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Alemanha pressiona EUA a retirar bombas

(rr)2 de maio de 2005

Enquanto representantes de mais de 180 países se reúnem para revisar o Tratado de Não-Proliferação Nuclear em Nova York, aumenta pressão na Alemanha para que os EUA retirem bombas que mantêm no país desde a Guerra Fria.

Ministro Fischer (dir.) em conversa com El-Baradei, da AIEAFoto: AP

Representantes de mais de 180 países estão reunidos a partir desta segunda-feira (02/05) em Nova York para revisar e discutir o futuro do Tratado de Não-Proliferação de Armas Nucleares (NPT) após 35 anos desde sua criação, em 1970.

Durante o encontro, que vai até 27 de maio, a Alemanha pretende pressionar oficialmente os Estados Unidos a retirar as armas nucleares que mantêm estacionadas no país desde a Guerra Fria. Recentemente, foram feitas críticas tanto do lado do governo quanto da oposição e é grande a pressão sobre o ministro alemão das Relações Exteriores, Joschka Fischer, para que volte para casa com resultados. Nesta segunda-feira, o líder da diplomacia alemã encontrou-se com o diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Mohammed El Baradei.

Restos da Guerra Fria

Claudia Roth, do Partido VerdeFoto: AP

A presidente do Partido Verde alemão, Claudia Roth, disse ao Berliner Zeitung que "as armas nucleares mantidas na Alemanha pelos EUA são um resquício da Guerra Fria e não há nenhuma necessidade de elas estarem aqui. Elas deveriam ser retiradas e destruídas". Roth teme ainda que as potências atômicas continuem hesitando em desarmar-se enquanto o tratado corre o risco de perder importância.

A líder dos Verdes recebeu o apoio do social-democrata Gerd Weisskirchen, especialista do governo alemão para política externa, e do presidente dos liberal-democratas, Guido Westerwelle. Segundo ele, a retirada das bombas "aumentaria a credibilidade das soluções diplomáticas com países que agem sem levar em consideração a razão política internacional e investem no próprio armamento nuclear".

Será a liberdade uma bomba?

Segundo o Greenpeace, as 150 bombas nucleares armazenadas na Alemanha, em posição estratégica em relação ao Leste Europeu, possuem uma força destrutiva mil vezes superior à da bomba de Hiroshima. Como protesto, membros do grupo construíram em frente ao Ministério do Exterior em Berlim um modelo de uma bomba atômica de seis metros de altura da qual saía a Estátua da Liberdade.

A 'bomba' do GreenpeaceFoto: AP

Segundo o especialista da entidade ecologista para questões de desarmamento, Wolfgang Lohbeck, "a política de paz da coalizão governamental entre verdes e social-democratas não terá credibilidade enquanto o governo não se livrar das bombas estacionadas no país".

Fadada ao fracasso?

Os 188 signatários do tratado se reúnem a cada cinco anos para avaliar os progressos e definir novos objetivos. Atualmente, apenas Estados Unidos, Rússia, Grã-Bretanha, França e China possuem autorização para fabricar bombas atômicas, mas Índia e Paquistão declaradamente possuem armas nucleares e Israel supostamente também.

Especialistas temem que a conferência, presidida pelo brasileiro Sérgio de Queiroz Duarte, esteja fadada ao fracasso. Enquanto a maioria dos países se queixa de que as potências nucleares demoram demais em cumprir sua parte no tratado, que exige o desmantelamento de seu arsenal atômico, os Estados Unidos deverão concentrar a discussão em torno da produção nuclear do Irã e da Coréia do Norte.

O secretário-geral da ONU, Kofi AnnanFoto: AP

O ministro Fischer se reunirá com o secretário-geral das Nações Unidas, Kofi Annan, e com o ministro japonês do Exterior, Nobutaka Machimura, e deve aproveitar para pleitear a entrada da Alemanha como membro permanente no Conselho de Segurança das ONU. Alemanha, Japão e Brasil são alguns dos países que almejam o assento, que confere direito de veto.

Annan e Fischer também deverão analisar a recente onda de violência antigermânica em Togo, na África ocidental. Na madrugada da última sexta-feira (29/04), jovens armados incendiaram a filial local do Instituto Goethe, situada na capital Lomé. Especialistas especulam sobre a relação entre as recentes eleições presidenciais e um suposto envolvimento de diplomatas alemães acusados de apoiar a oposição.

Fischer se reunirá ainda com o ministro iraniano do Exterior, Kamal Charrasi, para debater a política atômica iraniana. No final de semana, Teerã anunciou que avalia retomar as atividades para enriquecimento de urânio, o que significaria uma derrota para a Alemanha, a França e a Grã-Bretanha, que desde dezembro se esforçam em convencer o Irã a abandonar seu programa nuclear.

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