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Alemanha finalmente tem sua imagem transformada

Nancy Isenson (mm)3 de julho de 2006

O significado total da Alemanha sediando uma Copa do Mundo começa apenas agora a ser compreendido. Na sua forma típica de entendimento, o país está vencendo as críticas – apenas sendo ele mesmo.

O consenso até agora é de que a Copa do Mundo tem sido uma grande festaFoto: AP

Por que a Alemanha? Eu muitas vezes penso que não ouviria esta pergunta tão freqüentemente se morasse na França, Itália ou Inglaterra. Claro que todos também tiveram pontos históricos baixos que gostariam nunca tivessem acontecido, mas eles não são lembrados disso constantemente. Ao contrário, eu vivo em um país que tem comido a "torta da humildade" por décadas. Parece ser o destino de residentes estrangeiros ter que explicar sua escolha pela Alemanha várias e várias vezes. Mas os tempos estão mudando – graças à Copa do Mundo.

Acostumadas com insultos, as pessoas daqui estão sendo surpreendidas com o que de bom está sendo dito por visitantes estrangeiros sobre seu lar até então sempre caluniado. A Alemanha já venceu o torneio somente por isso, como aponta o colunista Steve Richards do diário britânico The Independent. Ele afirma que visitantes fãs de futebol e jornalistas vêm elogiando a "maneira fácil de viajar de localidade para localidade, a limpeza das cidades, a qualidade das acomodações, as simpáticas ciclovias... e a habilidade das cidades em organizar festivais noturnos sem que terminem em uma baderna alcoólica".

O correspondente do The Guardian em Berlim, Luke Harding, também registrou na imprensa britânica a "cobertura entusiástica, positiva e justa" da Copa do Mundo da Alemanha. Roger Cohen, escrevendo no New York Times, descobriu que os alemães podem de fato ser flexíveis e – Deus o livre – bem-humorados.

A maneira alemã?

A transformação da imagem é simplesmente o que os alemães esperavam mas, repetidamente, falhavam em obter. O problema não foi apenas Hitler, Segunda Guerra Mundial e o Holocausto: sua abordagem geral de "garrafa meio vazia" para a vida também acabou resultando em má relação pública. O país viu coletivamente as contínuas mudanças decorrentes da reunificação, mercado de trabalho e reformas no sistema de saúde, alto índice de desemprego e greves de longa duração da parte médica e funcionalismo público através do prisma do seu pessimismo inato.

Alemães podem ficar eternamente se castigando porque são cegos às realizações de seu país ou porque estão ansiosos em evitar que suas conquistas sejam vistas de forma errônea pelos estrangeiros. Qualquer que seja o motivo, a busca perpétua por sua alma é um dreno emocional e se desconta da alta qualidade de vida que eles conseguiram estabelecer e defender diante de numerosos desafios.

Além do preconceito

Os tablóides ingleses, em particular, se aproveitaram de oportunidades para manter os clichês teutônicos vivos. Mas agora, atraídas não necessariamente pelo anfitrião, mas pelo maior evento esportivo do mundo, pessoas que jamais viriam para cá estão aqui descobrindo que se enganaram com relação à Alemanha.

Apesar das previsões de dias negros que circularam na imprensa alemã antes do evento, a Copa do Mundo tem sido até agora um tremendo sucesso no que diz respeito ao bem-estar. Os alemães estão usando os holofotes para mostrar ao mundo que suas forças residem na eficiência, pontualidade e organização, mas também, aparentemente, na hospitalidade e no conceito de recepção de braços abertos. Até agora, o retorno sugere que sua campanha foi muito além do que os cépticos esperavam.

Claro, a Copa do Mundo da Alemanha logo vai acabar. Se tivermos sorte, os visitantes estrangeiros, espectadores e observadores da mídia não vão esquecer do noite para o dia. Faria bem à Alemanha. Além do mais, eu tenho aproveitado não ter que ficar me justificando ultimamente.

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