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Alemanha fecha consulados do Irã após execução de dissidente

31 de outubro de 2024

Berlim reage ao assassinato de cidadão alemão-iraniano Jamshid Sharmahd pelo regime fundamentalista de Teerã. "Relações diplomáticas já estão em patamar mais do que baixo", diz ministra alemã do Exterior.

Fachada do consulado iraniano em Frankfurt
Ministério alemão do Exterior ordenou fechamento dos consulados iranianos em Frankfurt, Munique e HamburgoFoto: Boris Roessler/dpa/picture alliance

A Alemanha ordenou nesta quinta-feira (31/10) o fechamento dos três consulados iranianos em território alemão em reação à execução do cidadão alemão-iraniano Jamshid Sharmahd pelo regime fundamentalista de Teerã nesta semana.

A decisão de fechar os consulados iranianos em Frankfurt, Munique e Hamburgo foi anunciada pela ministra alemã do Exterior, Annalena Baerbock. O governo alemão, porém, permitiu que a embaixada do Irã em Berlim permanecesse aberta.

"Nossas relações diplomáticas já estão em um patamar mais do que baixo", afirmou Baerbock. Ela criticou o Irã por utilizar reféns para fazer política, e acusou o regime fundamentalista de tentar usar o apoio da Alemanha a Israel no conflito do Oriente Médio para justificar a execução. "Outros alemães também estão sendo mantidos presos injustamente. Estamos profundamente comprometidos com eles e continuamos a trabalhar incansavelmente por sua libertação", afirmou.

Berlim já havia convocado o representante diplomático iraniano no país para dar explicações sobre a execução de Sharmahd. A ministra pediu que União Europeia (UE) acrescente a Guarda Revolucionária do Irã à sua lista de grupos terroristas.  

O embaixador alemão no Irã, Markus Potzel, enviou um protesto formal ao ministro iraniano do Exterior, Abbas Araghchi, antes de ser chamado a Berlim para consultas. O chanceler federal alemão, Olaf Scholz, classificou de "escândalo" a execução de Sharmahd e havia afirmado que a resposta de Berlim viria "nos termos mais fortes".

Sequestrado por agentes iranianos

O dissidente alemão-iraniano de 69 anos vivia nos Estados Unidos e foi sequestrado por agentes de segurança iranianos quando estava em Dubai, em 2020. Ele foi condenado à morte pelo regime por acusações de terrorismo, após um julgamento considerado como uma farsa pelos EUA, Alemanha e entidades de direitos humanos.

O engenheiro de software foi condenado à morte pelo Judiciário do regime fundamentalista do país em fevereiro de 2023 pela acusação de que teria envolvimento em um ataque a uma mesquita na cidade de Shiraz que matou 14 pessoas, em 2008.

Jamshid Sharmahd foi condenado à morte pelo Judiciário iraniano em fevereiro de 2023, acusado de terrorismoFoto: Koosha Falahi/Mizan/dpa/picture alliance

A condenação formal de Sharmahd foi pelo crime iraniano de espalhar "corrupção na Terra", uma tipificação vaga e genérica que o regime islâmico usa para uma série de supostos crimes, geralmente relacionados a valores religiosos.

O anúncio da detenção de Sharmahd aconteceu na esteira do aumento das tensões entre Irã e os Estados Unidos com o colapso do acordo nuclear de Teerã com as potências mundiais, firmado em 2015.

Acusação de terrorismo

Teerã acusou Sharmahd de ser o "líder do grupo terrorista Tondar, que dirigiu atos armados e terroristas no Irã a partir dos Estados Unidos". O pouco conhecido grupo Tondar, o braço armado da "Assembleia do Reino do Irã", tem sede na Califórnia e diz que busca restaurar a monarquia iraniana que foi derrubada pela revolução islâmica de 1979.

As autoridades iranianas disseram que ele havia "planejado 23 ataques terroristas", dos quais "cinco foram bem-sucedidos", incluindo o atentado a bomba de 2008 contra uma mesquita em Shiraz, que matou 14 pessoas e feriu mais de 200.

A família de Sharmahd diz que serviu apenas como porta-voz do grupo e não teve relação alguma com nenhum ataque no Irã. Teerã também o acusou de estar em contato com "oficiais do FBI e da CIA" e de ter "tentado entrar em contato com agentes do Mossad israelense".

A Anistia Internacional afirmou que Sharmahd foi forçado a confessar sua participação e que ele havia dito à sua família que havia sido torturado na detenção.

A Alemanha, a UE e outros países insistiram para que a sentença de morte fosse revogada.

A filha de Sharmahd, Gazelle Sharmahd, liderou a luta para que ele fosse poupado da execução.

"Não acho que palavras possam mudar um regime terrorista", disse Gazelle à DW logo após a condenação de seu pai, em 2023. "Este é um regime que sequestra pessoas como meu pai de fora do Irã e as leva para lá. Esse regime terrorista não responderá a nenhum tipo de conversa ou diplomacia. Já vimos isso, infelizmente."

rc (AFP, AP, Reuters, DPA)

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