Introdução de cobrança em 2016 reduziu drasticamente o consumo de sacolas por habitante no país. Agora, Ministério do Meio Ambiente também deseja banir completamente a venda a partir de 2020.
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O Ministério do Meio Ambiente da Alemanha anunciou nesta sexta-feira (06/09) elaborou um projeto de lei para proibir que supermercados e lojas do país ofereçam sacos plásticos descartáveis.
A medida também prevê a proibição até mesmo de sacos plásticos que são propagandeados como biodegradáveis e produzidos de outras fontes que não o petróleo.
A ministra do Meio Ambiente, Svenja Schulze, disse que prevê o projeto se torne lei ainda em 2020. "Acredito que temos o apoio do povo alemão", disse ela. "Chegou a hora de proibir as sacolas plásticas".
A política social-democrata disse ainda que o texto prevê que as empresas que violarem o novo regulamento podem ser multadas em até 100 mil euros.
Se o projeto vir a se tornar lei, está previsto um "período de transição" de seis meses que será usado para "distribuir e consumir o estoque restante de sacolas plásticas".
Schulze disse que o objetivo do projeto é deixar para trás "uma sociedade descartável e usar menos plástico".
Um acordo firmado com grandes empresas do varejo alemão em 2016 já foi bem-sucedido na redução do consumo de sacolas plásticas no país. Em muitas lojas, os consumidores agora precisam pagar para receber sacolas plásticas. Algumas redes também só oferecem sacos de papel.
Segundo o Ministério do Meio Ambiente, houve um declínio de 64% no uso de sacolas plásticas descartáveis na Alemanha desde 2015. Hoje, o consumo per capita anual é de 24 sacolas por habitante. Em 2000, era de 85. A atual marca já ultrapassou uma meta estabelecida pela UE que pretende baixar o consumo para 40 sacolas anuais por habitante do bloco até 2025.
O hábito das sacolas reutilizáveis na Alemanha
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Mas o projeto ainda não deve incluir as finas sacolas plásticas usadas para embalar frutas e legumes. O ministério disse que incluir essas sacolas finas na nova proibição poderia incentivar a indústria a vender os alimentos já embalados em plásticos, provocando ainda mais poluição.
Mas o anúncio da medida não agradou a todos. Ativistas ambientais afirmaram que o projeto ainda é muito tímido, e que seria preciso incluir taxas mais pesadas para desestimular o consumo de sacolas de papel.
Já representantes do varejo reclamaram que o novo projeto rompe o acordo firmado há poucos anos com o governo para fixar a cobrança pela sacolas plásticas. "O varejo cumpriu sua palavra, mas o governo não”, disse Stefan Genth, presidente da Associação de Varejistas Alemães (HDE, na sigla em alemão).
Já a ministra da Defesa, Annegret Kramp-Karrenbauer, que é presidente da União Democrata-Cristã (CDU), o principal partido da coalizão de governo da Alemanha, ainda reluta em promover uma proibição das sacolas. Em agosto, ela disse que prefere incentivar reduções voluntárias no consumo de sacolas antes de impor o banimento. "Se isso não funcionar, podemos conversar sobre proibições", disse ela.
A proposta de proibir sacolas plásticas ocorre um no qual o Partido Social-Democrata (SPD) da ministra Schulze e a CDU têm perdido eleitores para o Partido Verde.
A União Europeia já prevê proibir itens de plástico descartáveis, como canudos, garfos e facas, a partir de 2021.
Praias antes paradisíacas repletas de garrafas, animais engasgados com dejetos, pessoas recolhendo o material em aterros. Uso desenfreado do derivado do petróleo deixa rastro preocupante no meio ambiente.
Foto: Daniel Müller/Greenpeace
A era do plástico
Leve, durável, flexível e muito popular. O mundo produziu 8,3 bilhões de toneladas de plástico desde o início da produção em massa, nos anos 50. Como o material não é facilmente biodegradável, muito do que foi produzido acaba em aterros como este, nos arredores de Nairóbi. Catadores de lixo caçam plásticos recicláveis para ganhar a vida. Mas muito também acaba no oceano.
Foto: Reuters/T. Mukoya
Rios de lixo
Cerca de 90% do plástico entra nos habitats marinhos através de apenas dez rios: o Yangtzé, o Indo, o Amarelo, o Hai, o Nilo, o Ganges, o Pearl River, o Amur, o Níger e o Mekong. Esses rios atravessam áreas altamente povoadas, com falta de infraestrutura adequada para o descarte de resíduos. Aqui, um pescador nas Filipinas retira uma armadilha para peixes e caranguejos de águas poluídas.
Foto: picture-alliance/Pacific Press/G. B. Dantes
Começo de vida plastificado
Alguns animais encontram uma utilidade para resíduos de plástico. Este cisne fez seu ninho no lixo em um lago de Copenhague que é popular entre os turistas. Seus filhotes saíram dos ovos rodeados de dejetos, o que não é um bom início de vida. Mas para outros animais, as consequências são muito piores.
Foto: picture-alliance/Ritzau Scanpix
Consequências fatais
Embora o plástico seja altamente durável e possa ser usado para produtos com longa vida útil, como móveis e tubulações, cerca de 50% da produção são destinados a produtos descartáveis, incluindo talheres e anéis usados em pacotes de seis unidades de latas de bebidas, que acabam no meio ambiente. Animais correm o risco de se enredar neles e morrer, como ocorreu com este pinguim.
Foto: picture-alliance/Photoshot/Balance
Confundido com comida
Este filhote de albatroz foi encontrado morto em Sand Island, no Havaí, com vários pedaços de plástico no estômago. Um levantamento realizado em 34 espécies de aves no norte da Europa, Rússia, Islândia, Escandinávia e Groenlândia, apontou que 74% delas ingeriram plástico. Comer o material pode levar a danos nos órgãos e bloqueios no intestino.
Mesmo os animais maiores sofrem os efeitos do consumo de plástico. Esta baleia foi encontrada na Tailândia. Durante a tentativa de salvamento, o animal vomitou cinco sacos plásticos e morreu. Na autópsia, os veterinários encontraram 80 sacolas de compras e outros dejetos plásticos que entupiam o estômago da baleia, de modo que ela não conseguia mais digerir alimentos nutritivos.
Foto: Reuters
Dejetos invisíveis
Grandes pedaços de plástico na superfície do oceano, como é registrado aqui, na costa havaiana, chamam atenção. Mas poucos sabem que trilhões de minúsculas partículas com menos de 5 milímetros de diâmetro também flutuam nos mares. Essas partículas acabam na cadeia alimentar. O plâncton marinho, que é uma fonte importante de alimento para peixes e outros animais marinhos, já foi filmado comendo-as.
Foto: picture-alliance/AP Photo/NOAA Pacific Islands Fisheries Science Center
Fim à vista?
Medidas para tentar reduzir o plástico descartável já foram tomadas em alguns países africanos, como proibições de sacolas plásticas, e a União Europeia planeja proibir produtos plásticos descartáveis. Mas se as tendências atuais forem mantidas, cientistas acreditam que haverá 12 bilhões de toneladas de plástico no planeta até 2050.