País quer evitar entrada da variante do coronavírus originária do Amazonas. Medida vai vigorar até, no mínimo, 17 de fevereiro e não atinge estrangeiros com autorização de residência.
Anúncio
A Alemanha aprovou nesta sexta-feira (29/01) a proibição da entrada no país de viajantes vindos do Brasil e de outros países com forte presença de variantes mais transmissíveis do novo coronavírus. A proibição entra em vigor a partir de sábado e vigorará até, no mínimo, 17 de fevereiro.
Além do Brasil, deverão serão proibidos de ingressar na Alemanha os viajantes provenientes do Reino Unido, Irlanda, Portugal, África do Sul, Lesoto e Suazilândia. A proibição atinge aqueles que chegam de trem, ônibus, avião ou navio ao país.
A medida prevê exceções para alemães, donos de autorização de residência na Alemanha, bem como passageiros em trânsito e para os transportes de mercadorias e de caráter humanitário.
A intenção de barrar a entrada de estrangeiros oriundos de países com forte presença de variantes mais transmissíveis do novo coronavírus já havia sido anunciada na quinta-feira pelo ministro alemão do Interior, Horst Seehofer.
A proibição atinge principalmente companhias aéreas. Somente a Lufthansa realiza atualmente 55 voos de ida e volta por semana conectando países afetados. Devido às exceções, nem todas as rotas deverão ser prejudicadas.
O objetivo da medida é impedir a disseminação na Alemanha de variantes altamente infecciosas do novo coronavírus. Uma cepa preocupante do coronavírus foi identificada neste mês em pessoas que estiveram no estado do Amazonas e tem sido associada à alta de casos de covid-19 em Manaus.
Um caso chegou a ser registrado na Alemanha: uma pessoa assintomática procedente do Brasil testou positivo para a covid-19 mediante um exame de PCR. Uma análise de laboratório revelou que se tratava da variante brasileira.
A Alemanha já havia endurecido as regras para a entrada no país nas últimas semanas. Para os cerca de 160 países considerados de menor risco, passou a ser exigido um teste com resultado negativo para coronavírus realizado nas 48 horas posteriores à chegada.
Além disso, os viajantes precisam cumprir uma quarentena obrigatória de dez dias, da qual podem sair antes se apresentarem um teste com resultado negativo para coronavírus realizado cinco dias após a chegada ao país.
Já para os 40 países de alto risco, incluindo o Brasil, era exigido um teste com resultado negativo para coronavírus no momento da entrada.
Nesta quarta-feira, o governo de Portugal anunciou que decidiu suspender os voos entre o país e o Brasil, a partir de 0h de sexta-feira, devido à evolução da pandemia nos dois países e à detecção de novas variantes do coronavírus. A medida deve durar pelo menos duas semanas.
cn/rpr (dpa, ots)
Vírus verbal: frases de Bolsonaro sobre a pandemia
"E daí?", "gripezinha", "não sou coveiro", "país de maricas": desde que o coronavírus chegou ao Brasil, presidente tratou publicamente com desdenho a crise. Enquanto a epidemia avança, suas falas causam ultraje.
Foto: Andre Borges/dpa/picture-alliance
"Superdimensionado"
Em 9 de março, em evento durante visita aos EUA, Bolsonaro disse que o "poder destruidor" do coronavírus estava sendo "superdimensionado". Até então, a epidemia havia matado mais de 3 mil pessoas no mundo. Após o retorno ao Brasil, mais de 20 membros de sua comitiva testaram positivo para covid-19.
Foto: Reuters/T. Brenner
"Europa vai ser mais atingida que nós"
A declaração foi dada em 15 de março. Precisamente, ele afirmou: "A população da Europa é mais velha do que a nossa. Então mais gente vai ser atingida pelo vírus do que nós." Segundo a OMS, grupos de risco, como idosos, têm a mesma chance de contrair a doença que jovens. A diferença está na gravidade dos sintomas. O Brasil é hoje o segundo país mais atingido pela pandemia.
Foto: picture-alliance/ZUMA Wire/GDA/O Globo
"Gripezinha" e "histórico de atleta"
Ao menos duas vezes, Bolsonaro se referiu à covid-19 como "gripezinha". Na primeira, em 24 de março, em pronunciamento em rede nacional, ele afirmou, que, por ter "histórico de atleta", "nada sentiria" se contraísse o novo coronavírus ou teria no máximo uma “gripezinha ou resfriadinho”. Dias depois, disse: "Para 90% da população, é gripezinha ou nada."
