Alemanha já recebeu quase 1 milhão de refugiados em 2015
7 de dezembro de 2015
Número ultrapassa última estimativa do governo, divulgada em agosto, de que 800 mil migrantes entrariam no país durante o ano. Atualmente há um acúmulo de mais de 355 mil requerimentos de asilo empilhados.
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A estimativa oficial previa que cerca de 800 mil refugiados chegariam à Alemanha neste ano. A realidade, no entanto, já é outra. Até novembro, quase 965 mil requerentes de asilo foram registrados no país, como anunciou nesta segunda-feira (07/12) o Ministério alemão do Interior.
O número é quatro vezes maior do que a quantidade total de 2014, que foi de pouco mais de 238 mil migrantes. Somente em novembro, foram registrados 206 mil requerentes de asilo em todo o país. Mais da metade deles, cerca de 484 mil, veio da Síria. Em segundo lugar ficou o Afeganistão, seguido do Iraque.
O governo defende ainda a estimativa de agosto e alega que o número divulgado nesta segunda-feira ainda poderá ser corrigido, pois há muitas entradas registradas duas vezes.
"O prognostico em agosto deste ano era compreensível e coeso. Ele foi ultrapassado devido ao aumento do número desde meados de agosto", afirmou o ministro do Interior, Thomas De Maizière, que recusou apresentar uma estimativa nova.
O ministro, porém, ressaltou que o número de novos migrantes caiu nas últimas duas semanas. "Não é uma tendência, mas um bom desenvolvimento", disse, citando que a quantidade diária de refugiados que entrou na Alemanha caiu para entre 2 e 3 mil. No auge da crise, cerca de 10 mil migrantes chegavam diariamente ao país.
No último fim de semana, a polícia federal registrou a entrada de 4.913 migrantes, e a maioria chegou ao país pela Áustria.
Logo após a divulgação da estimativa de 800 mil em agosto, muitos governadores e prefeitos contestavam a previsão e afirmavam que o número de migrantes passaria de 1 milhão, diante do fluxo migratório intenso.
O governo alemão também vem sendo criticado pela lentidão no procedimento de asilo. A Agência Federal de Migração e Refugiados da Alemanha (Bamf) comunicou na sexta-feira que será capaz de lidar com os requerimentos de refugiados recém-chegados somente a partir de maio.
Atualmente há um acúmulo de mais de 355 mil requerimentos empilhados, apesar de a agência ter diminuído em 100 mil o número de pedidos pendentes. Nesta conta, no entanto, não estão incluídos os requerimentos de refugiados que ainda nem deram início aos seus processos.
CN/rtr/dpa/afp
Iniciativas a favor dos refugiados
Muitos alemães têm acolhido os refugiados e oferecido apoio a eles. Isso inclui também pessoas famosas, como o músico Udo Lindenberg e o ator Til Schweiger.
Foto: picture-alliance/dpa/B. von Jutrczenka
"Aktion Arschloch"
Esta iniciativa criada por um professor de música tentou levar o antigo hino antinazista "Schrei nach Liebe" ("Grito por amor") de volta às paradas. A música havia sido lançada pela banda Die Ärtze em 1993 e, 22 anos depois, de fato voltou às paradas, chegando ao primeiro lugar. Tanto a banda como as lojas online querem doar o valor arrecadado à organização Pro Asyl, que se dedica a refugiados.
Foto: aktion-arschloch.de
"Agora seremos amigos"
O roqueiro Udo Lindenberg fez em Bremen um show para cerca de cem refugiados e voluntários que trabalham nos abrigos. Entre as músicas executadas está uma novidade, a canção "Wir werden jetzt Freunde" (Agora seremos amigos), cuja letra é uma calorosa recepção aos refugiados: "Venha, agora seremos amigos, esta é a tua casa, e ninguém vai te expulsar daqui", canta o velho roqueiro.
Foto: picture-alliance/dpa/W. Kastl
Curso de alemão
O ator Til Schweiger criou uma fundação – com seu próprio nome – para auxiliar os refugiados. Ela conta com diversos apoiadores, como o técnico da seleção alemã, Jogi Löw, o rapper Thomas D e o ator Jan Josef Liefers. Com a fundação, Schweiger quer apoiar um abrigo de refugiados em Osnabrück, por exemplo oferecendo cursos de alemão.
Foto: picture-alliance/dpa/J. Kalaene
Roupas "Refugees Welcome"
O trio de rap e electropop Deichkind foi à cerimônia de entrega do prêmio de música alemã Echo, em marco, vestindo roupas com a frase "Refugees Welcome" ("Refugiados são bem-vindos"). Camisetas e moletons com a expressão são vendidos na loja online da banda, e os lucros são doados para a organização Pro Asyl.
Foto: Reuters/Michael Sohn
Instrumentos musicais
"Esporte e música são as coisas que as pessoas têm para tornar a sua vida mais alegre", afirmou o compositor Heinz Rudolf Kunze em entrevista ao jornal "Neue Presse". Ele fez um apelo às pessoas para que elas doem instrumentos musicais aos refugiados. "Essas pessoas tão humilhadas não precisam apenas de roupas e alimentos, elas também precisam de algo para se ocupar", afirmou.
Foto: picture-alliance/dpa/A. Weihs
Marcha para refugiados
A atriz Katja Riemann declarou ao jornal "Welt am Sonntag" que está planejando uma marcha em prol dos refugiados. Ela disse já estar em contato com a Anistia Internacional e a Pro Asyl. "Nós temos de voltar às ruas", ressaltou. "Não devemos deixá-las para os neonazistas ou para o Pegida."
Foto: picture-alliance/dpa/Wagner
"De saco cheio dos nazistas"
"O direito de asilo não é negociável, é um direito humano", afirma a campanha Kein Bock auf Nazis – expressão equivalente a "de saco cheio dos nazistas". A iniciativa conta com o apoio de 24 bandas e músicos alemães. Entre muitos outros estão nomes como Die Toten Hosen, Die Ärzte, Deichkind, Fettes Brot, Jan Delay, Tocotronic e Die Beatsteaks.