Alemanha indenizará cônjuges de sobreviventes do Holocausto
Rebecca Staudenmaier ca
2 de julho de 2019
Até agora, pagamentos a judeus que sobreviveram ao nazismo cessavam quando estes morriam, deixando viúvos e viúvas sem importante fonte de renda. Dezenas de milhares de cônjuges devem ter direito a benefício.
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A partir de agora, viúvos e viúvas de sobreviventes do Holocausto poderão receber indenização do governo alemão, segundo a Associação de Reivindicações Materiais de Judeus contra a Alemanha (JCC, na sigla em inglês).
A entidade, sediada em Nova York, divulgou um comunicado nesta segunda-feira (1°/07) afirmando que Berlim concordou em continuar pagando pensão ao cônjuge do sobrevivente por até nove meses após a morte do parceiro ou parceira.
Por volta de 30 mil pessoas devem ter direito ao benefício estendido. Espera-se que 14 mil cônjuges recebam o pagamento retroativamente, disse Greg Schneider, negociador da organização JCC.
"Temos sobreviventes que há muitos anos têm apenas o suficiente para pagar as contas", disse Schneider. "Esses nove meses adicionais de pagamento ajudam a família deles a lidar com as novas circunstâncias."
Anteriormente, os pagamentos indenizatórios eram interrompidos com a morte do sobrevivente do Holocausto, o que muitas vezes deixava o cônjuge sem uma fonte importante de renda.
Desde 1952, o governo alemão pagou mais de 80 bilhões de dólares (cerca de 307 bilhões de reais) em pensões e pagamentos de assistência social a judeus que sofreram sob o regime nazista.
O governo alemão também concordou em contribuir com o fundo da Associação de Reivindicações para os chamados gentios justos – não judeus que ajudaram pessoas de fé judaica a sobreviver ao Holocausto.
Atualmente, por volta de 277 gentios justos ainda estão vivos, de acordo com Schneider, acrescentando que muitos precisam de assistência financeira na velhice.
O governo alemão também concordou em dar um adicional de 44 milhões de euros (por volta de 191 milhões de reais) para fundos de bem-estar social – totalizando 524 milhões de euros para 2020.
Esses fundos fornecem assistência financeira para cerca de 132 mil sobreviventes do Holocausto em todo o mundo, incluindo cuidados domiciliares para mais de 78 mil pessoas, disse a Associação de Reivindicações.
"A ampliação desses benefícios alcançada pelo trabalho duro de nossa delegação de negociações, incluindo a remuneração adicional e mais financiamento para serviços sociais, ajudará a garantir a dignidade nos últimos anos de vida dos sobreviventes", afirmou em comunicado o presidente da JCC, Julius Berman.
"Continua sendo nosso imperativo moral continuar lutando enquanto ainda houver sobreviventes entre nós", acrescentou.
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Grandes e pequenos memoriais em toda a capital alemã relembram seu passado judaico e os crimes do regime nazista.
Foto: Renate Pelzl
Memorial aos Judeus Mortos da Europa
Esse enorme campo de monólitos no centro da capital alemã foi inaugurado em 2005. O projeto é do arquiteto nova-iorquino Peter Eisenmann. Os quase três mil blocos de pedra evocam a lembrança dos seis milhões de judeus de toda a Europa que foram assassinados pelos nazistas.
Foto: picture-alliance/Schoening
Stolpersteine ("pedras de tropeço")
Estes pequenos blocos podem ser encontrados em centenas de calçadas de Berlim, em frente a imóveis que eram ocupados por famílias judias. Nelas, constam os nomes dos antigos moradores judeus e informações sobre seu destino final, como o campo de concentração para onde foram enviados. No total, existem mais de 7 mil desses pequenos memoriais só em Berlim.
Foto: DW/T.Walker
A casa da Conferência de Wannsee
Quinze autoridades nazistas de alto escalão se reuniram nesta mansão às margens do lago Wannsee, no subúrbio berlinense de mesmo nome, em 20 de janeiro de 1942. O tema da conferência: discutir o assassinato sistemático de judeus europeus, que foi batizado de "solução final para a questão judaica". Hoje o local é um memorial.
Foto: picture-alliance/dpa
Memorial Plataforma 17
Rosas brancas na plataforma 17 da estação Grunewald, no oeste da capital, lembram os mais de 50 mil judeus de Berlim que foram enviados para a morte a partir desse local. Em exibição estão 186 placas que mostram a data, o destino e o número de deportados.
Foto: imago/IPON
Museu Otto Weidt
O complexo de prédios Hackesche Höfe no centro de Berlim é mencionado em vários guias de viagem. Em um dos edifícios, ficava a fábrica de escovas e vassouras do empresário alemão Otto Weidt (1883-1947). Durante a era nazista, ele empregou muitos judeus cegos e surdos, salvando-os da deportação e da morte. Hoje o local é um museu.
Foto: picture-alliance/Arco Images
Centro de moda na Hausvogteiplatz
O coração da moda de Berlim uma vez bateu aqui. Uma placa comemorativa feita de espelhos lembra os estilistas e fashionistas judeus que fizeram roupas para toda a Europa na praça Hausvogtei. Os nazistas expropriaram os donos judeus e entregaram os ateliês para funcionários e empresários arianos. Esse centro de moda acabou sendo irremediavelmente destruído durante a Segunda Guerra Mundial.
Foto: picture-alliance/dpa/J. Kalaene
Memorial na Koppenplatz
Antes do Holocausto, 173 mil judeus viviam em Berlim. Em 1945 havia apenas 9 mil. O monumento "Der verlassene Raum" (a sala abandonada) está localizado no meio da área residencial da praça Koppen. É uma forma de relembrar os cidadãos judeus que foram tirados de suas casas e nunca retornaram.
Foto: DW
O Museu Judaico
O arquiteto Daniel Libeskind escolheu um design dramático: visto de cima, o edifício parece uma estrela de David quebrada. O Museu Judaico é um dos prédios mais visitados em Berlim, oferecendo uma visão geral da turbulenta história teuto-judaica.
Foto: AP
Cemitério Judaico Weissensee
Ainda há oito cemitérios judaicos em Berlim. O maior deles fica no distrito de Weissensee. Com cerca de 115 mil túmulos, é o maior cemitério judaico da Europa. Muitos judeus perseguidos se esconderam no emaranhado de construções dos cemitérios durante o regime nazista. Em 11 de maio de 1945, três dias após o fim da Segunda Guerra, o primeiro funeral judaico público foi realizado aqui.
Foto: Renate Pelzl
A Nova Sinagoga
Quando a sinagoga da rua Oranienburger foi consagrada em 1866, o prédio foi considerado o mais magnifico templo judaico da Alemanha. O edifício foi danificado na Noite dos Cristais em 1938 e depois foi duramente bombardeado na Segunda Guerra. No início dos anos 1990, foi parcialmente reconstruído. Desde então, sua cúpula dourada voltou a ser facilmente inidentificável no horizonte de Berlim.