Alemanha e França tiram zona do euro da maior recessão de sua história
14 de agosto de 2013Após um ano e meio, a zona do euro conseguiu, enfim, deixar a maior recessão de sua história. Segundo dados do Eurostat, órgão de estatísticas da União Europeia, divulgados nesta quarta-feira (14/08), o Produto Interno Bruto (PIB) na área de moeda única teve crescimento de 0,3% no segundo trimestre em relação aos três meses anteriores.
Os países que mais contribuíram para esse resultado foram Alemanha e França, as duas maiores economias da zona do euro. A economia alemã cresceu 0,7%, e a francesa, 0,5%. A maior surpresa veio de Portugal, cujo Produto Interno Bruto (PIB) voltou a crescer pela primeira vez em dois anos e meio, com um aumento de 1,1%. A recuperação portuguesa foi impulsionada principalmente pelas exportações de bens e serviços.
Já Itália e Espanha, terceira e quarta maiores economias da zona do euro, tiveram ligeira retração, de respectivamente 0,2% e 0,1%. Na Holanda, o PIB se contraiu 0,2% no segundo trimestre.
O instituto de pesquisas econômicas Ifo, sediado em Munique, espera também para o próximo semestre boas perspectivas econômicas na Europa. No geral, porém, o barômetro do instituto aponta uma tendência negativa para a economia mundial. Sobretudo na Ásia, o clima econômico caiu abaixo da média de longo prazo.
"A recuperação da economia global não está progredindo", afirma o economista do Ifo Kai Carstensen.
Resultado não anima indústria alemã
Apesar dos bons sinais, a indústria alemã não vê motivos para otimismo. A Confederação da Indústria Alemã (BDI) chegou até a baixar sua previsão de crescimento para este ano, de 0,8% para 0,5%. O diretor executivo da BDI, Markus Kerber, disse em Berlim que 0,5% é "muito pouco para um país como a Alemanha".
O aumento de 0,7% do PIB, verificado na Alemanha, não é considerado por Kerber um motivo para comemoração. "Esse desempenho não é considerado satisfatório pela BDI", sublinhou.
A organização se diz preocupada com o fraco índice de investimento. Kerber reivindica do governo, por isso, um programa de investimentos em larga escala nos próximos anos e pede que o Estado use para isso futuros excedentes orçamentais.
"Não devemos esquecer que o primeiro trimestre foi muito ruim", alerta por sua vez o economista Christoph Schmidt, presidente do Instituto de Pesquisa Econômica da Renânia-Vestfália.
Ele atribui parte do bom resultado na Alemanha à sazonalidade, devido ao fim do inverno europeu. O especialista lidera desde março o conselho de cinco peritos em economia que assessora o governo alemão. O grupo prevê um aumento do PIB alemão em 0,3% para 2013.
"Apesar do crescimento relativamente forte no segundo trimestre, provavelmente não será mesmo mais do que isso", reitera Schmidt. "Mantemos nosso prognóstico cauteloso."
MD/dpa/rtr/afp