid-19 na Vila Olímpica
A menos de uma semana da abertura dos Jogos de Tóquio, foi confirmado o primeiro caso de covid-19 na Vila Olímpica, colocando em xeque a segurança do evento. Não foi informada a nacionalidade da pessoa que testou positivo e nem se ela havia sido vacinada. O que se sabe é que se trata de um não-residente no Japão e que não é um atleta. (17/07)
Foto: Koji Sasahara/AP/picture alliance
Número de mortos após chuvas torrenciais na Alemanha passa de 100
O número de mortos após fortes chuvas e inundações que atingiram o oeste da Alemanha passou uma centena e pode ainda aumentar devido ao grande número de pessoas desaparecidas. A grande quantidade de água transformou ruas em rios, com correntezas que varreram carros, arrancaram árvores e causaram o desabamento de casas.nos estados da Renânia do Norte-Vestfália e Renânia Palatinado. (16/07)
Foto: Wolfgang Rattay/REUTERS
Chuvas causam destruição e mortes na Alemanha
Fortes chuvas e enchentes deixaram dezenas de mortos e desaparecidos no oeste da Alemanha. Os estados da Renânia do Norte-Vestfália e da Renânia-Palatinado foram os mais afetados. Várias regiões sofreram quedas de energia e milhares de pessoas ficaram desabrigadas. Tempestades também causam problemas na Bélgica, França e Holanda. (15/07)
Foto: Harald Tittel/dpa/picture alliance
Bolsonaro é internado e transferido para hospital de SP
O presidente Jair Bolsonaro foi transferido para um hospital de São Paulo para que médicos avaliassem a necessidade de uma cirurgia de emergência. Bolsonaro enfrenta um quadro de obstrução intestinal e já havia sido internado durante a madrugada em um hospital de Brasília após sentir dores abdominais. Ele também vinha reclamando de soluços persistentes há mais de uma semana. (14/07)
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Bolsonaro indica "terrivelmente evangélico" para o STF
O presidente Jair Bolsonaro indicou André Luiz de Almeida Mendonça, atual advogado-geral da União, para a vaga no Supremo Tribunal Federal (STF) aberta com a aposentadoria do ministro Marco Aurélio Mello. Com a indicação, Bolsonaro cumpre sua promessa, feita em 2019, de nomear alguém "terrivelmente evangélico" para a corte, numa tentativa de agradar a sua base evangélica. (13/07)
Foto: Agencia Brasil/J. Cruz
Pandemia agrava fome no mundo
A pandemia de covid-19 contribuiu para o agravamento da fome em todo o mundo, mostra relatório da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO). Segundo o documento, estima-se que cerca de 10% da população global tenha sofrido de desnutrição no ano passado, ante 8,4% em 2019. Cerca de 118 milhões de pessoas a mais passaram fome no ano passado em relação a 2019. (12/07)
Foto: Str/AFP
Richard Branson sai na frente na corrida do turismo espacial
Richard Branson se tornou o primeiro bilionário a fazer parte de uma missão espacial tripulada a bordo de um veículo que ajudou a financiar. Fundador da Virgin Galactic, ele viajou a mais de 80 quilômetros de altitude, limite estabelecido nos EUA para a fronteira espacial. Com o feito, Branson saiu na frente de seus concorrentes Elon Musk e Jeff Bezos na área do turismo espacial. (11/07)
Foto: Virgin Galactic/REUTERS
Charlottesville remove estátua que inspirou ato extremista
Uma estátua do general confederado Robert E. Lee foi removida neste sábado (10/07) de um parque em Charlottesville, no estado americano da Virgínia, e enviada para um depósito, quase quatro anos depois de ter sido usada como inspiração para uma manifestação organizada por supremacistas brancos que provocou a morte de uma mulher e deixou dezenas de feridos. (10/07)
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Barreiras ao redor do Capitólio são retiradas seis meses após invasãp
Mais de seis meses após uma invasão violenta ao Capitólio, autoridades dos EUA iniciaram o processo de desmantelamento das cercas e barricadas em torno do edifício, em Washington, embora mantendo algumas restrições de acesso. Funcionários começaram a remover as barras que conectam seções da cerca de metal instalada dias após os distúrbios instigados pelos ex-presidente Donald Trump. (09/07)
Foto: Roberto Schmidt/AFP
Organizadores vetam público nos Jogos de Tóquio
Pouco depois de o Japão anunciar um novo estado de emergência na região de Tóquio para frear o avanço da pandemia, os organizadores dos Jogos Olímpicos de 2020 na capital japonesa decidiram banir a presença de público no megaevento. A medida, amplamente aguardada, foi adotada após negociações entre o governo japonês, organizadores e representantes dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos. (08/07)
Foto: Tsuyoshi Yoshioka/AP/picture alliance
Presidente do Haiti é assassinado
O presidente do Haiti, Jovenel Moïse, foi assassinado por um grupo armado que invadiu sua casa na capital Porto Príncipe, nas primeiras horas da madrugada. A primeira-dama do país ficou ferida no ataque. Moïse, de 53 anos, governava por decreto há mais de um ano, depois que o país não conseguiu realizar eleições, numa crise que levou à dissolução do Parlamento. (07/07)
Foto: Dieu Nalio Chery/AP Images/picture alliance
A volta do Festival de Cannes
Com máscaras e testes obrigatórios e sem beijinhos no tapete vermelho, começou na França a 74ª edição do Festival de Cinema de Cannes, marcando a volta do evento cinematográfico após ele ter sido cancelado no ano passado devido ao coronavírus. Além da pandemia, paridade de gênero e crise climática estão sob os holofotes nesta edição. (06/07)
Foto: picture alliance / ASSOCIATED PRESS
Bolsonaro entra em lista mundial dos "predadores da liberdade de imprensa"
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Foto: Luis Alvarenga/Getty Images
Cuidado com o tigre
Coronavírus não é só assunto de gente. Por precaução, este tigre do jardim zoológico de Oakland, Califórnia, também recebe uma vacina contra a covid-19. Afinal, primeiro animal selvagem a se infectar com a doença respiratória foi possivelmente um companheiro de espécie seu, no zoo de Nova York, contagiado por um ser humano. (04/07)
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Foto: Jonathan Brady/PA Wire/picture alliance
Merkel realiza última visita oficial ao Reino Unido
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Foto: Steve Parsons/empics/picture alliance
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Os príncipes William e Harry inauguraram uma estátua em homenagem à mãe, a Princesa Diana, nos jardins do Palácio de Kensington, em Londres, no dia em que ela completaria 60 anos. A estátua foi encomendada em 2017 pelos dois irmãos e reflete o trabalho da princesa e o impacto que teve em várias áreas, como a remoção de minas terrestres em Angola e o apoio a pessoas com HIV. (01/07)