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Alemanha investiga ligação de ataque em trem com EI

19 de julho de 2016

Refugiado de 17 anos atacou com faca e machado os passageiros de um trem no sul da Alemanha, deixando cinco feridos. Bandeira do "Estado Islâmico" é achada em seu quarto, e jihadistas reivindicam atentado.

Já pela manhã, policiais buscam pistas que possam ajudar a esclarecer motivação do ataque
Já pela manhã, policiais buscam pistas que possam ajudar a esclarecer motivação do ataqueFoto: picture-alliance/dpa/K. J. Hildenbrand

"Estado Islâmico" reivindica ataque na Baviera

01:05

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As autoridades alemãs investigam nesta terça-feira (19/07) a ligação entre um adolescente afegão de 17 anos, que atacou a machadadas e facadas passageiros de um trem na Baviera, e o "Estado Islâmico". Até agora, porém, se limitaram a classificar o atentado, que deixou cinco feridos, como uma ação de motivação "política" e "religiosa islâmica", evitando o termo terrorismo.

A cautela se dá apesar de o "Estado Islâmico" ter reivindicado a autoria do atentado; ter divulgado um vídeo com imagens do que seria o jovem fazendo ameaças; e de uma bandeira da organização jihadista ter sido encontrada em seu quarto, junto a um papel escrito em pachto, parte em alfabeto árabe e parte no alfabeto latino, que pode ser uma carta de despedida. Esses objetos podem indicar que o jovem se radicalizou em curto espaço de tempo e por conta própria.

O fato de o jovem ter entrado na Alemanha como refugiado, vindo do Afeganistão, tem potencial para inflamar o debate sobre as políticas migratórias do governo Angela Merkel. Cerca de 1,5 milhão de pessoas pediram asilo no país no último ano e meio, e críticos veem riscos à segurança da Alemanha.

Gritos em árabe na hora do ataque

Segundo o investigador-chefe da promotoria de Bamberg, Erik Ohlenschlager, o ataque ao trem regional em Würzburg, na noite anterior, teve motivações políticas.

Ohlenschlager confirmou que o agressor gritou "Allahu akbar" (Deus é grande, em árabe) ao menos três vezes durante o atentado, e um delas foi gravada pela polícia durante uma ligação de emergência feita por uma testemunha.

Ele acrescentou que não há indícios de ligação do agressor com a milícia terrorista "Estado Islâmico", mas que ele certamente simpatizava com o grupo, como comprova a bandeira pintada a mão encontrada no quarto do jovem.

Segundo o investigador, o agressor queria se vingar do que infiéis fizeram a ele a seus "irmãos de fé". Por isso, ele teria embarcado no trem com a intenção de matar pessoas, ciente de que poderia perder a própria vida durante a ação.

No sábado passado, o agressor teria ficado sabendo que um amigo dele no Afeganistão morrera. Segundo o investigador, o jovem afegão era um muçulmano crente, que não havia despertado suspeitas de radicalização.

O investigador Lothar Köhler disse que a morte do amigo causou um profundo impacto no agressor, segundo o relato de testemunhas, e nos últimos dias ele telefonou várias vezes com pessoas ainda desconhecidas.

O agressor avançou sobre suas vítimas de forma virulenta, desferindo golpes no corpo e na cabeça, disse Ohlenschlager.

Conhecidos o descreveram como um muçulmano crente, sem aparência de fanático ou radical, disse o secretário. O jovem afegão seria uma pessoa calma e equilibrada, segundo as primeiras descrições. Ele frequentaria a mesquita principalmente em feriados religiosos.

O jovem chegou à Alemanha havia dois anos e recebeu refúgio como menor desacompanhado. Ele morou durante um tempo num abrigo em Ochsenfurt e, nas últimas semanas, morava com uma família.

Segundo os investigadores, havia de 25 a 30 pessoas no trem no momento do ataqueFoto: picture-alliance/dpa/K.-J. Hildenbrand

Vítimas de Hong Kong

Quatro dos cinco feridos no ataque são de Hong Kong, afirmou o chefe de governo da região administrativa chinesa, Leung Chun-Ying, nesta terça-feira. Membros da representação comercial de Hong Kong em Berlim visitaram as vítimas no hospital de Würzburg, na Baviera, onde ocorreu o ataque.

Segundo o jornal South China Morning Post, trata-se de uma família e um amigo dela. Os quatro feridos são o pai, de 62 anos, a mãe, de 58, a filha, de 27, e o namorado dela, de 31 anos. Um quinto membro do grupo, o filho de 17 anos, escapou ileso. Segundo o jornal, o pai e o namorado da filha tentaram proteger o grupo do ataque.

Manchas de sangue no interior do trem regionalFoto: picture-alliance/dpa/K. Hildenbrand

Uma mulher de identidade não revelada foi ferida pelo agressor no momento em que este deixava o trem, disseram autoridades.

Herrmann disse que a família de Hong Kong deve ter se tornado alvo do ataque por acaso. Segundo ele, uma das vítimas continua internada em estado grave e corre risco de vida. Horas antes ele havia dito que dois feridos no ataque ainda corriam risco de vida, sem especificar quais seriam.

Perseguição e morte

O ataque aconteceu na noite de segunda-feira. Com uma faca e um machado, o jovem afegão atacou passageiros de um trem regional, deixando ao menos cinco feridos, e foi morto por policiais durante a fuga.

O ataque ocorreu pouco antes de o trem chegar a Würzburg. Além dos cinco feridos, 14 pessoas ficaram em estado de choque.

Segundo os investigadores, havia de 25 a 30 pessoas no trem no momento do ataque. O agressor fugiu pouco antes da chegada a Würzburg, quando o sistema de freios de emergência parou a locomotiva.

Herrmann disse que um comando especial da polícia estava por acaso na região, atendendo a uma outra ocorrência, e iniciou a perseguição do agressor. Este teria atacado os policiais, que revidaram e o mataram a tiros, disse o secretário.

AS/afp/dpa/rtr