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Alemanha insta Bagdá a refutar "provas" dos EUA

ef / am6 de fevereiro de 2003

O ministro alemão Joschka Fischer exigiu de Bagdá respostas imediatas e claras às acusações apresentadas pelos EUA na ONU.

Colin Powell apresentou gravações, fotos e imagens de satélites para respaldar acusações de BushFoto: AP

Na opinião do ministro alemão, Bagdá terá oportunidade de refutar as acusações americanas durante a próxima visita dos inspetores de armamentos da ONU ao país. O êxito dessa missão de extrema importância dependerá da inteira cooperação da liderança iraquiana. Todos os motivos de suspeita têm de ser esclarecidos sem que reste qualquer dúvida, disse o ministro. Joschka Fischer voltou a defender uma solução pacífica e conclamou a que as inspeções da ONU sejam ainda mais rigorosas.

Na Alemanha, a documentação apresentada pelos Estados Unidos ao Conselho de Segurança serviu para provocar rupturas na coligação antibélica entre o governo e a oposição. O porta-voz de política exterior da oposição democrata-cristã, Wolfgang Schäuble, mostrou-se convencido pela argumentação de Colin Powell e considera comprovado que Saddam Hussein possui e continua desenvolvendo armas de extermínio em massa.

Schäuble conclamou a que se torne mais racional e menos emocional o debate sobre a crise iraquiana na Europa. A seu ver, não há mais dúvida de que Saddam Hussein estaria tentando construir armas atômicas. "A população européia precisa tomar mais consciência disto", afirmou.

Acusações repetidas

Diante do Conselho de Segurança da ONU, o secretário de Estado Colin Powell repetira na tarde desta quarta-feira (5) a série de acusações feitas pelo governo Bush, como a suposta existência de laboratórios sobre rodas para produção de armas biológicas. Segundo ele, Saddam Hussein também teria impedido pessoalmente que cientistas fossem interrogados por inspetores da ONU. O ditador iraquiano ameaçara os cientistas com demissão e prisão domiciliar, caso cooperassem com os inspetores.

O Iraque escondeu e destruiu documentos sobre armas de destruição em massa, acusou Powell no seu discurso, acrescentando que Bagdá teria também ligações com a rede terrorista Al Qaeda. Abu Mussab al-Sarkawi, um dos principais cúmplices de Osama bin Laden vive no Iraque sob a proteção do governo de Saddam Hussein e os ativistas da organização terrorista podem operar livremente no norte do país, afirmou o secretário de Estado, sem citar provas de tal afirmação.

Material comprometedor

Powell apresentou gravações, fotos e imagens de satélites para apoiar as demais acusações do presidente George W. Bush, a fim de justificar uma guerra para desarmar e destituir o regime de Bagdá. As imagens de satélite provariam que o Iraque destruiu material comprometedor pouco antes dos inspetores de armas da ONU chegarem no país, há mais de dois meses, segundo o chefe da diplomacia dos Estados Unidos.

Os EUA apresentaram ao Conselho de Segurança desenhos próprios de laboratórios móveis para produção de armas biológicas no Iraque. Os desenhos seriam de testemunhas que tiveram de ser protegidas pelos americanos, disse Powell. O Iraque possuiria no mínimo sete desses laboratórios sobre rodas e seria muito difícil encontrá-los entre milhares de caminhões em circulação nas ruas e estradas. "Mas não há dúvida de que Bagdá possui armas biológicas", afirmou o secretário de Estado. O Iraque também disporia de 100 a 500 toneladas de gases tóxicos para armas químicas.

União Européia pressiona

Horas antes do discurso de Powell, a União Européia exigiu do Iraque um desarmamento imediato e apoio incondicional aos inspetores de armas da ONU, como última chance para evitar uma guerra. "O tempo está se esgotando", diz a UE em sua primeira advertência a Bagdá, numa declaração divulgada simultaneamente em Bruxelas, Nova York e Atenas, em nome dos seus quinze membros atuais e dos dez a serem integrados em 2004.

O cumprimento da resolução 1441, que determina a eliminação das armas iraquianas de destruição em massa, é a última chance para o desarmamento do Iraque por vias pacíficas, diz o comunicado emitido pela Grécia, atualmente na presidência da UE. "Se Bagdá não usar esta oportunidade, o Iraque terá que assumir as conseqüências".

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