Alemanha enquadra diretório estadual da AfD como extremista
7 de novembro de 2023
Órgão concluiu que diretório do partido na Saxônia-Anhalt defende ideias que afrontam a Constituição – o mesmo já havia ocorrido na Turíngia. Classificação permite espionagem para prevenir riscos à segurança do país.
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O diretório do partido Alternativa para a Alemanha (AfD) no estado da Saxônia-Anhalt é uma organização extremista de direita e, portanto, deve ser acompanhado pelo serviço secreto a fim de prevenir riscos à segurança interna e à ordem liberal-democrática do país, anunciou nesta terça-feira (07/11) o Departamento de Proteção da Constituição do estado.
O órgão concluiu que o diretório da AfD defende abertamente ideias que afrontam a Constituição, e vem passando por um processo de radicalização desde a pandemia de covid-19 – isso seria confirmado em declarações públicas de teor antissemita, racista e islamofóbico, proferidas por funcionários e mandatários da sigla, segundo o chefe do órgão, Jochen Hollman.
O diretório, de acordo com Hollmann, persegue a ideia de um "povo nacional homogêneo do ponto de vista etnocultural" e de exclusão de pessoas em razão de sua origem ou religião, além de trabalhar pela "dissolução da democracia parlamentar", ridicularizando instituições e seus representantes, a fim de minar sua credibilidade perante o povo.
Hollmann disse ainda que o partido demoniza imigrantes ao se referir a eles como "invasores" ou pessoas "estranhas à nossa cultura", que só querem ser sustentados pelo Estado. Pessoas eleitas pela sigla também teriam atacado o princípio do Estado de Direito em declarações, com o objetivo de "destituir de direitos segmentos inteiros da sociedade e submetê-los a um regime arbitrário", afirmou.
Este é o segundo diretório estadual da AfD a ser classificado como extremista. O primeiro, na Turíngia, já havia sido declarado como tal em março de 2021.
A classificação de um grupo como extremista é uma formalidade necessária para que agentes do Departamento de Proteção da Constituição tenham mais poderes para espionar seus integrantes, a fim de reunir eventuais provas sobre atividades extremistas e, em último caso, banir uma organização política que seja considerada perigosa para o país.
Antes de aplicar essa classificação, o Departamento de Proteção da Constituição só pode manter uma organização sob observação pelas vias convencionais, a partir de fontes de informação públicas e de livre acesso, como perfis em redes sociais. O diretório da AfD na Saxônia-Anhalt vinha sendo acompanhado dessa forma desde janeiro de 2021. O diretório nacional da AfD também está sob observação.
"Vivemos em uma democracia militante. Nela, o Departamento de Proteção à Constituição funciona como um sistema de alerta precoce, avisando a sociedade sobre atitudes hostis à Constituição, para que ninguém diga depois que não sabia", afirmou Hollmann.
ra/bl (AFP, ots)
Os principais partidos alemães
São eles: Partido Social-Democrata (SPD), União Democrata Cristã (CDU), União Social Cristã (CSU), Partido Liberal Democrático (FDP), Alternativa para a Alemanha (AfD), Verdes, Esquerda e Aliança Sahra Wagenknecht (BSW)
Foto: picture-alliance/dpa
União Democrata Cristã (CDU)
Fundada em 1945, a CDU se considera "popular de centro". Seus governos predominaram na política alemã do pós-guerra. O partido soma em sua história cinco chanceleres federais, entre eles Helmut Kohl, que governou por 16 anos e conduziu o país à reunificação em 1990, e Angela Merkel, a primeira mulher a assumir o cargo, em 2005.
Foto: picture-alliance/dpa/A. Dedert
Partido Social-Democrata da Alemanha (SPD)
Integrante da Internacional Socialista, o SPD é uma reconstituição da legenda homônima fundada em 1869 e identificada com as classes trabalhadoras. Na Primeira Guerra, ele se dividiu em dois partidos, ambos proibidos em 1933 pelo regime nazista. Recriado após a Segunda Guerra, o SPD já elegeu quatro chanceleres federais: Willy Brandt, Helmut Schmidt, Gerhard Schröder e Olaf Scholz.
Foto: Thomas Banneyer/dpa/picture alliance
União Social Cristã (CSU)
Igualmente fundada em 1945, a CSU só existe na Baviera, onde a CDU não conta com diretório local. Os dois partidos são considerados irmãos. A CSU tem como objetivo um Estado democrático e com responsabilidade social, fundamentado na visão cristã do mundo e da humanidade. Desde 1949, forma no Bundestag uma bancada única com a CDU.
Foto: Peter Kneffel/dpa/picture alliance
Aliança 90 / Os Verdes (Partido Verde)
O partido Os Verdes surgiu em 1980, após três anos participando de eleições como chapa avulsa, defendendo questões ambientais e a paz. Em 1983, conseguiu formar uma bancada no Bundestag. Oito anos depois, o movimento Aliança 90 se fundiu com ele. Em 1998 participou com o SPD pela primeira vez do governo federal.
Foto: Christophe Gateau/dpa/picture alliance
Partido Liberal Democrático (FDP)
O Partido Liberal Democrático (FDP, na sigla em alemão) foi criado em 1948, inspirado na tradição do liberalismo e valorizando a "filosofia da liberdade e o movimento pelos direitos individuais". O partido é tradicionalmente um membro minoritário de coalizões de governo federais
Foto: Hannes P Albert/dpa/picture alliance
A Esquerda (Die Linke)
Die Linke (A Esquerda, em alemão) surgiu da fusão, em 2007, de duas agremiações esquerdistas: o Partido do Socialismo Democrático (PDS), sucessor do Partido Socialista Unitário (SED) da extinta Alemanha Oriental, e o Alternativa Eleitoral por Trabalho e Justiça Social (WASG, criado em 2005, aglutinando dissidentes do SPD e sindicalistas).
Foto: DW/I. Sheiko
Alternativa para a Alemanha (AfD)
Fundada em 2013, inicialmente como uma sigla eurocética de tendência liberal, a AfD rapidamente passou a pender para a ultradireita, especialmente após a crise dos refugiados de 2015-2016. Com posições radicalmente anti-imigração, membros que se destacam por falas incendiárias, a legenda tem vários diretórios classificados oficialmente como "extremistas" pelas autoridades
Foto: Martin Schutt/dpa/picture alliance
Aliança Sahra Wagenknecht (BSW)
A Aliança Sahra Wagenknecht (BSW) é um partido fundado em janeiro de 2024 pela mulher que lhe dá o nome, uma ex-parlamentar do partido Die Linke (A Esquerda) que defende uma mistura de política econômica de esquerda e retórica social de direita. Nas suas primeiras eleições, o partido tomou boa parte do espaço que era ocupada pela Esquerda.
Foto: Anja Koch/DW
Os pequenos
Há numerosos partidos menores na Alemanha, como Os Republicanos (REP) e o Heimat (Pátria), ambos de extrema direita, ou o Partido Marxista-Leninista (MLPD), de extrema esquerda. Outros defendem causas específicas, como o Partido dos Aposentados, o das mulheres, dos não eleitores, ou de proteção dos animais. E mesmo o Violetas, que reivindica uma política espiritualista.