Alemanha peca por falta de atratividade
5 de novembro de 2003A posição da Alemanha no ranking de atratividade para investimentos, elaborado pelo Fórum Econômico Mundial, não é tão má assim: 13º lugar, ainda à frente do Reino Unido e do Canadá. Mas bem distante dos líderes, Finlândia e Estados Unidos, segundo o Relatório Mundial de Competitividade 2003.
As instituições públicas e o potencial técnico do país ainda foram objeto de elogios do economista chefe do Fórum, Augusto Lopez-Claros. Mas a apreciação muda, quando se trata das condições básicas da economia: o direito trabalhista alemão é muito restritivo, o sistema tributário, ineficiente, e o procedimento de negociações salariais entre empregadores e sindicatos, inflexível demais. Além disso, o governo desperdiça enormes somas de dinheiro do contribuinte com o pagamento de subsídios.
Na berlinda: seguridade social e subsídios
O professor Ulrich van Suntum, da Iniciativa Nova Economia Social de Mercado, assina embaixo das críticas de Lopez-Claros. "A Alemanha precisa de mais concorrência, principalmente mais concorrência e mais iniciativa própria num setor em que elas praticamente não existem agora, ou seja, no setor da seguridade social", afirma. A Iniciativa congrega representantes de diferentes setores da economia e de partidos políticos que buscam soluções para adaptar os princípios da economia social de mercado clássica às condições do século 21.
Van Suntum critica sobretudo as caixas oficiais de seguro-saúde, que há décadas trabalham sem nenhuma reserva financeira. Levando em consideração o desenvolvimento demográfico, elas precisariam trabalhar como as seguradoras privadas, administrando seus recursos de forma a constituir um fundo de reserva, defende o professor. Esta é, em sua opinião, a única forma de prevenir para o futuro.
Os subsídios que o Estado concede — seja para a compra de casa própria, seja para a extração do carvão mineral — precisariam ser todos cancelados. Mudanças desse tipo não são populares, admite Van Suntum, mas é preciso apontar perspectivas para a população, porque, afinal, uma maior concorrência contribui para subir o padrão de vida de todos.
Bons exemplos e potencial
Como exemplo de mudança bem-sucedida, ele cita a ocorrida no setor das telecomunicações, onde a abertura do mercado contribuiu para a geração de postos de trabalho e o surgimento de novos produtos. "A concorrência gera empregos. Isto não é teoria, é a prática."
As empresas alemãs têm o potencial para fazer da economia alemã uma das mais competitivas e atraentes do globo, e este é o único caminho para solucionar o problema do desemprego em massa, avalia o especialista.