Foto: Youtube/TV BrasilGov
"Todos nós vamos morrer um dia"
Após visitar o comércio em Brasília, contrariando recomendações deu seu próprio Ministério da Saúde e da OMS, Bolsonaro disse, em 29 de março, que era necessário enfrentar o vírus "como homem". "O emprego é essencial, essa é a realidade. Vamos enfrentar o vírus com a realidade. É a vida. Todos nós vamos morrer um dia."
Foto: Reuters/A. Machado
"A hidroxicloroquina tá dando certo"
Repetidamente, Bolsonaro defendeu a cloroquina para o tratamento de covid-19. Em 26 de março, quando disse que o medicamento para malária "está dando certo", já não havia qualquer embasamento científico para defender a substância. Em junho, a OMS interrompeu testes com a hidroxicloroquina, após evidências apontarem que o fármaco não reduz a mortalidade em pacientes internados com a doença.
Foto: picture-alliance/NurPhoto/F. Taxeira
"Vírus está indo embora"
Em 10 de abril, o Brasil ultrapassou a marca de mil mortos por coronavírus. No mundo, já eram 100 mil óbitos. Dois dias depois, Bolsonaro afirmou que "parece que está começando a ir embora essa questão do vírus". O Brasil se tornaria, meses depois, um epicentro global da pandemia, com dezenas de milhares de mortos.
Foto: Reuters/A. Machado
"Eu não sou coveiro"
Assim o presidente reagiu, em frente ao Planalto, quando um jornalista formulava uma pergunta sobre os números da covid-19 no Brasil, que já registrava mais de 2 mil mortes e 40 mil casos. “Ô, ô, ô, cara. Quem fala de... eu não sou coveiro, tá?”, afirmou Bolsonaro em 20 de abril.
Foto: picture-alliance/AP Images/A. Borges
"E daí?"
Foi uma das declarações do presidente que mais causaram ultraje. Com mais de 5 mil mortes, o Brasil havia acabado de passar a China em número de óbitos. Era 28 de abril, e o presidente estava sendo novamente indagado sobre os números do vírus. “E daí? Lamento. Quer que eu faça o quê? Eu sou Messias, mas não faço milagre...”
Foto: Getty Images/A. Anholete
"Vou fazer um churrasco"
Em 7 de maio, o Brasil já contava mais de 140 mil infectados e 9 mil mortes. Metrópoles como Rio e São Paulo estavam em quarentena. O presidente, então, anunciou que faria uma festinha. "Estou cometendo um crime. Vou fazer um churrasco no sábado aqui em casa. Vamos bater um papo, quem sabe uma peladinha...". Dias depois, voltou atrás, dizendo que a notícia era "fake".
Foto: Reuters/A. Machado
"Tem medo do quê? Enfrenta!"
Em julho, o presidente anunciou que estava com covid-19. Disse que estava "curado" 19 dias depois. Fora do isolamento, passou a viajar. Ao longo da pandemia, ele já havia visitado o comércio e participado de atos pró-governo. Em Bagé (RS), em 31 de julho, sugeriu que a disseminação do vírus é inevitável. "Infelizmente, acho que quase todos vocês vão pegar um dia. Tem medo do quê? Enfrenta!”
Foto: Reuters/A. Machado
"País de maricas"
Em 10 de novembro, ao celebrar como vitória política a suspensão dos estudos, pelo Instituto Butantan, da vacina do laboratório chinês Sinovac após a morte de um voluntário da vacina, Bolsonaro afirmou que o Brasil deveria "deixar de ser um país de maricas" por causa da pandemia. "Mais uma que Bolsonaro ganha", comentou.
Foto: Andre Borges/NurPhoto/picture alliance
"Chega de frescura, de mimimi"
Em 4 de março de 2021, após o país registrar um novo recorde na contagem diária de mortes diárias por covid-19, Bolsonaro afirmou que era preciso parar de "frescura" e "mimimi" em meio à pandemia, e perguntou até quando as pessoas "vão ficar chorando". Ele ainda chamou de "idiotas" as pessoas que vêm pedindo que o governo seja mais ágil na compra de vacinas.