Alemanha forma primeiro grupo de imãs treinados no país
2 de outubro de 2023
Devido ao grande número de líderes religiosos islâmicos que vêm do exterior e para tentar reduzir influência de governos estrangeiros, Alemanha criou sua própria escola de treinamento para imãs há quatro anos.
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Vinte e quatro muçulmanos de diferentes regiões da Alemanha graduaram-se em um treinamento de imã – líder que dirige orações coletivas do islamismo, com liderança religiosa e também secular entre os xiitas – no Colégio Islâmico da Alemanha, em Osnabrück, no noroeste do país, no último sábado (30/09).
Os formandos, que incluíam homens e mulheres, receberam o certificado de conclusão após cursarem os estudos durante dois anos.
"Este é um dia histórico", disse o presidente do conselho de administração do Colégio Islâmico, o ex-presidente da Alemanha, Christian Wulff, durante uma entrevista coletiva de imprensa.
Pela primeira vez, os aspirantes a imãs concluíram seu treinamento prático em território alemão, no idioma alemão e com apoio acadêmico, acrescentou Wulff, afirmando ainda que o colégio, atualmente, é um centro de treinamento reconhecido e recebe diversas consultas, inclusive do exterior.
"Isso nunca aconteceu antes, mas já era esperado há muito tempo, tendo em vista os milhões de muçulmanos em nosso país", afirmou o ex-presidente, destacando que a instituição de ensino estava fazendo uma contribuição importante para a construção da paz e da integração.
Cerca de 5,5 milhões de muçulmanos vivem na Alemanha – aproximadamente, 6% da população, estimada em mais de 83 milhões de habitantes.
Por que o estudo na Alemanha?
Há quatro anos, a Alemanha anunciou que criaria um centro de treinamento para líderes islâmicos apoiado pelo Estado para ajudar a reduzir o número de imãs vindos do exterior, principalmente da Turquia.
Hoje, a Alemanha tem entre 2 mil e 2,5 mil líderes religiosos islâmicos, que tendem a vir e a permanecer no país por quatro ou cinco anos, geralmente pagos por seus países de origem, mas que sabem pouco sobre a cultura e os costumes locais
Segundo autoridades alemães, muitos desses imãs são funcionários do Estado turco que buscam ampliar a agenda política na Alemanha.
A influência de Ancara sobre a comunidade muçulmana é uma questão espinhosa há bastante tempo, especialmente desde o golpe fracassado contra o presidente Recep Tayyip Erdogan em 2016.
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Falta de empregos
O ex-presidente alemão acredita que as dificuldades que os graduados podem enfrentar para encontrar emprego poderão ser resolvidas nos próximos anos, especialmente se o Estado puder criar oportunidades na área de assistência social islâmica, incluindo capelães – autoridades religiosas.
O Ministério da Defesa da Alemanha se pronunciou favoravelmente sobre o emprego de capelães muçulmanos, futuramente, na Bundeswehr, as Forças Armadas alemãs.
O presidente do Conselho Central de Muçulmanos na Alemanha, Aiman Mazyek, expressou satisfação com os primeiros graduados. Mas disse que o Estado não deveria ter permissão para financiar, direta ou indiretamente, colaboradores ou funcionários religiosos.
A instituição de caridade católica Caritas e sua equivalente protestante Diakonie recebem financiamento do Estado.
Mazyek afirmou que seria possível imaginar acordos de compartilhamento de trabalho para imãs que também poderiam atuar como professores de religião em escolas.
Bülent Ucar, diretor do Colégio Islâmico, disse que gostaria de ver o treinamento de imãs "se tornar algo comum" e que estava confiante de que as perspectivas de emprego melhorariam.
gb (AFP, dpa, EPD)
O lento avanço dos direitos das mulheres na Arábia Saudita
Em 2018, país passou a permitir que mulheres obtenham carteira de motorista e dirijam sem serem acompanhadas por um tutor do sexo masculino. Conheça outras conquistas femininas na nação islâmica nas últimas décadas.
Foto: Getty Images/F.Nureldine
Escola em 1955; universidade só em 1970
As meninas nem sempre puderam frequentar escolas na Arábia Saudita. Só a partir de 1955 foi permitida a matrícula de garotas na primeira escola para meninas, Dar Al Hanan. Já a Riyadh College of Education, primeira instituição de ensino superior para mulheres, foi aberta em 1970.
Foto: Getty Images/AFP/F. Nureldine
2001: Carteira de identidade
Em 2001 foi permitido às mulheres sauditas terem carteira de identidade, para poderem provar quem são, por exemplo, em questões de herança ou de propriedade. Mas a identificação só podia ser feita com a permissão do guardião dela e era entregue a ele, em vez de diretamente à mulher. Só em 2006 as sauditas passaram a receber carteiras de identidade sem precisar da permissão do responsável por elas.
Foto: Getty Images/J. Pix
2005: Fim do casamento forçado – só no papel
Embora a Arábia Saudita tenha acabado com os casamentos forçados em 2005, eles continuam sendo negociados pelo noivo com o pai da noiva, e não com ela.
Foto: Getty Images/A.Hilabi
2009: Mulher em ministério
Em 2009, o rei Abdullah nomeou Noura al Fayez vice-ministra da Educação. A primeira mulher em um ministério saudita é encarregada de assuntos para mulheres.
Foto: Foreign and Commonwealth Office
2012: primeiras atletas olímpicas
A Arábia Saudita permitiu em 2012 que atletas do sexo feminino competissem pela equipe nacional nos Jogos Olímpicos. Uma delas foi Sarah Attar, que correu a prova de 800 metros em Londres usando uma touca. Antes dos Jogos, houve especulações de que a equipe saudita poderia ser banida por discriminação de gênero se não permitisse que as mulheres participassem.
Foto: picture alliance/dpa/J.-G.Mabanglo
2013: Mulher pode andar de sobre duas rodas
Em 2013 foi permitido às mulheres na Arábia Saudita andar de bicicleta e moto – mas apenas em áreas de lazer e desde que completamente cobertas por roupas islâmicas e acompanhadas por um parente do sexo masculino.
Foto: Getty Images/AFP
2013: Mulheres no Conselho Consultivo
Em fevereiro de 2013, o rei Abdullah indicou 30 mulheres para o Conselho Consultivo, ou Shura. A nomeação de mulheres para o conselho, que costuma ser composto apenas por homens, marcou um momento histórico. O órgão aconselha o rei em questões de política e legislação. Pouco tempo depois, mulheres receberam a permissão de se candidatar ao cargo.
Foto: REUTERS/Saudi TV/Handout
2015: Mulheres em eleições municipais
Nas eleições municipais de 2015 na Arábia Saudita, as mulheres puderam se candidatar e votar pela primeira vez. Apenas para comparar: a Nova Zelândia foi o primeiro país a permitir o voto feminino já em 1893. A Alemanha fez isso em 1919. Na votação saudita de 2015, 20 mulheres foram eleitas para cargos em nível municipal.
Foto: picture-alliance/AP Photo/A. Batrawy
2017: Mulher na Bolsa de Valores
Em fevereiro de 2017, a Bolsa de Valores saudita nomeou a primeira presidente mulher em sua história: Sarah Al Suhaimi.
Foto: pictur- alliance/abaca/Balkis Press
2018: Mulheres na direção (de carros)
Em 26 de setembro de 2017, a Arábia Saudita anunciou que a partir de junho de 2018 as mulheres não precisariam mais da permissão de seu tutor do sexo masculino para obter uma carteira de motorista e não seria mais necessário que seu guardião as acompanhasse no veículo.