Alemanha inicia recuperação de barco de 4 mil anos
1 de abril de 2021
Devido à fragilidade da madeira, embarcação encontrada no Lago de Constança terá que ser erguida em partes, em processo que levará várias semanas.
Anúncio
Escavações começaram esta semana para resgatar um barco pré-histórico com mais de 4 mil anos do Lago de Constança, no sul da Alemanha. Trata-se de uma antiga piroga de oito metros de comprimento identificada pela primeira vez na segunda metade de 2018. O desafio agora será justamente erguer a embarcação do fundo do lago, devido à fragilidade da madeira.
Acredita-se que a piroga milenar seja do período entre 2.400 a 2.300 a.C., o que a tornaria a mais antiga embarcação conhecida encontrada no lago.
"Graças a essa descoberta, o uso do lago como canal ou para transporte de pesca pode agora ser documentado pela primeira vez", disse o presidente do distrito de Stuttgart, Wolfgang Reimer. Não há, porém, nenhum outro vestígio na área associado ao barco primitivo.
Em contraste com uma canoa de carvalho descoberta há três anos na parte bávara do Lago de Constança, a piroga feita de tília não pode ser trazida inteira para a superfície. "A madeira é muito frágil e delicada para isso", disse Reimer. A recuperação, portanto, deve levar várias semanas.
Insights sobre a pré-História
Com o achado, os pesquisadores esperam obter novos insights sobre a vida nas águas durante a Idade da Pedra e o início da Idade do Bronze. "Com a canoa, podemos ter certeza: as pessoas estiveram aqui. E eles usaram o Lago de Constança como um canal e águas de pesca", disse nesta quarta-feira (31/03) a arqueóloga subaquática Julia Goldhammer à agência de notícias Dpa.
Pelos próximos anos, a relíquia, apelidada de "barco original", será agora cuidadosamente recuperada, restaurada e conservada pelo Escritório Estadual de Preservação de Monumentos.
A proa da embarcação, infelizmente, não foi preservada. No entanto, com seus 8,56 metros de comprimento e 81 centímetros de largura, a canoa ainda é "uma das embarcações pré-históricas mais preservadas de todos os tempos", disse o Ministério da Economia de Baden-Württemberg.
Anúncio
O barco do Lago de Constanca
O achado do Lago de Constança consiste em jangadas ocas utilizadas principalmente nos tempos pré-históricos para o transporte de mercadorias, pesca e transporte em geral. Segundo historiadores, há indícios de que as pessoas cruzavam o Lago de Constança há milhares de anos.
"Com uma canoa, é possível atravessar longas distâncias com rapidez e facilidade", disse Julia Goldhammer à dpa. "Havia muito mais floresta e pântanos, e nenhuma estrada, então a água era uma alternativa óbvia."
Goldhammer e seu colega, Heiner Schwarzberg, do Acervo Arqueológico da Bavária, acreditam que há muito mais canoas semelhantes no lago.
"É claro que deve haver mais canoas, afinal, havia dezenas de assentamentos em lagos pré-históricos”, disse Schwarzberg.
Ele acrescentou que as embarcações eventualmente existentes provavelmente estariam em boas condições, devido às condições do lago.
"Eles são preservados em lodo e sob a ausência de ar, como múmias de pântanos", disse Schwarzberg. "É por isso que o Lago Constança também é ideal para achados, porque eles não se deterioram tão rapidamente por aqui.
ip/msh (AFP, dpa, DW)
Tesouros arqueológicos de 2020
Apesar da pandemia, arqueólogos continuaram seus trabalhos e conseguiram fazer descobertas espetaculares em 2020, como sarcófagos, estátuas de mármore e moedas de ouro.
Foto: Khaled Desouki/AFP/Getty Images
Local do achado: Sacará
A antiga necrópole egípcia de Sacará (ou Sacara), a cerca de 30 quilômetros ao sul do Cairo, é um dos sítios de escavação arqueológica mais importantes do Egito, junto com o Vale dos Reis e as Pirâmides de Gizé. Em 2020, vários achados espetaculares colocaram Sacará nas manchetes internacionais. Em setembro e outubro, por exemplo, foram encontrados sarcófagos de madeira esplendidamente decorados.
