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TerrorismoAlemanha

Alemanha lembra 40 anos do atentado na Oktoberfest

26 de setembro de 2020

Em cerimônia, presidente alemão cita recentes ataques cometidos por extremistas de direita e pede combate firme a neonazista. Explosão de bomba em Munique deixou 12 mortos e mais de 200 feridos em 1980.

Presidente alemão, Frank-Walter Steinmeier, e sua esposa de máscaras chegam a cerimônia que marcou 40 anos do ataque na Oktoberfest
Presidente alemão discurso em cerimônia que marcou 40 anos do ataqueFoto: Christof Stache/AFP

O presidente alemão, Frank-Walter Steinmeier, pediu neste sábado (26/09) um combate firme a neonazistas e lembrou que o terrorismo de extrema direita é uma ameaça há décadas na Alemanha. O apelo foi feito num discurso na cerimônia que marcou os 40 anos do atentando a bomba na Oktoberfest, em Munique.

O ataque na Oktoberfest, que ocorreu em 26 de setembro de 1980, deixou treze mortos, incluindo o terrorista, e mais de 200 feridos – muitos tiveram que amputar membros –, após a explosão de uma bomba colocada numa lata de lixo. O atentado de extrema direita é considerado o mais mortal do país do pós-guerra.

Durante a cerimônia que ocorreu em Munique, Steinmeier afirmou que, em 1980, a Alemanha se uniu no desejo de que tal tragédia nunca se repetisse. "Foi um desejo que não foi cumprido", destacou, lembrando os assassinatos cometidos entre 2000 e 2006 pela rede de terrorismo neonazista Clandestinidade Nacional-Socialista (NSU).

Ele citou ainda o ataque em Halle, que ocorreu no ano passado e deixou dois mortos, e o atentado de Hanau, em fevereiro deste ano, quando nove pessoas foram mortas em dois bares. Ambos os ataques foram cometidos por extremistas de direita.

"Os assassinatos cometidos por terroristas de extrema direita nas últimas décadas não foram fruto de desequilíbrios. Os seus autores foram integrados em redes de ódio e violência, ou foram estimulados a cometer esses atos", afirmou Steinmeier. "Precisamos encontrar essas redes. Precisamos combatê-las, ainda com mais firmeza do que até agora", acrescentou.

Steimeier referiu-se ainda ao recente caso que revelou a existência de grupos de extrema direita no WhatsApp cujos integrantes eram membros da polícia da Renânia do Norte-Vestfália. "Já não é permitido fechar os olhos" a esse tipo de coisa, alertou, questionando se essas redes extremistas violentas não estariam sendo levadas a sério por agentes de segurança.

O presidente respondeu então que haveria apenas duas opções: o reconhecimento destas redes ocorreu tarde demais ou elas teriam sido "deliberadamente ignoradas". "Todos os esforços possíveis devem ser feitos para desmascarar essas redes de extrema direita, onde quer que estejam", insistiu.

Investigação do atentado foi reaberta em 2014Foto: Frank Leonhardt/dpa/picture-alliance

Steinmeier também traçou paralelos entre as recentes falhas na polícia e a investigação do atentado em 1980 que, segundo ele, ainda deixava "muitas perguntas sem resposta".

O inquérito original do ataque concluiu que não havia motivação política e, embora a ligação do terrorista com a organização nazista Wehrsportgruppe Hoffmann fosse conhecida, nenhuma prova conclusiva foi encontrada de que o grupo estivesse envolvido no caso. Na época, os investigadores disseram que o agressor cometeu o ataque porque estava estressado com uma prova e sofrendo por amor.

Em 2014, as investigações do atentado foram reabertas após surgirem novas testemunhas, que afirmaram ter visto o terrorista conversando com outros homens cerca de meia hora antes da explosão. Embora os investigadores tenham concluído neste ano que o ataque foi um ato de terrorismo de extrema direita, nenhum outro suspeito foi encontrado. O inquérito afirmou ainda que o agressor queria com o ato influenciar as eleições parlamentares na época e desejava a volta do regime nazista.

"A não resolução, quando uma resolução poderia e deveria ter sido possível, é indesculpável e uma falha que afeta a confiança nas autoridades investigativas e no judiciário", afirmou Steinmeier.

O presidente também saudou a decisão de julho que abriu caminho para a criação de um fundo de compensação adicional de 1,2 milhão de euros para as vítimas do ataque e suas famílias.

CN/dw/lusa

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