Merkel e governadores decidem prorrogar medidas anticoronavírus até 20 de dezembro, na tentativa de frear contágio antes do Natal. Governo ainda introduz novas regras, ampliando uso de máscara e reduzindo reuniões.
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A chanceler federal da Alemanha, Angela Merkel, e os governadores dos 16 estados concordaram nesta quarta-feira (25/11) em estender até dezembro o lockdown parcial em vigor no país, num esforço para reduzir ainda mais a taxa de infecção por coronavírus antes do Natal.
"Temos duas mensagens ao povo: em primeiro lugar, obrigada, mas em segundo lugar, que as restrições atuais não serão suspensas", disse Merkel em coletiva de imprensa em Berlim.
"O aumento exponencial das infecções foi interrompido", continuou. "Mas os casos diários ainda estão muito altos, e nossas unidades de terapia intensiva ainda estão muito cheias. Não podemos suspender as restrições acertadas para novembro."
No último dia 2, a Alemanha impôs uma série de medidas restritivas na tentativa de conter uma segunda onda de contágio, fechando restaurantes, bares, academias e áreas de lazer, mas mantendo abertas escolas, lojas e salões de cabeleireiro. O lockdown parcial foi inicialmente programado para durar quatro semanas, até o fim deste mês.Agora, Merkel anunciou que as medidas serão estendidas até pelo menos 20 de dezembro, com a possibilidade de uma prorrogação até o início de janeiro.
Alemanha planeja vacinação em massa contra covid-19
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Segundo a chefe de governo, a meta é reduzir o ritmo das infecções até que os novos casos não ultrapassem 50 por 100.000 habitantes em sete dias em cada região. "Precisamos continuar a perseguir esse objetivo", disse a chanceler federal, alertando que, embora as medidas atuais tenham conseguido travar um surto, as infecções se estabilizaram num nível ainda alto no país.
O Instituto Robert Koch (RKI), agência governamental alemã de controle e prevenção de doenças infecciosas, reportou 18.633 novos casos de coronavírus nas últimas 24 horas – em comparação com os 17.561 registrados uma semana antes.
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Número recorde de mortos
"Não podemos estar satisfeitos com este sucesso parcial", disse Merkel, observando que as autoridades alemãs relataram ainda 410 mortes por covid-19 nesta quarta-feira, o número mais alto desde o início da epidemia no país. "Isso nos lembra da maneira mais triste que, por trás das estatísticas, há destinos humanos", acrescentou.
Durante uma videoconferência de sete horas nesta quarta, os chefes de governo federal e estaduais também concordaram em introduzir algumas restrições adicionais às atuais medidas.
Entre as novas regras, o uso de máscaras será agora exigido também na maioria das escolas de ensino médio, em frente às lojas e em estacionamentos. O número de clientes permitidos em lojas maiores também será reduzido. Além disso, reuniões privadas serão limitadas a cinco pessoas de até duas residências, sem contar crianças menores de 14 anos.
O governo alemão planeja ainda destinar cerca de 17 bilhões de euros adicionais para compensar empresas atingidas pelo lockdown, além dos 15 bilhões de euros fornecidos em novembro.
Merkel, por fim, manifestou esperança que a chegada das primeiras vacinas contra a covid-19 nas próximas semanas ajude o país a superar a epidemia. "Muito indica que 2021 nos trará alívio", disse.
A Alemanha foi elogiada por ter lidado relativamente bem com a primeira onda de covid-19 no início deste ano, mas os números voltaram a disparar em outubro, anunciando uma segunda onda. Ao todo, o país soma mais de 961 mil casos de covid-19 e 14.771 mortes ligadas à doença.
EK/ap/dpa/dw
Onde se escondem os coronavírus
Vírus por toda parte! Talvez no tomate, no pacote do correio, até no próprio cão de estimação? O Departamento de Avaliação de Risco da Alemanha esclarece o que se sabe sobre o Sars-Cov-2.
Foto: picture-alliance/Kontrolab/IPA/S. Laporta
Maçanetas contaminadas
Os coronavírus conhecidos permanecem infecciosos em superfícies como maçanetas por quatro a cinco dias, em média. Como todas as infecções por gotículas, o Sars-Cov-2 se propaga por mãos e superfícies tocadas com frequência. Embora seja ainda relativamente desconhecido, os especialistas partem do princípio que os conhecimentos sobre as variedades já estudadas se aplicam ao novo coronavírus.
Por isso é necessário certo cuidado durante o almoço no refeitório do trabalho – se ainda estiver funcionando. Em princípio, coronavírus contaminam pratos ou talheres se alguém infectado espirra ou tosse diretamente neles. No entanto, o Departamento Federal alemão de Avaliação de Riscos (BfR) enfatiza que "até agora não se sabe de infecções com o Sars-Cov-2 por esse meio de transmissão".
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Medo de importados?
Ainda segundo o BfR, os pais não precisam temer um contágio através de brinquedos importados. Até o momento não pôde ser comprovado nenhum caso desses. Os estudos sugerem que o novo coronavírus seja relativamente instável em termos ambientais: os patógenos permaneceriam infecciosos durante vários dias sobretudo a temperaturas baixas e alta umidade atmosférica.
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Vírus pelo correio?
Em geral, coronavírus humanos não são especialmente resistentes sobre superfícies secas. Como sua estabilidade fora do organismo humano depende de diversos fatores ambientais, como temperatura e umidade, o BfR considera "antes improvável" um contágio por pacotes de correio – embora ressalvando ainda não haver dados mais precisos sobre o Sars-Cov-2.
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Pingue-pongue entre cão e dono?
Meu cachorro pode me contagiar e eu a ele? Também o risco de contaminação de animais domésticos é considerado muito baixo pelos especialistas, embora não o descartem. Os próprios animais não apresentam sintomas patológicos. Caso infectados, contudo, é possível transmitirem o coronavírus pelas vias respiratórias ou excreções.
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Verduras assassinas?
Igualmente improvável é a transmissão do Sars-Cov-2 através de alimentos contaminados, na avaliação do BfR, não sendo conhecidos casos comprovados. Lavar cuidadosamente as mãos antes do preparar da refeição continua sendo mandatório nos tempos da covid-19. Como os vírus são sensíveis ao calor, aquecer os alimentos pode reduzir ainda mais o risco de contágio.
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Longa vida no gelo
Embora os coronavírus Sars e Mers conhecidos até o presente reajam mal ao calor, eles são bastantes resistentes ao frio, permanecendo infecciosos a -20 ºC por até dois anos. Também aqui, contudo, não há qualquer indício de cadeias infecciosas do Sars-Cov-2 por meio do consumo de alimentos, mesmo supercongelados.
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Animais silvestres são tabu
Um efeito positivo do surto de covid-19 é a China ter proibido o consumo de carne de animais selvagens. Há fortes indícios de o novo coronavírus ter sido transmitido aos seres humanos por um morcego. O animal, porém, não teve qualquer culpa: ele foi possivelmente servido como iguaria, certamente contra a própria vontade. E agora os seres humanos amargam a "maldição do morcego que virou sopa"...