Foto: Samer Abdallah/dpa/picture alliance
Sarcófagos do Antigo Egito
Em novembro, dezenas de sarcófagos foram descobertos novamente na necrópole de Sacará. Decorados com pinturas artísticas, os caixões de madeira datam de mais de 2,5 mil anos atrás. A fim de examinarem o interior dos sarcófagos mais de perto, os pesquisadores abriram cuidadosamente a tampa de cada um deles. As descobertas no Egito foram a sensação arqueológica de 2020.
Foto: Khaled Desouki/AFP/Getty Images
Placa de nome de lugar mais antiga do mundo
Em 2020, egiptólogos da Universidade de Bonn, na Alemanha, decifraram uma inscrição de mais de 5 mil anos feita numa pedra. A descoberta deriva de Wadi Abu Subeira, a nordeste de Assuã. Em cooperação com o Ministério de Antiguidades do Egito, que supervisiona as escavações de todas as equipes de pesquisa no país, cientistas descobriram que se trata de antiga placa toponímica do 4º milênio a.C..
Foto: Ludwig Morenz
Local do achado: Ruínas de Pompeia
O sítio arqueológico da cidade romana de Pompeia, ao sul de Nápoles, revela surpresas arqueológicas há décadas. Durante a histórica erupção vulcânica do Vesúvio em 79 d.C., o local foi soterrado por um misto de lama, chuva de cinzas e lava líquida, e muitas pessoas e animais morreram. Os antigos vestígios de Pompeia só foram redescobertos por arqueólogos no século 18.
Foto: picture-alliance/Jens Köhler
Antiga "lanchonete"
Pouco antes do Natal, arqueólogos de Pompeia apresentaram sua descoberta mais espetacular do ano: um "termopólio" – antigo restaurante de rua – com o balcão pintado. Os cientistas suspeitam que os buracos arredondados no balcão serviam para armazenar recipientes térmicos de comida. Pratos feitos com pato, frango e outros alimentos faziam parte do cardápio.
Foto: Luigi Spina/picture alliance
Muralha da cidade de Jerusalém
O ano de 2020 também levou a novas conclusões científicas: após anos de escavações na área da atual Jerusalém, uma equipe de pesquisadores liderada pelo arqueólogo alemão Dieter Vieweger descobriu partes da antiga muralha da cidade que datam do período bizantino e da época do rei Herodes. Com isso ficou claro que a Jerusalém histórica era significativamente menor do que se supunha até então.
Foto: DW/T. Krämer
Aldeia do século 2
Em Jerusalém, conflitos políticos e religiosos sempre fizeram parte do dia a dia. Em suas várias camadas arqueológicas, é possível identificar milhares de anos de história multicultural. No primeiro semestre de 2020, restos de uma muralha do século 2 foram escavados bem no meio de Jerusalém. Traços da vida cotidiana fornecem pistas sobre os assentamentos da época.
Foto: picture-alliance/NurPhoto/A. Widak
Cabeça do deus grego Hermes
Enquanto trabalhavam no sistema de canalização de Atenas, operários de construção encontraram a enorme cabeça de uma escultura antiga. Após exames mais detalhados, pesquisadores constataram que se tratava de um valioso bem cultural: a cabeça de mármore do deus Hermes, que, de acordo com o Ministério da Cultura grego, data do século 3 ou mesmo do século 4 a.C..
Foto: Greek Culture Ministry/picture alliance/dpa
O mistério de Stonehenge
Até hoje ainda não se sabe se Stonehenge era um templo, um antigo local de sacrifícios ou um observatório astronômico. Mas em 2020, pesquisadores conseguiram descobrir a origem das pedras mundialmente famosas no sul da Inglaterra. Segundo o estudo, as rochas vêm da região montanhosa dos Westwoods. Já a maneira como as pedras de até sete metros de altura foram transportadas permanece um mistério.