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Alemanha inaugura maior central de inteligência do mundo

8 de fevereiro de 2019

Após atrasos e escândalos, novo prédio do BND é inaugurado por Merkel, que reforça que papel da agência é garantir segurança dos alemães. Complexo levou mais de uma década para ficar pronto e custou 1 bilhão de euros.

Premiê alemã, Angela Merkel e presidente do BND, Bruno Kahl, posam diante da nova sede dos serviço secreto, em Berlim
Premiê alemã, Angela Merkel (esq.) e presidente do BND, Bruno Kahl, posam diante da nova sede dos serviço secretoFoto: picture-alliance/dpaM. Sohn

A chanceler federal da Alemanha, Angela Merkel, inaugurou nesta sexta-feira (08/02) em Berlim a nova sede do Serviço Federal de Informações (BND), a agência de inteligência externa do país, que, nos últimos anos, esteve envolvida numa série de escândalos.

O prédio, que lembra uma fortaleza, custou 1,1 bilhão de euros e abrigará 4 mil dos 6.500 funcionários da agência. Ele foi construído ao longo de 11 anos, no local de um antigo estádio esportivo da Alemanha Oriental, onde antes o Muro de Berlim cortava a metrópole. Trata-se da maior central de serviço secreto do mundo, cobrindo 10 hectares, o equivalente a 36 campos de futebol.

Apontando o grande número de ameaças globais, do terrorismo aos ciberataques, Merkel agradeceu ao BND por seu trabalho "para que milhões de alemães possam viver em segurança". Desde sua fundação, após a Segunda Guerra Mundial, a agência estava instalada num antigo assentamento nazista fora de Munique.

Sua nova e imponente presença visa sinalizar um papel global mais confiante ocupado pelo país. A maciça estrutura, com fachada de calcário e alumínio, no centro berlinense oferece ao chefe do BND, Bruno Kahl, vista para a Chancelaria Federal, a que o órgão está subordinado.

Para muitos alemães, devido ao passado fascista e totalitário do país, a ideia de um serviço secreto evoca imagens não só de filmes de James Bond, mas também da Gestapo (que serviu ao regime nazista) e da Stasi (da extinta Alemanha Oriental).

Abalado por uma série de escândalos, em especial revelações de Edward Snowden, ex-colaborador da Agência de Segurança Nacional dos EUA (NSA), a direção do BND prometeu maior transparência a um público cético. Em meados do ano, ela planeja a abertura de um centro para visitantes, depois de já ter ampliado sua presença online e intensificado as atividades de recrutamento para a nova geração de espiões alemães.

Muitos ficaram chocados com as revelações de Snowden, em 2013, de que o departamento alemão colaborara de perto com os serviços secretos britânico e americano no monitoramento quase integral das comunicações digitais do mundo.

Depois de Merkel ter criticado severamente Washington por grampear seu telefone celular durante anos, a Alemanha foi forçada a admitir que o próprio BND espionara alvos como a presidência francesa, a União Europeia e organizações internacionais de imprensa, assim como a Interpol e a Europol.

A operação em grande escala para construir a nova sede em Berlim igualmente esteve sujeita a atrasos, estouros de orçamento e falhas técnicas. Em 2011, a agência teve de admitir que as plantas para o vasto complexo haviam sido roubadas, embora minimizando os riscos de segurança implicados na perda.

Em 2015, ladrões arrombaram o canteiro de obras da futura sede e roubaram torneiras recém-instaladas, causando inundação e danos consideráveis, no que a mídia apelidou de "escândalo do Watergate".

Na cerimônia de inauguração, Merkel frisou que, enquanto o Stasi "foi utilizado contra a população", o BND serve ao país e está sujeito às leis e à supervisão parlamentar. "Uma desconfiança saudável é útil, mas ser desconfiado demais é um obstáculo", afirmou a chefe de governo.

Também nesta sexta-feira, o antigo chefe do BND Gerhard Schindler reclamou por a seção de vigilância técnica da central ter permanecido na antiga base, na capital bávara, decisão para a qual não haveria qualquer "razão racional, lógica".

AV/afp/ots

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