Alemanha pode levar 100 anos para se livrar de lixo nuclear
7 de julho de 2016
País, que estabeleceu como meta abandonar energia nuclear até 2022, busca local para construir depósito definitivo. Comissão de especialistas afirma que inaugurá-lo em 2050, como planejado, não deve ser possível.
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É possível que a Alemanha só tenha um depósito definitivo para seu lixo nuclear no próximo século, indicou uma comissão de especialistas nesta semana. Durante dois anos, cientistas, líderes da indústria e representantes da sociedade civil debateram sobre onde o país deve armazenar o lixo produzido por seus reatores nucleares, que devem ser desativados até 2022.
Inicialmente, a comissão esperava chegar a uma decisão sobre o local de depósito do material radioativo até 2031, e que ele começasse a operar em 2050. No entanto, o relatório final aponta que pode ser que o depósito seja inaugurado somente "no século que vem".
A localização de um depósito definitivo é uma questão pendente desde que o governo da chanceler federal Angela Merkel decidiu abandonar essa fonte de energia, em 2011, em meio à comoção gerada pela catástrofe nuclear de Fukushima, no Japão.
A comissão de especialistas busca agora escolher a localidade com base em critérios científicos. Por muitos anos, um local em Gorleben – cidade no norte do país que já abriga um depósito provisório – vem sendo estudado e já foi motivo de protestos de ambientalistas. Gorleben ainda é uma possibilidade, mas outros lugares estão sendo avaliados.
Depósito subterrâneo
A comissão recomendou a construção de um cemitério nuclear subterrâneo no próprio país, tendo a segurança máxima como critério prioritário.
"É uma decisão difícil, porque implica dar uma solução duradoura a uma fonte de energia de uso relativamente curto, cujos resíduos acompanharão muitas gerações futuras", resumiu o presidente da comissão, Michael Müller.
Há anos, o governo alemão vem travando batalhas com a indústria para decidir quem deve arcar com os custos da desativação das usinas nucleares do país, da armazenagem do lixo atômico e do desmantelamento seguro dos reatores.
Segundo uma enquete difundida nesta semana, 77% dos alemães aprovam o abandono da energia nuclear, enquanto apenas 16% se opõem e 7% não têm uma opinião clara a respeito.
LPF/afp/efe
Dez fontes inusitadas de energia
As reservas de combustíveis fósseis são limitadas e milhões de toneladas de dejetos vão para o lixo a cada dia. Seja com urina, escamas de peixe e até azeitonas, confira dez formas criativas de gerar energia sustentável.
Foto: Wattway/COLAS/Joachim Bertrand
Urina e excrementos
Nossas necessidades fisiológicas podem ter utilidade, em vez de serem descartadas pela descarga. Pesquisadores investigam como usar urina e outros excrementos humanos para gerar eletricidade. Em locais inóspitos, por exemplo em campos de refugiados, isso resolveria problemas de saneamento. Apesar da associação negativa, nossos resíduos corporais algum dia talvez possam ser nossos aliados.
Foto: Imago
Cultivo de algas
A ideia ainda está engatinhando e precisa de pesquisas mais aprofundadas, mas cultivar microalgas pode ser uma solução para fabricar biocombustíveis de forma eficiente e sustentável. Elas são capazes de transformar luz solar e dióxido de carbono em etanol. Mas, mesmo sob condições ideais, a quantidade de energia gerada é ainda muito pequena.
Foto: picture-alliance/dpa/MAXPPP
Quando o vento é fraco
Uma película flexível e superleve que capta energia de ventos suaves. Sua inventora, a sul-africana Charlotte Slingsby, a batizou Moya. A cortina de plástico pode ser instalada em construções já existentes sem exigir reformas caras, nem áreas exclusivas e sem fazer mal a pássaros ou morcegos, como pode ocorrer com grandes turbinas de vento.
Foto: Charlotte Slingsby
Carvão de casca de coco
Lenha ainda é a principal fonte de energia em várias partes do mundo. Cascas de coco podem ser uma alternativa sustentável em países como o Quênia e Camboja, onde gerenciar os resíduos do fruto ainda é um grande problema. Em comparação com o carvão tradicional, ela queima por mais tempo, é mais barata e dispensa o corte de árvores.
Foto: Imago/fotoimedia
Escamas e espinhas de peixe
A indústria de transformação de peixe gera diariamente montanhas de resíduos. Embora as espinhas, escamas e as vísceras oleosas de toneladas de peixes não sejam úteis para o mercado, podem ser usadas para produzir biocombustível. Brasil, Honduras e Vietnã já fazem experiências com essa fonte de energia, mas dificuldades financeiras podem atrapalhar as pesquisas.
Foto: AP
Turbinas de vento camufladas
Imitar a natureza para gerar eletricidade foi a fórmula francesa que levou à árvore de vento. Jerome Michaud-Lariviere, responsável pelo conceito, inspirou-se nas folhas de árvores agitadas pela brisa. A estrutura criada por ele tem 72 miniturbinas no lugar das folhas e produz energia para abastecer 15 semáforos, carregar um carro elétrico ou iluminar uma residência pequena.
Foto: NewWind
Movimento do corpo
Imagine aproveitar cada passo que você dá para acender luzes ou carregar dispositivos eletrônicos. Este é o conceito por trás de superfícies inteligentes localizadas sob pistas de dança, campos de futebol e estações de metrô pelo mundo. A energia obtida pode ser usada nas proximidades. Taí uma boa desculpa para manter o corpo em ação!
Foto: Daan Roosegaarde
Azeitonas viram biocombustível
Parte fundamental da culinária mediterrânea, o azeite de oliva é feito da azeitona. A produção gera quatro vezes o peso do produto final em rejeitos. Uma vez esmagadas para que o óleo seja extraído, as sobras que iriam para o lixo ainda podem ser usadas para fazer biocombustível. O projeto Phenolive gera eletricidade e calor, aproveitando completamente o fruto.
Foto: Fotolia/hiphoto39
Resíduos da plantação de mostarda
A falta de recursos estimula as pessoas a serem criativas na busca de alternativas. Sobras de colheitas são um problema para descartar, mas podem dar origem a boas soluções. Incinerar caules e folhas de plantações de mostarda, por exemplo, rende eletricidade para milhares de casas na área rural e as cinzas ainda podem ser usadas como fertilizante.
Foto: DW
Rodovias e ciclovias solares
Nem asfalto, nem concreto. Painéis fotovoltaicos feitos de uma resina que comporta bicicletas a caminhões podem pavimentar a rua do futuro. Com lâmpadas LED para criar sinalização sem tinta e aquecimento para prevenir acúmulo de gelo, as rodovias que captam energia solar estão nos planos da França. Em cinco anos, o país pretende construir painéis solares fotovoltaicos ao longo de suas rodovias.