Alemanha mantém viva tradição de marchas de Páscoa pela paz
20 de abril de 2019
Protestos a iniciativas bélicas se iniciaram no país em 1958, alcançando picos de participação entre 1968 e 1983. Eventos deste ano já reuniram centenas e se dirigem contra o rearmamento nuclear.
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Centenas de manifestantes participaram das tradicionais marchas antibélicas do Sábado de Aleluia por toda a Alemanha, sob o slogan "Desarmar em vez de rearmar – fora com as armas nucleares". As manifestações de 2019, que se iniciaram na Sexta-Feira Santa, estendendo-se até o Domingo de Páscoa (19-21/04), incluíram o apelo pelo fim das exportações armamentistas a regiões de crise.
"Nos próximos anos, os gastos armamentistas deverão subir para até 70 bilhões de euros, quando esse dinheiro é urgentemente necessário em muitos outros lugares", comentou Philipp Ingenleuf da rede pacifista alemã Netzwerk Friedenskooperative.
Ele citou como exemplos os setores da educação, construção de moradias e proteção climática, em que a verba poderia ser "investida de modo muito mais sensato". Segundo a organização, este ano estão planejados mais de 100 eventos por todo o país – um incremento em relação aos cerca de 80 em 2018.
A partida para a marcha pela paz de três dias na região dos rios Reno e Ruhr, no estado da Renânia do Norte-Vestfália, foi dada na cidade de Duisburg, com cerca de 150 participantes, e em Colônia, com 200. Na Sexta-Feira Santa, mais de 300 protestaram diante da usina de enriquecimento de urânio em Gronau, no mesmo estado, enquanto centenas tomaram as ruas de Chemnitz, Saxônia.
Houve também comícios na base aérea da Bundeswehr (Forças Armadas alemãs) de Jagel, no estado de Schleswig-Holstein; em Bruchköbel, Hesse; e Biberach, em Baden-Württemberg. Em Dortmund, uma cerimônia comemorativa realizou-se no memorial de Bittermark, dedicado a cerca de 230 trabalhadores forçados, prisioneiros de guerra e membros da Resistência mortos pela Gestapo por volta da Páscoa de 1945.
No sábado, as manifestações se estenderam a Berlim, Munique, Stuttgart e Leipzig, entre outros locais. Passeatas em Frankfurt e Hamburgo, na segunda-feira, concluirão os eventos do feriado prolongado.
Inspiradas por protestos contra uma instalação de pesquisa de armas nucleares no Reino Unido, as marchas antiguerra de Páscoa iniciaram-se na Alemanha em 1958, com uma manifestação em Hamburgo. Os eventos alcançaram um pico de participação entre 1968 e 1983, quando levaram centenas de milhares às ruas da Alemanha Ocidental, a cada ano, para protestar contra políticas como o envolvimento militar de Washington no Vietnam e a corrida armamentista nuclear.
Pelo menos 210 jornalistas foram agredidos pelas forças de segurança do Brasil nos últimos três anos. Comissão Interamericana de Direitos Humanos investiga denúncias de abusos e cerceamento da liberdade de imprensa.
Foto: DW/Y. Boechat
A postos
Policial militar do Estado de São Paulo se posiciona para impedir que manifestantes que protestavam contra o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, em agosto de 2016, marchem pela Avenida Paulista.
Foto: DW/Y. Boechat
Ataque
Soldado da tropa de choque de São Paulo atira balas de borracha em manifestantes que protestavam contra o aumento das tarifas de transporte público em junho de 2013.
Foto: DW/Y. Boechat
Contra-ataque
Policial militar de São Paulo é perseguido por manifestante após ficar isolado de sua tropa em um protesto em setembro de 2013, durante enfrentamento que deixou ao menos uma pessoa ferida gravemente.
Foto: DW/Y. Boechat
Pimenta
Policial Militar do Estado de São Paulo ataca fotógrafo com spray de pimenta durante manifestação popular. Levantamento da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo mostra que 210 jornalistas foram agredidos pelas forças de segurança do Brasil nos últimos três anos.
Foto: DW/Y. Boechat
Estado de guerra
O uso desmedido de munições menos letais pela polícia, como bombas de efeito moral e balas de borracha, tem sido uma das principais críticas dos movimentos em defesa da liberdade de expressão no Brasil. Nos últimos três anos, ao menos quatro pessoas perderam a visão por conta de ferimentos ocorridos por ações da polícia em manifestações.
Foto: DW/Y. Boechat
Vítimas da violência
Com o aumento da violência nas manifestações públicas, soldados da Polícia Militar também são vítimas de agressão. Manifestantes dispostos à violência partem para o confronto ou jogam garrafas e coquetéis molotov contra as forças de segurança.
Foto: DW/Y. Boechat
Equipamento bélico
Desde 2013, as forças de segurança brasileiras passaram a investir milhões de dólares na compra de equipamentos para controle de distúrbios urbanos. O governo de São Paulo, por exemplo, comprou blindados de fabricação israelense para serem usados exclusivamente em manifestações e protestos.
Foto: DW/Y. Boechat
Soldado desconhecido
Desde a eclosão dos protestos populares no Brasil, em 2013, as polícias militares passaram a importar equipamentos e uniformes para que seus soldados pudessem controlar as manifestações de forma mais eficaz.
Foto: DW/Y. Boechat
Clima de guerra
Soldado do Batalhão de Choque da Polícia Militar do Estado de São Paulo se prepara para jogar uma granada de efeito moral em direção a manifestantes que protestavam contra o aumento da tarifa de transportes públicos em 2013.
Foto: DW/Y. Boechat
Alvo
Símbolo da repressão, as forças de segurança passaram a assumir um papel de inimigos nos protestos, e a polícia se transformou em alvo preferencial dos manifestantes.