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Crise no mundo árabe

4 de junho de 2011

Berlim retira seus diplomatas devido ao aumento da violência no Iêmen. Ministro alemão das Relações Exteriores, Guido Westerwelle, pede que alemães deixem o país. Ferido em ataque, presidente iemenita divulga mensagem.

SANAA, May 25, 2011 (Xinhua) -- Smoke rises during the shootout between government forces and armed tribesmen in Sanaa, Yemen, May 25, 2011. At least 16 people were killed as fierce gunshots continued in Sanaa. (Xinhua) (zw) XINHUA /LANDOV
Combates entre governo e rebeldes tomam capital, SanaaFoto: picture alliance / landov

As violações dos direitos humanos cometidas recentemente no Iêmen são inaceitáveis", declarou neste sábado (04/06) o ministro das Relações Exteriores Alemanha, Guido Westerwelle, durante visita a em Hanói, no Vietnã. Ele afirmou, ainda, que os recentes combates obrigam o governo alemão a retirar seu corpo diplomático do país. Além disso, o ministro apelou a todos os cidadãos alemães que deixem o Iêmen o mais rápido possível.

Westerwelle alertou para o perigo de uma guerra civil. "A situação é grave. Uma guerra civil no Iêmen constituiria um perigo não só para o próprio país, mas para
toda a região e para a Europa", advertiu. "Se o Estado se esfacela, o Iêmen ameaça virar um paraíso para terroristas. Isso também diz respeito à nossa segurança", complementou o ministro.

Segundo Guido Westerwelle, o governo alemão observa há semanas a situação no Iêmen "com crescente preocupação". Ele lembrou que o presidente do país não atendeu aos apelos para proteger a população civil e iniciar uma "transição ordenada", com um diálogo pacífico. "O governo alemão condena com veemência todas as formas de violência", dizia a declaração divulgada pelo ministro.

Cresce pressão internacional

Westerwelle pediu que alemães deixem IêmenFoto: picture alliance / dpa

A embaixada da Alemanha no país árabe vinha sendo mantida nos últimos dias somente por uma equipe reduzida. A maioria dos funcionários e diplomatas já havia deixado o Iêmen. Os três diplomatas restantes devem deixar o país ainda nesta final de semana.

Os Estados Unidos, a União Europeia e o Conselho de Cooperação do Golfo voltaram a pedir o fim da violência no Iêmen. A União Europeia estuda possibilidades de reação em resposta ao agravamento da crise. A chefe da diplomacia da UE, Catherine Ashton, disse em Bruxelas que tinha "acionado os mecanismos para facilitar a retirada dos cidadãos da UE que desejem abandonar o país". Para isso, ela contactou o Centro de Informação e Vigilância, agência da UE para proteção civil. Nos últimos dias, vários Estados retiraram seus diplomatas da capital Sanaa por motivos de segurança.

Mensagem de áudio para tranquilizar o povo

A situação no Iêmen continua a se agravar. Nesta sexta-feira, o presidente do país, Ali Abdullah Saleh, foi levemente ferido em um ataque à sua residência, em que seis guardas foram mortos e oito funcionários de alto escalão ficaram feridos, de acordo com informações do governo. Em uma mensagem de áudio transmitida na noite de sexta-feira pela TV estatal, o presidente apelou às Forças Armadas que agissem contra as "gangues armadas" que alvejaram seu palácio.

Saleh se recusa a deixar o poder, apesar de pressão crescenteFoto: dapd

Saleh responsabilizou um clã rival pelo ataque e anunciou que pretende "destruir a gangue dos filhos de al-Ahmar". O xeque Sadiq al-Ahmar é um poderoso líder tribal cujos seguidores combatem desde 23 de maio as forças do governo, em sangrentas batalhas em Sanaa.

Na sexta-feira, os confrontos se alastraram a partir do bairro em que al-Ahmar reside para outras partes da capital. Entre outras retaliações, as tropas do governo incendiaram o prédio de uma estação de televisão privada pertencente a um irmão do xeque.

Número de mortos

Mais de 370 pessoas já morreram desde o início dos protestos, em janeiro, contra o regime de Ali Abdullah Saleh, que já dura 33 anos. Quase metade das mortes ocorreu nos últimos dez dias. Três tentativas anteriores de mediação, lideradas pelos Estados do Golfo, foram rejeitadas por Saleh, apesar da pressão internacional e do crescente enfraquecimento do apoio interno ao governo.

MD/dpa/rtr/dapd/afp
Revisão: Nádia Pontes

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