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Etnia rom

19 de outubro de 2009

Partido A Esquerda e organização Pro Asyl criticam a decisão e afirmam que os deportados, na sua maioria rom (ciganos), serão vítimas de preconceito no Kosovo. Governo alemão diz que não haverá deportação em massa.

Criança da etnia rom num campo para refugiados perto de Mitrovica, no KosovoFoto: Christophe Quirion

O governo alemão prepara a deportação de 14 mil refugiados para o Kosovo. Um acordo nesse sentido deverá ser fechado com as autoridades locais ainda este ano, declarou o porta-voz do Ministério alemão do Interior, Stefan Paris. A organização de defesa dos direitos humanos Pro Asyl e o partido de oposição A Esquerda criticaram a decisão.

Segundo Paris, os refugiados não serão deportados todos de uma vez e o acordo obedece a leis internacionais. Os aspectos humanitários estão sendo observados, assegurou Paris. Conforme o governo, a maior parte das pessoas afetadas com a decisão – 9,8 mil – é da etnia rom (vulgarmente chamados de ciganos).

Por ano, serão deportadas no máximo 2.500 pessoas, segundo o ministério, e o governo alemão não enviará de volta apenas ciganos, mas levará em consideração a distribuição das etnias entre a população do Kosovo.

Miséria e preconceito

A Esquerda criticou a decisão. "O Kosovo é um país onde as minorias étnicas são amplamente discriminadas e perseguidas", afirmou a deputada Ulla Jelpke. A deportação seria contra o direito fundamental à dignidade humana.

Para Bernd Mesovic, da Pro Asyl, uma vida na miséria aguarda os rom no Kosovo. Também ele alertou para a discriminação de que essas pessoas seriam vítimas no país. Além disso, argumentou, o governo local não teria condições de integrar os refugiados na sociedade devido à alta taxa de desemprego.

Integração difícil

Deportações para o Kosovo ocorrem desde 2001, mas até agora a maioria dos deportados era kosovares de origem albanesa, e os números eram muito menores. Em toda a Europa, cerca de 8 mil albano-kosovares foram enviados de volta ao Kosovo. Muitos retornaram por vontade própria.

Para estes, a integração costuma ser mais fácil, pois a maioria tem familiares no Kosovo. No caso dos rom, a situação é diferente. A deportação criaria um problema para as autoridades kosovares, já que o governo não tem moradias nem empregos para oferecer.

Além disso, muitos deles vêm de classes sociais empobrecidas e com pouco acesso à educação e não podem contar com o apoio de parentes. Artan Duraku, assessor do Ministério kosovar do Interior, disse que um ponto complicado é esclarecer a nacionalidade dos deportados.

Isso nem sempre é fácil, disse Duraku, já que muitos rom da antiga Iugoslávia perderam seus documentos durante a guerra ou mesmo nunca os tiveram. "Em geral, o principal ponto num processo de reintegração é confirmar a nacionalidade das pessoas que devem ser reintegradas", explicou.

Centros de desabrigados

Segundo ele, as pessoas que retornam por vontade própria têm vantagens que os deportados não têm. "O melhor é voltar por vontade própria, pois neste caso as pessoas ganham das autoridades um comprovante que permite obter compensações e ajuda financeira. Os que são deportados geralmente não contam com esse apoio."

As pessoas que retornam ao Kosovo ficam sob responsabilidade do Ministério do Trabalho e da Ação Social. Caso os funcionários públicos não consigam realojá-los, acabam indo para centros de desabrigados.

No Kosovo, há três grandes centros destinados aos rom ao norte da cidade de Mitrovica. Os três estão no limite de sua capacidade. Dois deles ficam localizados nas proximidades de uma antiga fundidora de chumbo e é possível que estejam sobre solo contaminado.

AS/rtr/dw/epd

Revisão: Roselaine Wandscheer

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