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Alemanha estuda como se defender do Brasil

mw27 de junho de 2002

Contra-ataques do trio "R" são o grande temor. Jeremies deve substituir Ballack. Kahn sonha com pênalti decisivo. Operadoras de viagem colocam mais três aviões à disposição dos torcedores de última hora.

Goleiro menos vazado na Copa, Kahn, avisa: "Vão ter de passar por mim, se quiserem vencer"Foto: AP

Mais do que vencer, o assunto na concentração alemã em Seul é como não perder a decisão da Copa do Mundo, domingo, em Yokohama (Japão), para o Brasil. Todos acreditam ser possível derrotar o tetracampeão mundial, mas mostram tanto respeito pelo adversário, que defender-se a todo custo é a ordem do dia.

"De modo algum podemos sair para uma disputa aberta. Se o fizermos, seremos vice", adverte o meio-campista Hamann, que prega disciplina e ordem como a fórmula para a vitória.

"Não podemos permitir que eles contra-ataquem, como aconteceu com os ingleses. Pelo mesmo motivo, a Turquia perdeu", avisa o treinador auxiliar Michael Skibbe, o único membro da comissão técnica alemã que assistiu à semifinal entre Brasil e Turquia pessoalmente em Saitama.

Kahn versus o trio "R"

"Se quisermos vencer os brasileiros, cada um de nós terá de fazer o jogo de sua vida", anuncia o goleiro Kahn, que desafia o trio Rivaldo, Ronaldo e Ronaldinho. "São três craques excepcionais. Mas vão ter de passar por mim, se quiserem ganhar. Eu sinto que nós seremos os campeões", acrescenta a principal estrela da equipe alemã, responsável pela defesa menos vazada da Copa do Mundo (apenas um gol em seis jogos).

Os demais alemães compartilham do otimismo. "As chances são de 50% para cada lado, mas, ao fim, nós vamos ter nos imposto", garante Skibbe. "Desenvolvemos uma dinâmica própria e podemos encarar qualquer adversário de igual para igual", acredita Hamann. "Para o Brasil também será difícil nos vencer", observa Ramelow, o meio-campista improvisado de zagueiro no mundial.

O treinador Rudi Völler admite a inferioridade de sua equipe, a começar pelas alternativas para montar um time. "Os brasileiros podem praticamente enviar para cá uma segunda seleção de 23 jogadores, quando se observa os que ficaram em casa, como os que jogam na Alemanha", opina o técnico, deixando transparecer um pouco de inveja com a matéria-prima que o colega Luís Felipe Scolari tem à disposição.

Sem Ballack, ainda mais defensivo

Agora, por exemplo, Völler estuda como escalar seu time sem o "insubstituível" Ballack, suspenso para a decisão com dois cartões amarelos. Com os desfalques de Scholl e Deisler antes do mundial, Ballack era o último criador no meio-campo alemão. "No que diz respeito a suas qualidades, é muito difícil substituí-lo", confessa o técnico. Sem ele, parece não restar mesmo a Völler alternativa que não fechar ainda mais sua equipe na defesa, deixando o artilheiro Klose isolado na frente.

O mais forte candidato a entrar no lugar de Ballack é o raçudo Jeremies, um incansável batalhador no meio-campo. Porém, sem aparecer como finalizador de jogadas como Ballack, autor dos gols decisivos contra os EUA e a Coréia do Sul. "Mas ele tem muitas outras qualidades. Jens é uma boa opção", reconhece Skibbe, pensando na necessidade de a Seleção Alemã desarmar as criações e quebrar o ritmo do ataque brasileiro, o mais positivo do mundial (16 gols em seis jogos).

Palavras do goleiro Kahn também indicam que esta será a tática de sua equipe. Ele espera uma final semelhante à de 1994, entre Brasil e Itália, marcada tanto pela tática e pela cautela que "as duas equipes se neutralizaram" durante 120 minutos. A decisão acabou ficando para os pênaltis, nos quais os brasileiros levaram a melhor.

Kahn, aliás, sonha fazer, de pênalti, o gol decisivo da partida. Mas ele tem consciência de que dificilmente terá esta oportunidade. "Fico com minha tarefa", diz resignado o goleiro, que pode se orgulhar de ter defendido três pênaltis na final da Liga dos Campeões em 2001, garantindo ao Bayern de Munique o título europeu.

Treino antes do retorno ao Japão

Nesta quinta-feira em Seul, o técnico Völler permitiu pela última vez que 150 jornalistas acompanhassem 15 minutos do treino alemão. A partir de agora, o treinador quer sigilo absoluto sobre escalação, tática e treinamentos, recebendo o apoio de seu capitão. "Não acho conveniente falar em público como podemos vencer o Brasil", afirma Kahn. Völler promoverá ainda mais três treinos no Japão, um deles de reconhecimento do estádio da final.

A delegação alemã muda-se nesta sexta-feira para Yokohama, voltando ao Japão após ter disputado no país a primeira fase da copa. As autoridades aéreas japonesas autorizaram pedido da Federação Alemã de Futebol (DFB) para que seu avião charter pouse no aeroporto de Haneda, normalmente usado apenas para vôos nacionais. A priori, os alemães vindos de Seul teriam de ir para o de Narita. Ambos ficam nos arredores de Tóquio, assim como a própria Yokohama. O de Narita, porém, fica 70 quilômetros mais distante da cidade da final do mundial.

Torcedores rumo a Yokohama

Na Alemanha, a classificação do time de Völler para a decisão provocou uma corrida às agências de viagens. Somente na própria terça-feira, quando a Seleção Alemã garantiu sua vaga na final, a DFB registrou mais de dois mil pedidos de ingressos, tendo recebido apenas 1774 para vender. Portanto, muitos torcedores terão de ir comprar suas entradas pessoalmente no Japão.

Para estes, as duas operadoras de viagens credenciadas pela Federação de Futebol fretaram três aviões - inclusive um Jumbo, para o qual as passagens já se esgotaram -, com partidas previstas para sexta-feira, de Frankfurt, Munique e Düsseldorf. Um pacote com dois pernoites em Tóquio não sai por menos de cinco mil reais, fora o ingresso.