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"Alemanha precisa fazer mais pelos curdos", diz deputado

Sabine Faber (pv)17 de novembro de 2014

Cerca de um milhão de pessoas fugiram do terror do "Estado Islâmico" e estão em acampamentos de refugiados no norte do Iraque. Em entrevista à DW, o parlamentar alemão Cem Özdemir pede mais ajuda à região.

Foto: picture-alliance/dpa/Kästle

Nascido na Alemanha, Cem Özdemir foi o primeiro político filho de turcos a ser eleito deputado do Bundestag (câmara baixa do Parlamento alemão), em 1994. Copresidente do Partido Verde, desde 2013 ele faz parte da Comissão de Relações Exteriores da Alemanha. Atualmente em visita ao norte do Iraque, ele viu de perto a difícil situação dos refugiados do Curdistão iraquiano.

"O maior problema são os prédios inacabados onde moram refugiados. Os edifícios precisam ser adequados urgentemente ao inverno", afirma. O deputado pede mais apoio da Alemanha e da comunidade internacional, mas alerta que os recursos destinados à região precisam ser supervisionados.

Özdemir também reitera que a relação entre o governo central de Bagdá e o governo curdo, em Erbil, precisa melhorar, principalmente em relação ao combate contra o grupo extremista "Estado Islâmico" (EI). "Não faz sentido, ambos lutarem contra o EI, mas não coordenarem suas ações."

DW: O que você presenciou no norte do Iraque?

Cem Özdemir: É difícil ter uma noção do desafio enfrentado pelo governo no norte do Iraque, no Curdistão iraquiano. Basta olharmos para os números: aos cinco milhões de habitantes somam-se um milhão de refugiados. Se essa relação fosse convertida para a Alemanha, seriam 20 milhões de refugiados, o que significa que nós também teríamos grandes problemas! Portanto, temos que reconhecer o trabalho do governo local, mas também das organizações da ONU e dos tantos colaboradores que ergueram acampamentos do tamanho de cidades.
O maior problema são os prédios inacabados onde moram refugiados. Muitos não têm janelas e portas, e em alguns faltam até paredes inteiras. Crianças brincam e dormem no quinto ou sexto andar e caem no escuro, porque também não há eletricidade. Os edifícios precisam ser adequados urgentemente ao inverno.

Campo de refugiados em Erbil, no norte do IraqueFoto: picture-alliance/dpa/Rassloff

A assistência da comunidade internacional e da Alemanha está chegando à região?

É evidente que sempre se questiona se o auxílio chega rápido o suficiente e no lugar certo. Por outro lado, devido ao tamanho do estoque, a organização é praticamente impossível de ser gerenciada. E agora, as barracas ainda não estão adequadas para o inverno. É importante e urgente que possamos ajudar rapidamente e que a Alemanha também aumente o seu apoio.

Mas há também uma questão que acentua desnecessariamente o problema: a disputa entre o governo central em Bagdá e o governo do Curdistão iraquiano em Erbil sobre a distribuição dos recursos financeiros, que, na verdade, são destinados aos curdos. Bagdá utiliza o fluxo de dinheiro como ferramenta para pressionar.

A Alemanha pode intermediar?

A Alemanha e os outros precisam intermediar urgentemente. Afinal, a falta de um governo central forte em Bagdá foi uma das causas para o fortalecimento do EI ["Estado Islâmico"]. O Iraque precisa de um Exército forte para conseguir enfrentar o EI. Já é difícil lidar com o fato de que cinco unidades do Exército foram atropeladas por poucos milhares de combatentes do EI e de que todo o estoque de armas caiu nas mãos da milícia terrorista.

Mas o Iraque também precisa de uma solução para a relação com o Curdistão iraquiano. Neste caso, deveríamos ajudar ativamente. Da mesma forma, precisamos apoiar Erbil na integração ainda mais forte de yazidis, cristãos e turcomanos ao mosaico do Curdistão, ao governo, ao Parlamento e à administração do país.

O envio de armas aos curdos é suficiente?

A situação do governo curdo iraquiano melhorou significativamente, também graças às remessas de armas. Mas os combatentes do EI são altamente fanáticos e mais bem armados. Por isso, é importante que o apoio aos combatentes peshmerga, especialmente os treinamentos, continue. Mas aparentemente o problema é ainda maior para o governo do Iraque. O Exército iraquiano precisa ser reforçado, para que ele também consiga retomar a luta contra o EI.

Além disso, o entendimento entre Bagdá e Erbil precisa melhorar. Não faz sentido, ambos lutarem contra o EI, mas não coordenarem suas ações. Neste caso, os americanos seriam certamente melhores intermediadores, já que possuem mais influência na região do que a Alemanha. Entretanto, a grande questão permanece: o que aconteceria se o EI fosse derrotado no Iraque, mas continuasse tendo áreas de refúgio na Síria?


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