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Mais verbas para memoriais

Agências (sm)19 de junho de 2008

Governo alemão libera mais verbas para memoriais de crimes nazistas e injustiças cometidas durante a ditadura socialista na Alemanha. Cultivar a memória histórica continua sendo uma responsabilidade do Estado.

Memorial no campo de concentração de Dachau recebe mais verbasFoto: picture-alliance/ dpa

O gabinete de governo alemão acertou uma nova concepção de fomento aos memoriais históricos alemães. O projeto elaborado pelo ministro da Cultura, Bernd Neumann (CDU), prevê mais verbas federais para os memoriais dedicados à época nazista e à ditadura socialista na antiga República Democrática Alemã (RDA).

No ano corrente, serão 10 milhões de euros suplementares e, em 2009, 2 milhões extras, de modo que as instituições de investigação e conservação da memória desses dois capítulos da história alemã receberão da União 35 milhões de euros anualmente.

Nazismo e socialismo lado a lado?

Apesar de a nova concepção ser bem vinda, por garantir a continuidade das investigações sobre a ditadura socialista e manter viva a memória dos crimes nazistas, a menção indistinta desses dois períodos históricos, lado a lado, foi alvo de rigorosas críticas.

Após a divulgação do primeiro esboço do projeto, em 2007, o Conselho Central dos Judeus da Alemanha criticou o peso que a investigação da repressão praticada pelo regime socialista receberia em comparação com a memória do nazismo. O projeto se referia originariamente a "ambas as ditaduras alemãs"; após assimilar as críticas, contudo, menciona em sua atual versão a "incomparabilidade do Holocausto".

Mesmo assim, o partido A Esquerda – composto por dissidentes do Partido Social Democrata (SPD) e do extinto Partido do Socialismo Democrático (PDS), sucessor do partido central da ditadura socialista – voltou a exigir um limite claro entre a época nazista e a história da Alemanha socialista. O argumento, análogo ao do órgão alemão de representação judaica, é de que o paralelo entre ambos os períodos implicaria uma relativização do crime nazista.

O ministro da Cultura nega que as ditaduras nazista e socialista sejam igualadas no projeto, mas alerta do perigo de descartar como inofensivos quaisquer crimes históricos. "Toda memória do passado ditatorial alemão tem que partir do princípio de que nem os crimes nazistas podem ser relativizados, nem se pode minimizar as injustiças cometidas pela ditadura socialista", sublinhou o político democrata-cristão, declaradamente preocupado com o grande desconhecimento do passado socialista entre os escolares alemães.

Campos de concentração e fichas do serviço secreto socialista

O projeto, nova versão de um documento elaborado pela coalizão de governo social-democrata e verde em 1999, insiste que a investigação e reelaboração do passado nazista ainda não estão encerradas, mas devem continuar sendo uma prioridade do governo alemão.

Campo de concentração de Bergen-Belsen 60 anos após o fim da GuerraFoto: dpa - Report

Segundo os novos planos, quatro memoriais sediados em antigos campos de concentração nazistas – Bergen-Belsen, Dachau, Flossenbürg e Neuengamme – passarão a ser co-financiados pela União. Outros deverão ser reformados com as verbas disponibilizadas.

Quanto à ditadura socialista e suas conseqüências, Neumann aponta que o cultivo da memória histórica não se esgota no rastreamento dos arquivos do antigo serviço secreto da Alemanha Oriental. Isso significa que marcos da divisão da Alemanha em Berlim – como os memoriais Bernauer Strasse, Hohenschönhausen e Tränenpalast – adquiririam maior importância, bem como pontos escolhidos fora da capital, a exemplo do Memorial da Divisão Alemã Marienborn. A cidade de Leipzig deverá se tornar um centro de destaque para a documentação dos movimentos de resistência na Alemanha Oriental.

Berlim, espaço de memória da Guerra Fria

Muro de Berlim na Bernauer StrasseFoto: DW

Por ocasião da divulgação do projeto governamental de incentivo à memória, surgiu a idéia de criar um Museu da Guerra Fria em Berlim. Uma iniciativa de importantes políticos alemães e estrangeiros – com a participação do ex-ministro do Exterior da Alemanha, Hans-Dietrich Genscher, e do ex-presidente tcheco Vaclav Havel, entre outros – defende a transformação do Checkpoint Charlie, museu localizado na antiga passagem do Muro de Berlim, em centro de documentação sobre a Guerra Fria.

As duas décadas desde o término da Guerra Fria mudaram tanto o mundo "que ficou difícil recordar tanto sua ameaça quanto a superação da mesma", argumentam os mentores. A geração pós-1989 não teria mais nenhuma lembrança da repressão e da divisão do continente. Como cidade fronteiriça no conflito Leste-Oeste, Berlim seria o lugar mais adequado para se manter permanentemente viva a memória da Guerra Fria.

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