1. Pular para o conteúdo
  2. Pular para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

País dividido

13 de agosto de 2011

Cerimônia na capital alemã emocionou milhares de pessoas que viveram os 28 anos de separação alemã. População fez um minuto de silêncio em memória aos que morreram tentando fugir para o lado ocidental.

Merkel homenageou vítimas do Muro com coroa de flores
Merkel homenageou vítimas do Muro com coroa de floresFoto: picture alliance/dpa

A Alemanha celebrou neste sábado (13/08) os 50 anos da construção do muro que dividiu o país por 28 anos e que tombou em 1989, com a decadência do regime comunista.

A principal cerimônia foi realizada no Memorial do Muro de Berlim, na capital alemã, com a presença do presidente alemão, Christian Wulff, da chanceler federal, Angela Merkel, e do prefeito de Berlim, Klaus Wowereit. O memorial fica na Bernauer Strasse, rua que beirava o Muro e que é hoje um dos símbolos da divisão na cidade.

"A lembrança da injustiça do muro nos alerta para que não deixemos sozinhos os que lutam pela liberdade, pela democracia e pelos direitos cívicos", disse Wulff em seu discurso. "A liberdade acabou por triunfar, não há muro que resista ao desejo de liberdade", acrescentou o político, diante de muitos parentes de vítimas da época. O presidente alemão afirmou, ainda, ser necessário haver mais liberdade na Alemanha atual, incluindo uma melhor integração dos estrangeiros e mais possibilidades de uma vida melhor para todos.

"Jamais devemos esquecer o 13 de agosto de 1961 e o sofrimento que ele trouxe a milhões de pessoas", afirmou Angela Merkel, que cresceu na antiga Alemanha Oriental. "A queda do muro foi um acontecimento que mudou a minha vida e a de milhões de outras para melhor", disse a chanceler.

Nos primeiros minutos do sábado, começaram a ser lidas na Capela da Reconciliação, situada próxima ao memorial, biografias das 136 pessoas mortas ao tentarem atravessar a barreira que dividia a atual capital alemã. Ao meio-dia, a população fez um minuto de silêncio em memória das vítimas do Muro. Neste momento, os transportes públicos pararam e as igrejas tocaram seus sinos.

"Sistema impiedoso"

A celebração emocionou muitas pessoas que viveram de perto a experiência de ver Berlim dividida por uma barreira de concreto. A ex-dissidente do leste alemão Freza Klier, 61 anos, apelou em seu discurso à preservação da memória das vítimas da divisão do país. "Foi um sistema impiedoso, mas que ainda hoje muitos elogiam", sublinhou a dramaturga, referindo-se ao regime comunista.

Marcas no chão lembram traçado do Muro em pontos de BerlimFoto: dapd

Aos 18 anos, Klier tentou fugir do país em um navio que iria para a Suécia, mas acabou detida e condenada a 16 meses de prisão. Em 1988 ela deixou a Alemanha Oriental depois de suas peças terem sido proibidas. Mas a dramaturga conta que continuou a ser perseguida pela polícia política, a Stasi.

Após o ato solene, foi inaugurado um novo setor do Memorial do Muro de Berlim. Numa área de 4,4 hectares são exibidos detalhes da chamada "faixa da morte", espaço paralelo ao Muro, ocupado pelas patrulhas dos guardas de fronteira alemães orientais e repleto de equipamentos de segurança. A mostra descreve e ilustra, ainda, as consequências da construção do Muro para o povo nas duas partes da cidade.

Barreira contra emigração

Memorial do Muro de Berlim lotado durante a celebraçãoFoto: dapd

Há 50 anos, a República Democrática Alemã (RDA) justificou a construção do Muro com a necessidade de "bloquear as provocações imperialistas montadas pelo ocidente". O verdadeiro objetivo dos líderes comunistas, porém, era estancar a emigração para o lado ocidental. Nos primeiros 12 anos de existência da RDA, o número de pessoas que fugiram do regime já tinha ultrapassado os três milhões.

Na madrugada do dia 13 de agosto de 1961, um domingo, as milícias da RDA começaram a erguer barreiras de arame farpado na linha divisória entre o setor soviético e os setores ocidentais. Tanques orientais ocuparam importantes vias, e a circulação dos transportes públicos no sentido leste-oeste foi interrompida.

As potências ocidentais renunciaram uma intervenção militar, a fim de evitar um conflito que poderia conduzir a uma terceira guerra mundial. "Mais vale um muro do que uma guerra", justificou à época o então presidente norte-americano John F. Kennedy, segundo vários historiadores.

MD/lusa/dpa
Revisão: Mariana Santos

Pular a seção Mais sobre este assunto