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Alemanha elevará orçamento de defesa em 100 bilhões de euros

30 de maio de 2022

Numa reviravolta em sua política de desmilitarização desde o fim da Guerra Fria, Berlim fará emenda à Constituição para aumentar verbas das Forças Armadas. Medida satisfaz também meta de gastos de defesa da Otan.

Soldado armado sob bandeira da Alemanha
Bundeswehr receberá reforço volumoso nos próximos anosFoto: Michael Kappeler/dpa/picture alliance

O governo e a oposição conservadora da Alemanha fecharam na noite de domingo (29/05) um acordo para liberar 100 bilhões de euros voltados à modernização da Bundeswehr (Forças Armadas alemãs), perante a ameaça russa. Para tal, será criado um fundo especial de aquisições militares.

Dessa forma a Alemanha também atingirá a meta estabelecida pela Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) de investir uma média de 2% de seu PIB em defesa, ou cerca de 70 bilhões de euros anuais, nos próximos cinco anos. O acordo exigiu semanas de difíceis negociações.

Como a implementação da medida exigia contornar o "freio de débito" previsto na Lei Fundamental alemã, para atingir os dois terços no parlamento necessários a aprovar a emenda, a coalizão governamental – formada pelos partidos Social-Democrata (SPD), Liberal Democrático (FDP) e Verde – dependia da maior legenda de oposição, a União Democrata Cristã (CDU).

Reviravolta na política de defesa alemã do pós-guerra

Três dias depois de a Rússia iniciar a invasão da Ucrânia, em 24 de fevereiro, o chanceler federal Olaf Scholz pedira o aumento do orçamento para rearmar o Exército e modernizar seu antiquado equipamento, ao longo dos próximos anos. Paralelamente, o chefe de governo vem sendo criticado por sua reticência em apoiar Kiev militarmente.

Financiados através de endividamento público adicional, os 100 bilhões de euros serão depositados num fundo especial, externo ao orçamento nacional. A CDU conseguiu que a soma flua exclusivamente para a Bundewehr, uma exigência combatida pelo Partido Verde, segundo o qual parte da verba deveria ser dedicada à segurança cibernética. Por outro lado, fracassou a reivindicação dos democratas-cristãos de que a quota de 2% de PIB para defesa fosse ancorada na Lei Fundamental.

A ministra alemã do Exterior, Annalena Baerbock, declarou-se satisfeita com o consenso: "Fechamos um pacote abrangente com que poderemos cumprir rapidamente nossa obrigação junto à Otan", comentou à emissora Deutschlandfunk.

O novo fundo militar representa uma reviravolta significativa na política alemã. A partir do fim da Guerra Fria, o país reduziu significativamente seu contingente militar, de 500 mil, em 1990, para os atuais 200 mil soldados. Segundo um relatório publicado em dezembro, menos de 30% das embarcações navais estariam inteiramente operacionais, e grande parte dos aviões de combate alemães não estão aptos a voar.

Berlim vinha também resistindo às diretrizes de investimento militar da Otan, de 2% do PIB. No entanto a guerra de agressão de Moscou na Ucrânia forçou o país, dedicado ao pacifismo desde o fim da Segunda Guerra Mundial e dos horrores do nazismo, a rever seus princípios. A emenda constitucional deverá ser aprovada ainda na semana em curso.

av/ek (AFP, DPA, ots)

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