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Alemanha pode enviar 1200 soldados ao Líbano, diz revista

(gh)26 de agosto de 2006

Ministro da Defesa fala em possível operação de batalha da Bundeswehr para vigiar costa libanesa. Governo alemão pede "mandato robusto" da ONU. Wieczorek-Zeul viaja a Beirute para tratar da ajuda humanitária.

Marinha alemã será encarregada de combater tráfico de armas ao HisboláFoto: AP

A participação da Alemanha na Força Interina das Nações Unidas no Líbano (Finul) começa a ganhar contornos concretos. O país pretende enviar 1200 soldados da Marinha à região, informaram as agências de notícias neste sábado (26/06), citando reportagem da revista Der Spiegel.

Com isso, a Alemanha contribuiria com o terceiro maior contingente europeu, depois da Itália (3 mil) e França (2 mil). A Polônia pretende participar com 500 e a Bélgica, com 400 soldados.

Os países da União Européia ofereceram nesta sexta-feira (25/08) entre 5600 e 6900 novos soldados para a ampliação da Finul, o que representa cerca da metade do contingente total previsto de 15 mil.

O ministro da Defesa, Franz Josef Jung, ainda não confirmou o número de soldados divulgado pela mídia, mas adiantou que a vigilância da costa libanesa pela Marinha alemã, para impedir o tráfico de armas ao Hisbolá, poderá resultar numa operação de batalha da Bundeswehr, se navios suspeitos resistirem.

Em entrevista ao jornal Frankfurter Allgemeine Sonntagszeitung, Jung garantiu que o governo alemão disponibilizará forças para controlar o mar territorial do Líbano. "Também nos oferecemos para desempenhar um papel dominante nesta tarefa", antecipou.

Regras ainda são discutidas

Fragata Bayern da Marinha alemãFoto: AP

Várias lideranças políticas alemãs disseram esperar da ONU um "mandato robusto" para que a Finul, se necessário, possa usar armas na missão. O ministro das Relações Exteriores, Frank-Walter Steinmeier, disse estar confiante de que a tropa de paz receberá essa espécie de carta branca para atirar.

Depois do acordo sobre o contingente a ser enviado, os países europeus ainda discutem as regras da operação, que não ficaram claras na resolução 1701, aprovada pelo Conselho de Segurança da ONU em 31 de julho passado.

O documento prevê que a Finul pode "adotar todas as medidas necessárias para impedir atividades inimigas". Mas, segundo peritos, isso não é explicitamente um "mandato robusto" que garanta o direito de uso de armas, conforme a Carta das Nações Unidas.

Pelo texto da resolução, o desarmamento do Hisbolá, exigido por Israel, por exemplo, não será atribuição da Finul e, sim, deverá ser feito pelo exército libanês. No entanto, dependendo das regras complementares ainda em discussão, as tropas de paz poderão barrar à força carregamentos de armas destinados ao Hisbolá.

Normalmente, os capacetes azuis da ONU não devem recorrer às armas quando, por exemplo, são bloqueados numa estrada, enquanto as milícias inimigas não dispararem. A França, que pretende enviar seus soldados ao Líbano até meados de setembro, já exigiu que tais bloqueios possam ser rompidos à força.

Reconstrução

Ao mesmo tempo em que discutem a estrutura de comando e os detalhes da operação militar, os europeus também se preparam para a tarefa de reconstrução do Líbano. Na próxima quinta-feira (31/08), começa em Estocolmo (Suécia) uma conferência de ajuda ao país.

O governo alemão será representado nesta conferência pela ministra da Cooperação Econômica, Heidemarie Wieczoreck-Zeul, que neste domingo (27/08) viaja a Beirute num avião da Bundeswehr, que parte do Chipre carregado com mantimentos. Ela falará com o primeiro-ministro Fuad Siniora sobre ajuda humanitária e reconstrução e visitará os bairros residenciais mais atingidos pelos ataques israelenses.

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