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Mubarak na Alemanha?

9 de fevereiro de 2011

Hosni Mubarak poderia deixar o governo em crise no Egito para cuidar da saúde na Alemanha. Apesar de Berlim negar que exista um convite neste sentido, o Egito mandou agradecer a oferta.

Mubarak foi operado na Alemanha em março de 2010Foto: AP

Um longo tratamento médico na Alemanha seria uma desculpa digna para o presidente egípcio, Hosni Mubarak, deixar o poder? Alguns políticos alemães acreditam nessa possibilidade.

"O governo federal deveria sinalizar discretamente para Mubarak que ele pode vir para Alemanha, caso ele queira", afirmou Elmar Brok, deputado no Parlamento europeu, em uma entrevista concedida ao jornal alemão Frankfurter Rundschau. Se esse for o caminho para uma transição pacífica no Egito, então isso deve ser feito, defende Brok.

Hosni Mubarak, 82 anos, passou por uma operação em março de 2010 no Hospital-Clínica de Heidelberg, no sul da Alemanha. Atualmente, o presidente se encontra no balneário egípcio de Sharm El Sheik.

Especulações

No último final de semana, o jornal New York Times noticiou, pela primeira vez, que o governo norte-americano considera a viagem de Mubarak à Alemanha como uma opção para colocar fim à crise no Egito. Desde então, não houve evidências confiáveis de que um planejamento de fato esteja em andamento.

Ainda assim, alguns veículos da imprensa alemã afirmam que já existem discussões com hospitais sobre o tema, embora o governo alemão negue as especulações. "Eu não estou interessado nesse tipo de especulação e isso todos podem relatar", rebateu Guido Westerwelle, ministro alemão de Relações Exteriores.

O porta-voz do governo federal, Steffen Seibert, também se expressou sobre o assunto: "Sobre tal pedido de permanência, não existe sequer uma solicitação oficial ou não junto ao governo alemão. Por isso, não há motivo para a administração federal se ocupar agora dessa questão hipotética".

A voz de Mubarak

Apesar de o governo alemão negar que tenha feito um convite, a presidência enviou uma resposta do Egito. "Nós agradecemos a oferta da Alemanha, mas o presidente não precisa de tratamento médico", disse o vice-presidente egípcio, Omar Suleiman nesta quarta-feira (09/02).

No país africano, os protestos seguem desde 25 de janeiro. Os manifestantes exigem a renúncia do presidente que, por enquanto, se comprometeu apenas a não concorrer nas próximas eleições e abriu mão da chefia do partido.

Pró e contra

Apenas poucos políticos alemães falam abertamente sobre a concessão de um tratamento médico a Mubarak na Alemanha. Ruprecht Polenz, político da União Democrata Cristã (CDU) e presidente da Comissão para Assuntos Externos no Parlamento, considera isso "uma obviedade, por motivos humanitários."

Rainer Stinner, que também trabalha com assuntos externos no Partido Liberal (FDP), considera justificável a concessão da permanência por motivos de saúde. Um exílio na Alemanha, no entanto, "seria muito problemático". Segundo ele, existem outros países que poderiam abrigar Mubarak, por isso a Alemanha não teria que se apressar. Os defensores da ideia também fazem distinção entre um tratamento médico prolongado e um exílio permanente para o presidente egípcio.

Jürgen Trittin, do Partido Verde, é contrário a uma possível permanência de Mubarak no país. Para ele, os egípcios esperam que a Alemanha ajude numa transição para a democracia. "Certamente, eles não esperam que nós ofereçamos refúgio a um líder deposto", opina o líder do partido no Parlamento.

Já Claudia Roth, presidente dos verdes, exige que o governo alemão pressione a favor da renúncia de Mubarak. "Nós exigimos também que se pense em sanções. Existem alguns mecanismos nessa área como, por exemplo, o congelamento das contas de Hosni Mubarak e de sua família no exterior."

Ativistas dos direitos humanos já ameaçam iniciar um processo jurídico caso a Alemanha acolha o presidente egípcio. Wolfgang Kaleck, secretário-geral do Centro Europeu de Direitos Humanos, disse ao Frankfurter Rundschau que "se acredita que, sob a responsabilidade de Mubarak, muitos egípcios foram torturados no país". Por isso, ele espera o cumprimento do Código Penal Internacional, segundo o qual "as autoridades têm a obrigação de tomar medidas legais quando suspeitos se encontram na Alemanha".

Autora: Nina Werkhäuser / Nádia Pontes
Revisão: Roselaine Wandscheer

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