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Alemanha lança selo para roupas sustentáveis

9 de setembro de 2019

Segundo governo, iniciativa garante que consumidores possam optar por artigos têxteis produzidos respeitando padrões sociais e ambientais. Mas críticos afirmam que medida é fraca e acrescenta pouco a selos já existentes.

Funcionárias com máscaras e panos na cabeça trabalham em máquinas de costura
Fábrica de têxteis em Bangladesh: selo visa indicar produtos feitos em condições justasFoto: picture-alliance/NurPhoto/M. Hasan

A Alemanha lançou nesta segunda-feira (09/09) um selo para têxteis fabricados de forma sustentável. Batizado de Botão Verde, o novo carimbo estatal visa fornecer uma garantia aos consumidores para roupas cuja produção atende a certos padrões sociais e ambientais, incluindo salário mínimo para trabalhadores, proibição de trabalho infantil e o uso de certos produtos químicos e poluentes.

"Todo mundo dizia que não havia como certificar uma cadeia de suprimentos inteira até a loja", afirmou o ministro alemão do Desenvolvimento, Gerd Müller, ao jornal Augsburger Allgemeine. "Mas mostramos agora que isso é realmente possível com o exemplo dos têxteis."

Müller disse que a vontade de lançar um selo para garantir a responsabilidade social e a segurança da indústria de roupas foi impulsionada pelo desabamento, em 2013, do edifício Rana Plaza, prédio que abrigava fábricas têxteis na periferia de Daca, em Bangladesh. Mais de 1.130 pessoas morreram e quase 2.500 funcionários ficaram feridos no edifício, onde eram produzidas roupas para grandes cadeias, como Benetton, Primark, Walmart e Mango.

O selo já foi aplicado a produtos de algumas marcas alemãs menores, mas também para produtos de grandes cadeias, como a rede de supermercados Lidl e de lojas Tchibo.

Críticas ao selo

A iniciativa, contudo, foi bastante criticada pela indústria têxtil, que argumenta que o selo é supérfluo e cria estruturas duplicadas para aquelas já existentes. Críticos também afirmam que, se apenas a Alemanha participar, não haverá uma diferença real diante de um setor globalizado. "A iniciativa é boa, mas a implementação não é", avalia Uwe Wötzel, do braço alemão da aliança internacional Campanha por Roupas Limpas (Clean Clothes Campaign).

Wötzel afirma que "os critérios são simplesmente muito fracos" para fazer a diferença, no que diz respeito à sustentabilidade e à garantia de que os trabalhadores têxteis sejam empregados em condições justas e seguras. "Por exemplo, o salário mínimo estabelecido pelo selo é tão baixo que ninguém poderia viver com isso", ressalta.

Ele também critica que empresas que produzem na União Europeia recebem carta branca: elas podem obter o selo do governo alemão sem precisar provar que respeitam os direitos humanos e trabalhistas. No entanto, estudos mostram que há violações maciças a direitos trabalhistas em países do bloco, como Bulgária e Romênia.

A federação alemã de centrais de defesa do consumidor informou que prefere esperar algum tempo para ver se haverá efeitos reais do novo selo na indústria de vestuário do país.

MD/afp/kna/dpa

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