País deve aumentar drasticamente sua previsão de requerentes de asilo, adianta o "Handelsblatt". Exepectativa atual é de 450 mil no ano. ONU pede que todos os países europeus façam sua parte para acolher os migrantes.
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O governo da Alemanha espera que 650 mil ou até 750 mil pessoas solicitem asilo no país em 2015, informou nesta nesta terça-feira (18/08) o jornal Handelsblatt, citando fontes do governo.
A atual previsão do Departamento Federal para Migração e Refugiados é de que o país receba até 450 mil pedidos de asilo em 2015. Segundo o Handelsblatt, o ministro do Interior, Thomas de Mazière, deverá apresentar a nova previsão nesta quarta-feira.
Uma consulta aos governos estaduais alemães revelou que o número de refugiados aumentou consideravelmente durante o verão europeu, escreve o Handelsblatt. Em Hamburgo, por exemplo, mais de 7,3 mil pessoas pediram asilo no segundo trimestre do ano. No primeiro trimestre haviam sido 6,7 mil. Somente em julho, 5,7 mil pessoas se candidataram.
Uma situação semelhante é verificada em Baden-Württemberg, onde o número de pedidos de asilo chegou a quase 7,1 mil em julho – duas vezes o registrado em maio, conforme o jornal.
"Obrigação moral e legal"
Diante do aumento do número de pessoas que pedem abrigo na Europa – muitas delas fugindo de regiões de conflito e da pobreza no Oriente Médio e na África – a ONU pediu para os países europeus fazerem a sua parte.
"Temos de distribuir melhor a responsabilidade na Europa", disse o alto comissário da ONU para refugiados, António Guterres, ao jornal alemão Die Welt.
"No longo prazo, não é sustentável que apenas dois países da União Europeia – Alemanha e Suécia – acolham a maioria dos refugiados com estruturas de asilo eficientes", disse.
"A maioria das pessoas que vem de barco pelo Mediterrâneo está fugindo de conflitos e perseguição. Todos os Estados na Europa têm a obrigação moral de recebê-las bem e uma clara obrigação legal de protegê-las", afirmou Guterres.
O ex-primeiro-ministro português também criticou meios de comunicação e até mesmo políticos por rotularem os refugiados como "parasitas que querem levar vantagem na prosperidade da Europa".
"Fico preocupado quando refugiados são tachados de intrusos, desempregados e terroristas para estimular o medo nas pessoas. Isso é uma luta por valores", disse Guterres.
Nos últimos meses, a Alemanha registrou ataques a residências de refugiados, aparentemente motivados por xenofobia.
MP/dpa/afp
De onde vêm os refugiados africanos?
Em 2015 mais de 200 mil pessoas entraram ilegalmente na Europa cruzando o mar Mediterrâneo. Listamos os principais países de origem dos refugiados africanos e os motivos pelos quais eles eles deixam seus lares.
Foto: AFP/Getty Images/C. Lomodong
1° Eritreia
Segundo a ONU, pelo menos 357 mil pessoas – 5% da população – fugiram da Eritreia em 2014. O país, considerado a "Coreia do Norte da África", enfrenta péssimas condições econômicas e humanitárias como pobreza, tortura e prisões arbitrárias. A maioria dos refugiados são jovens que querem fugir do Exército. O serviço militar oficial dura 18 meses, mas na prática é prorrogado indefinidamente.
Foto: Reuters/B. Ratner
2° Somália
A Somália é considerada um "estado falido", sem um governo central há 20 anos. Segundo o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), 14% da população – mais de um milhão de pessoas – vive no exílio. Dentro do país a população vive aterrorizada pelo grupo extremista islâmico Al Shabaab. Cerca de 7mil refugiados cruzaram o Mediterrâneo só no primeiro semestre de 2015.
Foto: Getty Images/AFP/M. Abdiwahab
3° Nigéria
Os ataques do grupo terrorista Boko Haram contra a população do norte da Nigéria têm provocado uma catástrofe humanitária. Além disso, segundo a Anistia Internacional, a situação na Líbia também obriga os nigerianos que haviam encontrado emprego e proteção no país a fugir mais uma vez. Cerca de 8 mil nigerianos chegaram à Itália no primeiro semestre de 2015.
Foto: Reuters/A. Sotunde
4° Gâmbia
Com apenas 1,8 milhão de habitantes, Gâmbia é um dos menores países da África. Ainda assim, 4 mil pessoas pediram asilo na Europa só no primeiro semestre de 2015. A situação se assemelha à da Eritreia: há mais de 20 anos o governo impõe um regime de opressão. Mais da metade dos gambianos vive abaixo da linha de pobreza, e cerca de 60% da população é analfabeta.
Foto: STR/AFP/Getty Images
5° Sudão
O governo Sudão está em uma longa guerra contra grupos rebeldes. Só na província de Darfur mais de 300 mil pessoas já morreram. Os ataques contra a população civil e as perseguições às minorias étnicas obrigam os sudaneses a fugir. O país também acolhe refugiados de outras regiões: cerca de 167 mil pessoas da Eritrea, Etiópia, Chade e Congo se unem aos milhões de deslocados internos do Sudão.