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Alemanha pode evitar segunda onda de covid-19

30 de maio de 2020

Principal referência do combate à doença no país, virologista Christian Drosten enaltece eficácia alemã na luta contra o coronavírus. Após fama repentina, ele se tornou alvo de grupos contrários ao confinamento.

Alemanha agiu de modo eficiente para conter o coronavírus, avalia principal referência do combate à doença no país
Alemanha agiu de modo eficiente para conter o coronavírus, avalia principal referência do combate à doença no paísFoto: Imago Images/S. Gudath

Uma das principais referências no combate à epidemia de covid-19 na Alemanha, o diretor do Instituto de Virologia do hospital Charité de Berlim, Christian Drosten, afirmou nesta sexta-feira (29/05) que o país poderia evitar uma segunda onda de infecções.

"Agora, conhecemos melhor o vírus, sabemos mais sobre como se espalha" disse o virologista à revista alemã Der Spiegel . "Talvez possamos conseguir evitar uma segunda paralisação", afirmou. Ele avalia que é "teoricamente possível" que os alemães consigam evitar uma nova onda da doença.

Drosten, que atuou no aconselhamento ao governo alemão, sobre as medidas que possibilitaram a contenção da disseminação do coronavírus já no início de maio e mantiveram a taxa de mortalidade em nível relativamente baixo, avalia que a Alemanha agiu de modo eficiente para evitar estragos ainda maiores.

"Interrompemos a onda pandêmica com medidas relativamente brandas, e o fizemos com enorme eficácia." Ele atribui o êxito do país no combate à doença ao rastreamento e acompanhamento dos casos, em particular, através de uma ferramenta desenvolvida por sua equipe no Charité.

O cientista também avalia que é possível reduzir o tempo de quarentena de 14 para 7 dias. "O período de incubação e o tempo em que uma pessoa está apta a infectar as outras são mais curtos do que se pensava inicialmente", disse.

A opinião de Drosten sobre a possibilidade de evitar uma segunda onda de infecções é compartilhada pelo virologista da Universidade de Bonn Hendrik Streeck, também referências no combate à doença na Alemanha. Streeck avalia que poderão surgir ocasionalmente surtos locais, como os que ocorreram nas cidades de Frankfurt e Leer, mas afirma que uma segunda onda é algo improvável.

As previsões de ambos, porém, contrastam com as visões de outros especialistas em saúde pública da Alemanha, que alertaram na semana passada para o ressurgimento do coronavírus no país, que poderá voltar junto com o retorno de alemães de suas férias de verão.

Fama repentina e farpas com a imprensa

Drosten, cuja equipe de cientistas do hospital Charité foi a primeira em todo o mundo a desenvolver um kit de testes para a covid-19, adquiriu fama repentina logo que a pandemia chegou à Alemanha, e tornou um conselheiro de confiança do governo federal.

Ele já foi chamado de "guru" e "enviado de Deus" por sua atuação e expertise em relação ao vírus. Mas suas frequentes aparições na mídia também fizeram com que se ele tornasse um alvo do movimento contrário às medidas aplicadas no país para combater a epidemia.

Christian Drosten, diretor do Instituto de Virologia do hospital Charité de BerlimFoto: picture-alliance/dpa/C. Gateau

Recentemente, o virologista se envolveu em uma troca de farpas com o jornal Bild, mais popular do país, que lançou dúvidas sobre seu trabalho científico e acabou expondo um desentendimento em relação ao papel dos cientistas no combate à pandemia.

Em uma ação criticada por parte da imprensa alemã, o Bild lançou dúvidas sobre os resultados preliminares de um estudo da equipe de Drosten, que afirma que as crianças podem disseminar a covid-19 com a mesma facilmente que os adultos. Este é um tema delicado para milhões de mães e pais que querem a reabertura total das escolas no país.

O repórter do Bild deu apenas uma hora para que Drosten respondesse a uma lista de críticas de outros cientistas ao seu trabalho, o que gerou uma resposta irritada do virologista no Twitter. "Tenho coisas melhores a fazer", afirmou, divulgando em seu perfil o email do jornalista, onde aparecia seu número de telefone.

Na entrevista à Spiegel, Drosten disse que o Bild não estava "realmente interessado na questão científica". Os cientistas citados pelo jornal se distanciaram do artigo, dizendo que seus comentários foram feitos simplesmente como observações críticas a fim de contribuir para o melhoramento das pesquisas.

Em seu podcast, Drosten já havia dito que a excessiva atenção da mídia poderá fazer com que os cientistas se retirem da vida pública. "Me vejo retratado como uma figura caricata e isso faz com que me sinta mal", observou.

RC/afp/dw

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