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Alemanha cria "ponte aérea" para salvar colheita de aspargos

9 de abril de 2020

Sob rígido esquema sanitário, trabalhadores sazonais da Romênia começam a chegar de avião para atuar na colheita dos campos alemães. Após inicialmente rejeitar ideia, governo permitiu entrada de 80 mil trabalhadores.

Trabalhadores romenos desermbarcam na Alemanha
Trabalhadores romenos desermbarcam na AlemanhaFoto: picture-alliance/dpa/U. Deck

A Alemanha iniciou nesta quinta-feira (09/04) uma operação de transporte aéreo de trabalhadores sazonais estrangeiros que vão atuar nas colheitas do país. Os dois primeiros voos, organizados com severas medidas de precaução, aterrissaram em Berlim e Düsseldorf. A bordo dos aviões estavam 530 trabalhadores da Romênia.

Os voos, organizados pela companhia aérea alemã Eurowings, foram os primeiros de um amplo programa lançado pelo governo da Alemanha para garantir que as fazendas do país não fiquem sem trabalhadores no período da colheita. 

Antes do programa, milhares de trabalhadores não estavam conseguindo chegar à Alemanha por causa do fechamento generalizado de fronteiras dentro da União Europeia. Para piorar, em 25 de março, a Alemanha chegou a anunciar que pretendia proibir a entrada desses trabalhadores sazonais no país, numa tentativa de conter a propagação do novo coronavírus. 

Mas o setor agrícola reclamou que sem os trabalhadores não haveria como completar a colheita de alimentos como aspargos e morangos.

A situação era especialmente preocupante com os aspargos. De abril a junho, o aspargo, em especial a variedade branca, é oferecido fresco em supermercados e feiras, e restaurantes fazem cardápios especiais. O vegetal é um dos alimentos mais consumidos na Alemanha durante a primavera e ocupa mais de 20% da área para a produção de legumes ao ar livre no país.

Cerca de 300 mil trabalhadores temporários vêm à Alemanha a cada ano, principalmente da Polônia e da Romênia, para participar da colheita.

O aspargo é um dos alimentos mais consumidos na Alemanha durante a primaveraFoto: picture-alliance/dpa/A. Arnold

A ministra da Agricultura, Julia Klöckner, chegou a sugerir preencher algumas das vagas na colheita com trabalhadores de outros setores que ficaram desempregados por causa da crise do coronavírus, mas a medida foi encarada com ceticismo por associações de agricultores, que apontaram que seria complicado treinar tantas pessoas em tão pouco tempo.

No final, o governo recuou e concordou em elaborar um plano para permitir e garantir a entrada dos trabalhadores estrangeiros, mas impôs condições.

Os sazonais só poderão entrar no país em grupos controlados – para evitar um possível contágio de outras pessoas durante o transporte aéreo – e serão submetidos, na chegada, a exames médicos.

Eles também vão ter que ser acomodados e trabalhar separadamente de outros trabalhadores rurais durante um período inicial de duas semanas e usar equipamentos de proteção.

Ao anunciar o programa, a ministra Klöckner afirmou que essa é "uma solução pragmática e orientada para objetivos" que vai permitir a chegada ao país de cerca de 40 mil trabalhadores sazonais em abril e de outros 40 mil no mês de maio.

Klöckner disse ainda esperar encontrar, durante esses dois meses, outros 20 mil trabalhadores dentro da sociedade alemã, numa referência a desempregados, estudantes ou requerentes de refúgio.

"Esta é uma notícia boa e importante para os nossos agricultores'', disse a ministra. "Porque as colheitas não esperam e [os agricultores] não podem atrasar a semeadura dos campos."

Para participar do programa, os trabalhadores sazonais devem fazer um registo online. Os dados são verificados pela polícia federal alemã. Os agricultores que precisam de mão-de-obra também devem se registrar, indicando onde e quando necessitam dos trabalhadores sazonais. Nesta quinta-feira, 9.900 trabalhadores já haviam se registrado para atuar em abril, e outros 4.300, em maio.

JPS/ots

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